Professores adotam aplicativos e computadores em sala de aula no Brasil

Uma pilha de cadernos e livros para cada disciplina, pesquisas em enciclopédias e folhas de papéis sendo distribuídas nas salas antes de terminar a aula, com exercícios para fazer em casa. Essa realidade nas escolas tem ficado cada vez mais distante, pois as instituições de ensino estão abrindo espaço para a tecnologia como uma nova metodologia de ensino e aprendizagem para os alunos. Google Drive Education, mochila do século XXI, oferece nuvem ilimitada O uso dos pontos positivos dos recursos tecnológicos na educação é que aguça o interesse dos alunos, amplia o horizonte de pesquisa e compartilhamento de informações e conhecimentos, estimula o trabalho colaborativo e permite que o aluno seja o protagonista do processo de aprendizagem. A tecnologia pode ajudar professores e alunos no processo de aprendizagem (Foto: Reprodução/Futurecom) Disciplinas, como “Informática e Tecnologias” estão sendo inseridas como parte formal da grade escolar. O mestrando em Sistemas de Informação e Gestão do Conhecimento e professor, Renato de Aguiar Corrêa, ministra essa disciplina no ensino fundamental e médio de um colégio particular em Belo Horizonte e explica que os alunos desenvolvem projetos utilizando a informática como ferramenta de aprendizado, o que potencializa o interesse e a criatividade dos estudantes. Além disso, Corrêa diz que os projetos também são integrados a conteúdos das outras disciplinas, potencializando o aprendizado. Muitos professores tem grande aversão na adoção de tecnologias Renato de Aguiar Corrêa, professor As informações não estão mais somente nos livros, a Internet é uma fonte inesgotável de conhecimentos. Existem diversos sites que oferecem conteúdo para educadores e estudantes. O Google Acadêmico é um exemplo. Ele disponibiliza vários livros, artigos, teses, resumos e disciplinas de forma bastante abrangente e gratuita – saiba como utilizar a ferramenta do Google. Hoje, os professores e alunos também estão lançando mão de aplicativos e softwares que potencializam o aprendizado. Um exemplo é o Edmodo, um aplicativo gratuito para iOS e Android que facilita a interação e conexão entre os educadores e alunos, pois permite o envio de mensagens, trabalhos e confere os eventos quando os alunos estão fora da sala de aula. Além disso, professores podem enviar alertas para os alunos e até armazenar as notas. Outro aplicativo muito útil e ideal para estudar história e geografia é o History:Maps of World. Disponível para dispositivos iOS oferece diferentes mapas em alta resolução de diversas partes do mundo e de vários períodos da história. Já o The Elements: A Visual Exploration ajuda na aprendizagem da tabela periódica. Quando o aluno tocar em qualquer elemento, aparecerá uma imagem 3D de diferentes objetos feitos a partir dessa substâncias. E para os vestibulandos, o app Exercitando Matemática possui mais de 300 exercícios para vestibular, Enem e até concursos públicos. O app foi criado por uma escola preparatória no Rio de Janeiro e reúne tarefas das melhores universidades do Brasil: UFRJ, Unicamp, UERJ e PUC. saiba mais Dez dicas para educação digital: para expert, processo deve ser ‘natural’ Sete serviços de Internet e redes sociais proibidos para crianças Oito motivos para não criar um perfil no Facebook para uma criança Google prepara versão ‘segura para crianças’ do YouTube e outros serviços Kuddle: Instagram para crianças usa curtidas anônimas e corta hashtags Estudantes e professores vão poder baixar grátis o Office 365; saiba como Para os professores, o aplicativo iStudiez Pro permite organizar cronogramas de aulas, controlar os trabalhos a serem entregues e fazer listas de tarefas diárias. Opinião de quem usa em sala de aula A professora Maidi Terezinha Dalri, que atua na formação de docentes, especificamente na questão de metodologia e tecnologias educacionais, explica que as redes sociais também oferecem diversos recursos para adicionar aos conhecimentos adquiridos na escola, desde criação de grupos fechados no Facebook e as comunidades do Google+ onde é possível compartilhar de artigos, trabalhos, vídeos e outros arquivos. As comunidades do G+ permitem também conferências entre professores e alunos via Hangouts . Além disso, Dalri diz que um vídeo feito pelo professor pode ser disponibilizado no YouTube e propagar conhecimentos aos quatro cantos do mundo. E para que a tecnologia seja aplicada de forma efetiva na metodologia de ensino, os professores precisam estar capacitados. De acordo com o professor Corrêa, que também dá treinamento à professores, os educadores de hoje se formaram em escolas tradicionais e há um choque de realidade quando entram em uma sala de aula para lecionar para alunos tão acostumados com a tecnologia. “Muitos professores tem grande aversão na adoção de tecnologias educacionais e isso faz com que os mesmos continuem adotando práticas antigas de ensino”, diz Corrêa, que procura disponibilizar o máximo de ferramentas possíveis que integrem o trabalho do professor tanto de forma pedagógica quanto administrativa. “O diário de classe, por exemplo, já não é mais de papel, o compartilhamento de informações em nuvem com a secretaria escolar e família já é uma realidade”, explica. Segundo o Assessor Pedagógico do Núcleo Regional de Educação de Jacarezinho (PR), Luiz Ricardo Soares Ferreira, incluir a tecnologia na educação é essencial e um caminho sem volta, mas é preciso que os profissionais da educação e as escolas se atualizem para que possa dar certo.  Para ele, todos os cursos de licenciaturas devem ter disciplinas que trabalhem com tecnologia para que os futuros educadores aprendam a planejar e propor atividades com os mais variados recursos. Vale a pena comprar um e-reader para livros digitais? Comente no Fórum do TechTudo. Celular proibido em sala Ferreira também ressalta a importância de que os laboratórios das faculdades sejam similares aos das escolas, tendo sistema operacional e hardware semelhante. Além disso, o assessor acredita que é necessário tratar melhor o tema da educação digital desde as séries iniciais do ensino fundamental.  “Todas as escolas tem projetos para trabalhar a diversidade cultural, preconceito racional, sexualidade, direitos humanos, entre tantas outras coisas, mas não há projetos que visem formar cidadãos conscientes para o uso dos equipamentos de informática e da Internet. Por exemplo, as escolas preferem proibir o uso do celular do que discutir o seu uso de forma consciente”, disse. Google Teacher Academy Com o objetivo de popularizar a tecnologia na educação, o Google , em conjunto com a Foreducation (empresa focada no uso da tecnologia em ambientes educacionais), irá realizar um curso voltado para os educadores, o Google Teacher Academy, com o objetivo de capacitá-los para extrair o máximo possível de ferramentas do Google, como o Earth e os Apps for Education. O treinamento intensivo é o primeiro no Brasil e acontece entre os dias 9 e 10 de outubro, escritório do Google em São Paulo. Muitas cidades menores não possuem sequer sinal de telefone  Maidi Terezinha Dalri, professora Entretanto, inserir a tecnologia de forma eficiente nas salas de aula no Brasil ainda é uma tarefa difícil, pois segundo Maidi diversos fatores dificultam usufruir de todos os recursos educacionais existentes hoje, como a Internet de baixa qualidade. “Muitas cidades menores não possuem sequer sinal de telefone. Outro é a obsolescência de equipamentos e ainda escolas que recebem computadores e ficam sem utilizá-los por falta de professores qualificados”, explica Maidi. Sabemos que o caminho pode ser longo, mas não há como não segui-lo. Todas as classes sociais do país estão conquistando o poder de compra de eletrônicos e usar a tecnologia a favor do conhecimento é uma consequência inevitável.

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