Dentre os melhores videoclipes de todos os tempos temos algo em comum: Todos forçaram os limites da tecnologia existente, criando espetáculos audiovisuais que elevaram a arte, e seria impossível resumir tanta revolução em uma lista minúscula, mas como impossível não está em meu dicionário, ou se está não tenho como saber pois ele está debaixo do monitor, vamos à nossa lista:
Mas antes, um breve histórico.
Existe uma lenda popular de que o Fantástico inventou o videoclipe, mas na verdade eles são quase tão antigos quanto o cinema. No começo dos filmes falados a música foi usada para ilustrar histórias e depois como base de filmes curtos. Séries inteiras foram baseadas nesse conceito, como aquelas em que a bolinha saltitante acompanhava a letra da música na tela.
Com a chegada da televisão e do videotape, apresentações musicais passaram a ser reprisadas, e eventualmente vídeos mais elaborados foram criados, mas a Era de Ouro dos videoclipes foram os anos 80.
O videoclipe deixou de ser valor agregado, passou a ser o carro-chefe da música, as pessoas esperavam ansiosas o lançamento de clipes, que eram dirigidos por profissionais de primeiro escalão, com participações que muitas vezes eram maiores que as próprias bandas. E mais, os melhores videoclipes usavam e abusavam da tecnologia da época, gerando um buzz inimaginável mesmo nos tempos de hoje de redes sociais.
Para muita gente Thriller é um dos melhores videoclipes de todos os tempos. Para mais gente ainda, é o melhor.
Então, vamos aos 5 melhores clipes que revolucionaram a música:
1 – Thriller – Micahel Jackson
Dirigido por John Landis (Irmãos Cara-de-Pau, Um Lobisomem Americano em Londres), Thriller é praticamente um mini-filme, os efeitos visuais são do mestre Rick Baker, e a trilha incidental (sim, Thriller é tão épico que é um videoclipe com trilha sonora é de Elmer Bernstein. Em valores atuais foram US$1,3 milhões de orçamento.
Vincent Price fazendo a narração foi um dos pontos altos, e a estética dos zumbis dançarinos é repetida e parodiada até hoje.
Thriller vendeu mais de um milhão de cópias em VHS. Sim, as pessoas compravam fitas de videoclipes. A MTV passava Thriller mais de 10 vezes ao dia, a Biblioteca do Congresso pela primeira vez arquivou em seu acervo um videoclipe. Nada mau para uma artista que um ano antes era boicotado pela MTV por ser negro, e só teve suas músicas divulgadas pela emissora depois que o Presidente da CBS ameaçou jogar a caca no ventilador e tornar público o racismo.
2 – Take on Me – Aha
Em essência a letra da banda dinamarquesa é bobinha como toda música pop americana, mas a execução é brilhante. A mocinha, lendo um gibi em um café vai parar dentro da história, vilões aparecem, o mocinho se sacrifica para salvá-la e no final reaparece convenientemente no quarto da moça que não o será por muito tempo.
O vídeo é todo feito com ilustrações a lápis, em uma técnica chamada rotoscopia, onde você desenha por cima de uma imagem filmada. Isso dá pra fazer sabres de luz E um casal animado literalmente quebrando a quarta parede. No caso foram 16 semanas de produção e 3000 frames desenhados à mão.
O resultado foi um dos melhores videoclipes da década e ainda rendeu uma bela paródia em Family Guy
3 – Money for Nothing – Dire Straits
Era 1985, e o Dire Straits tinha um problema. Não, não era achar Plutônio, isso se comprava em farmácias. Era a MTV, que não iria veicular o clipe de Money for Nothing se fosse um daqueles chatos clipes de show. E Mark Knopler odiava videoclpes. Felizmente ele foi convencido com a idéia de usar computação gráfica, uma tecnologia que na época ainda engatinhava.
O vídeo foi feito com um Quantel Paintbox, um equipamento high-end de produção de vídeos, que entre outras facilidades funcionava como uma espécie de Photoshop, permitindo efeitos de animação e rotoscopia, usados por exemplo nas partes da guitarra e a faixa na testa do Mark Knoplfer. Em valores de 2019 um Quantel Painbox custaria US$357 mil.
A animação 3D, que hoje em dia até seu estagiário (se tiver uma porta HDMI) é capaz de processar em tempo real foi feita em um Bosch FGS 4000, uma workstation dedicada para CGI, rodando um Motorola 68000 (mesma CPU do Amiga) e custando o equivalente hoje a uns US$250 mil.
4 – Sledgehammer – Peter Gabriel
Esse clipe é tipo a Feira de Caxias, tem tudo que você possa imaginar. Animação com massinha, stop motion, galinhas mortas dançarinas… é uma maratona visual que só de olhar já dá uma idéia do trabalho envolvido. Esse clipe elevou o padrão dos clipes animados, tornando os músicos mais exigentes e os animadores mais ousados. Anos depois ele seria um dos que influenciou a criação do Liquid Television, o segmento de animações da MTV.
5 – Kraftwerk – Musique Non Stop
Usando o auge da tecnologia de 1986, o clipe do Kraftwerk deixou todo mundo de boca aberta diante de um dos primeiros protagonistas virtuais, bem como as animações em ray tracing de parte das cenas, e a fluidez dos movimentos.
A animação foi criada pela pioneira Rebecca Allen, do Laboratório de Computação Gráfica do Instituto de Tecnologia de New York. Foram dois anos digitalizando modelos e preparando as animações, o perfeccionismo de Rebecca encaixou perfeitamente com o da banda, e ninguém apressou ninguém, o que garantiu um ótimo resultado. Ouviu, Black Panther?
E sim, eu sei que você tem um monte de exemplo que eu deixei de postar, ou mais provavelmente esqueci mesmo. Esse é um daqueles casos em que os comentários ficarão melhores que o post, capriche e não se esqueça do link dos vídeos.
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