Quando se trata de videogames, os consoles da quarta geração — também conhecidos como 16 bits — estão entre os mais adorados pelo pessoal das antigas. O problema é que entre os muitos ótimos jogos que se tornaram verdadeiros clássicos, alguns títulos bem interessantes acabaram não chamando muito a atenção do grande público.
Pois foi pensando nessas joias que decidimos criar uma lista com alguns dos melhores títulos desconhecidos (ou ao menos tão populares) que fizeram a alegria de muita gente naquela época e que em alguns casos se tornaram verdadeiros clássicos cult. No entanto, definir o que é um jogo obscuro não é muito simples, por isso não estranhe se encontrar algo que você e seus amigos gostavam, mesmo porque isso podia variar muito de uma região para outra.
Enfim, para esta tarefa a primeira regra adotada foi optar apenas por jogos lançados para os principais consoles 16 bits: Super NES, Mega Drive, Neo Geo e TurboGrafx-16 (ou PC Engine). Depois disso tratei de escolher quatro títulos para cada um dos videogames da SEGA e da Nintendo, além de mais um para cada um dos restantes.
Espero que com isso você seja apresentado a alguns jogos bacanas e se tiver algumas outras boas indicações, será muito bom conhecê-las nos comentários. Vamos lá!
Illusion of Gaia
O Super Nintendo foi uma plataforma espetacular para quem gosta de RPGs, mas com tantos clássico tendo sido lançados para ele, é natural que um ou outro bom jogo do gênero tenha escapada ao radar de muitas pessoas. Entre eles podemos citar esta ótima criação da Quintet.
Apesar de não almejar ser preciso em relação a realidade, o jogo abordava diversas figuras e locais bastante conhecidos do nosso planeta, como Cristóvão Colombo, as pirâmides do Egito, a Muralha da China ou as ruínas Incas. O protagonista será justamente um sobrevivente de uma expedição que buscava a Torre de Babel, com essa pegada histórica sendo um dos pontos altos do título.
Mais voltado para a ação, nele podíamos controlar três personagens, Will, Freedan e Shadow, sendo que cada um contava com habilidades únicas e que eram necessárias para passarmos certas partes. Um detalhe interessante é que além de não contar com um sistema de experiência, Illusion of Gaia também não trazia dinheiro ou equipamentos para serem encontrados, mas nem por isso ele deixa de ser um dos RPGs mais subestimados do 16 bits da Nintendo.
Majyūō (The King of Demons)
Pegue um herói que usa calça jeans, camisa branca e uma bandana vermelha. Lhe dê uma pistola e como motivação, o fato de seu amigo ter vendido à alma para o demônio, que como forma de pagamento raptarou a esposa e a filha do protagonista. Isso poderia ser o enredo de algum filme B dos anos 80/90, mas é a história por trás do jogo Majyūō.
Com uma jogabilidade bastante parecida com o da série Castlevania, a grande sacada aqui era mesmo o fato de podermos usar uma arma de fogo — e que sim, podia disparar um tiro carregado. Embora seja curtinho e a movimentação do personagem seja um pouco estranha, trata-se de um jogo com alto nível de dificuldade e com uma das atmosferas mais pesadas do Super Nintendo, o que explica ele nunca ter sido lançado no ocidente.
The Firemen
A profissão de bombeiro é certamente uma daquelas que mais desperta fascínio nas pessoas e sabendo disso, em 1994 a Human Entertainment lançou aquilo que na época dos 16 bits poderia ser considerado um simulador do tema.
Em The Firemen assumíamos o controle de Pete e Daniel, cuja missão era ir à uma empresa química chamada Microtech para combater um enorme incêndio que iniciou na noite de Natal. Caberá a dupla apagar as chamas que encontrar pelo caminho, assim como resgatar vítimas e combater enormes chefes feitos de… fogo. Destaque para a inteligência artificial do nosso companheiro, que agia de maneira bastante natural e que era um feito e tanto para um jogo com mais de 20 anos.
Terranigma
Outro ótimo RPG desenvolvido pela Quintet, o que impediu este jogo de se tornar mais popular por aqui foi o fato dele não ter sido lançado nos Estados Unidos. Porém, se você teve a oportunidade de colocar as mãos em um cartucho japonês ou europeu do Terranigma, provavelmente ficou encantando pela sua qualidade.
Ele contava a história de Ark, um garoto que após libertar um demônio que congelou todos os moradores da sua vila, precisa percorrer o mundo para acabar com a maldição. O detalhe é que para isso ele passará por diversas eras, de milhões de anos no passado, até os dias atuais.
Battletech
Lançado para o Mega Drive como Battletech, mas depois adaptado para o Super Nintendo com o nome MechWarrior 3050, o jogo era a realização do sonho de qualquer pessoa apaixonada pelas enormes máquinas de guerra bípedes do mundo da ficção científica.
