Uma coisa que nem todos imaginam encontrar nas imediações da congelante Antártida é um lago composto por uma enorme quantidade de lava incandescente e fumegante. Entretanto, pesquisadores do Reino Unido identificaram uma dessas raridades recentemente em uma ilha situada na região subantártica, que compreende a área que fica imediatamente ao norte do continente gelado.
Extraordinariamente incomum
Apesar de estarmos acostumados a ver vulcões contendo “piscinas” de lava borbulhante em filmes, animações e games, essas estruturas são extremamente difíceis de encontrar na vida real. Tanto que, de cerca de 1,5 mil vulcões terrestres potencialmente ativos que existem no mundo, apenas 7 contêm lagos permanentes de lava.
A estrutura descoberta pelos pesquisadores é a oitava identificada e se encontra nas entranhas do Monte Michael, um estratovulcão ativo, daqueles que têm o tradicional formato de cone, situado na Ilha Saunders, que faz parte das Ilhas Sandwich do Sul, no extremo sul da região subantártica.
Monte Michael. (Fonte: Science Alert/Pete Bucktrout)
Na verdade, o monitoramento da atividade desse vulcão vem sendo realizado há quase 2 séculos. Nos anos 1990, cientistas chegaram a identificar anomalias térmicas por meio de imagens de satélite, indicando a possível presença de um fluxo de magma persistente na cratera do Monte Michael. Além disso, equipes de pesquisadores organizaram expedições à ilha em diversas ocasiões, mas ninguém se arriscou a escalar o vulcão até o topo para ver o que ele abrigava, onde existe um acúmulo de neve de consistência bastante fina, o que praticamente torna a empreitada uma missão suicida.
Assim, por conta de a resolução das imagens disponíveis ser bastante ruim, o vulcão se encontrar em uma região bastante remota e as condições para exploração serem superperigosas, o lago de lava passou esse tempo todo “esperando” para ser descoberto.
Lago enorme
Pesquisadores do British Antarctic Survey e da University College London obtiveram novas imagens de satélite em alta resolução e dados coletados pelos equipamentos Landsat, Sentinel–2 e ASTER entre 2003 e 2018, assim como informações dos últimos 30 anos que já existiam sobre o Monte Michael, e finalmente confirmaram a existência do lago.
(Fonte: Science Alert/Reprodução)
Os cientistas também estabeleceram que a estrutura mede entre 90 e 215 metros de diâmetro e que a lava atinge temperaturas máximas de quase 1,3 mil graus Celsius. E não foi só isso: além de o estudo oferecer ao time a oportunidade de compreender melhor a atividade vulcânica no Monte Michael e os potenciais perigos que ela oferece, os pesquisadores acabaram desenvolvendo novas técnicas de análise para fazer, do espaço, o monitoramento dos vulcões.
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