Com uma jogabilidade que lembrava a da série Striker da Electronic Arts, explorar os mapas do jogo enquanto tínhamos que destruir as forças inimigas era algo muito legal, com o título passando uma boa sensação de como seria estar no controle de um mech. Isso no entanto não significava que o jogo fosse fácil, com uma das principais críticas feitas a ele sendo justamente o quão desafiador era completar a sua campanha.
Outlander
Quando moleque eu sempre achei que este jogo fosse muito parecido com o filme MadMax, até que descobri que existia um motivo para isso. Desenvolvido pela Mindscape, ele de fato era para ter sido uma adaptação do Mad Max 2: A Caçada Continua, mas como o estúdio perdeu os direitos sobre o longa, acabou alterando o título para Outlander, ainda que mantivesse quase todas as características do projeto.
Disponível também tanto para Super NES quanto para Mega Drive, este era um dos casos nos 16 bits em que tínhamos diferenças gritantes entre as versões, já que enquanto no console da SEGA a fases de carro era com visão interna, no da Nintendo tínhamos a câmera posicionada do lado de fora do veículo. Para mim, só isso já era o suficiente para preferir o jogo no Mega Drive, com a imersão e a sensação de velocidade oferecida ali sendo muito maior.
Ranger X
A mistura de gêneros é algo que não costuma dar muito certo nos videogames, mas quando o GAU Entertainment lançou o Ranger X, o estúdio conseguiu provar que o estilo run ‘n’ gun poderia funcionar com um Shoot ’em up horizontal. Nele tínhamos acesso a um exoesqueleto e a um veículo de suporte parecido com uma motocicleta, o que por si só já o diferenciava de quase tudo o que tínhamos na época.
Com gráficos muito bonitos, uma jogabilidade complexa, um ritmo intenso e um nível de dificuldade elevado, este é um daqueles jogos que servem para demonstrar o poderio do Mega Drive e um dos poucos que faziam uso do controle de seis botões do console. Se você gosta de títulos únicos, cujo estilo não está presente em outras criações, dê uma chance a este aqui.
Cyborg Justice
Se hoje em dia é comum vermos jogos onde a personalização é constante, na época do 16 bits isso era uma raridade. Imagine poder montar um personagem da maneira que preferir, com as partes do corpo afetando diretamente a maneira como ele se comportaria? Pois com o Cyborg Justice isso era possível.
Funcionando como um Beat ’em up, neste jogo controlávamos um ciborgue que podia aproveitar partes dos inimigos derrotados e embora a oferta de membros não fosse muito grande, era um conceito muito bacana e que gostaria de ter visto sendo aproveitado em outros títulos. Quem sabe algum dia um estúdio indie não aproveita a ideia para nos oferecer um sucessor espiritual para aquele jogo?
Waku Waku 7
O Neo Geo sempre será lembrado como um ótimo videogame para quem gosta de jogos de luta e entre os muitos ótimos títulos do gênero que ele recebeu, um dos mais menosprezados foi o Waku Waku 7. Talvez isso tenha acontecido pela sua abordagem visual menos séria, talvez tenha sido por a série The King of Fighters não ter deixado muito espaço para as demais, mas este é um jogo que merecia mais atenção.
Contando com lutadores grandes e bastante coloridos, o jogo ainda trazia alguns dos mais bonitos cenários já feitos para um jogo do estilo, sendo que os personagens presentes neles também possuíam muitos quadros animação. Outro detalhe que chamava a atenção no jogo era o sistema de zoom, que fazia com que a câmera ficasse mais aberta conforme os adversários se distanciavam.
Já na parte da jogabilidade, esse era um tipo de jogo de luta em que qualquer pessoa poderia se divertir, sendo bastante acessível para novatos, mas exigindo muita dedicação por parte daqueles que quisessem dominar o seu sistema de combos, golpes e especiais.
Neutopia
Por o TurboGrafx-16 ter sido tão raro no Barsil, acho até que quase toda a sua biblioteca de exclusivos poderia ser indicada aqui, mas um dos que considero mais legais é o Neutopia. Podendo ser descrito como a resposta da Hudson Soft à série The Legend of Zelda, aqui também temos uma princesa que foi raptada por um terrível demônio e um herói que deverá desbravar o mundo para tentar colocar ordem na situação.
Porém, ao mesmo tempo em que a similaridade com a sua fonte de inspiração é o motivo para recomendar o Neutopia, ela acaba sendo o seu calcanhar de Aquiles. A falta de personalidade e originalidade é algo nítido neste jogo, mas se você conseguir ignorar isso, encontrará uma aventura divertida e que poderá lhe entreter por um bom tempo.
Esta é uma franquia que considero que poderia voltar modernizada, com gráficos novos e alguns ajustes na jogabilidade. Porém, se você gostar do primeiro, terá que se contentar com uma continuação que também foi criada para o antigo console de 16 bits da NEC.
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