Três anos atrás surgiu a notícia que nenhum fã de quadrinho esperava: The Boys poderia virar série. Um ano depois a Amazon encomendou uma temporada inteira, para surpresa e medo de todos os envolvidos. Agora, depois de longa produção, estréia a primeira temporada na Amazon Prime Video, e meninos, eu vi The Boys.
O Enredo:
Imagine um Universo onde super-heróis existem de verdade, e são controlados por uma corporação, que cuida de merchandising, filmes, séries de TV, microgerenciando cada super-equipe, de olho em quem é popular, quem está nos trending topics, qual a demografia de cada um…
Agora imagine um mundo onde pessoas com super-poderes são muito mais fortes, rápidas e bem, poderosas que gente comum, e ainda são protegidos por uma corporação gigantesca. Se poder corrompe imagine o super-poder, ele super-corrompe.
Como resultado a maioria dos Supers são cínicos, moralmente depravados, desprezam as pessoas comuns e só se preocupam com sua imagem.
Nesse mundo pessoas são danos colaterais, e a história começa quando A-Train, um velocista polpifica Robin, a namorada de Hughie, um loser zé-ninguém que trabalha numa loja de eletrônicos. Isso dá início a um processo de vingança, quando ele conhece Butcher (Karl Urban, excelente) um sujeito misterioso que O DE IA supers.
Sem-querer Hughie conhece Annie, identidade secreta de Starlight, a tchutchuquinha inocente e delicada da Erin Moriarty, moça pura, cristã e repleta dos mais elevados ideais, novata que quando fica a sós com The Deep, um Aquaman Babaca, descobre que para entrar nos The Boys (eu sei) ela terá que ficar de joelhos, mas não para rezar.
Durante os oito episódios da primeira temporada vamos conhecendo os personagens do grupo de Butcher e os Sete, nome dado aos principais heróis da Corporação Vought, todos paródias óbvias de personagens conhecidos, encabeçados pelo Homelander, uma espécie de Super-Homem, com discurso mais idealista ainda, mas que no fundo nutre profundo desprezo por… qualquer um que não seja o Homelander.
The Boys é uma série de gente ruim se livrando de gente mais ruim ainda, ninguém se salva na história. É bom ver Hughie saindo de sua zona de conforto, mesmo sendo um covarde reclamão, ele acaba tendo que sujar as mãos.
Tudo Mudou, Só Que Não
Embora seja o mesmo Universo dos quadrinhos, com os mesmos personagens e a mesma trama, fizeram algo bem raro: A história é… diferente. Ela começa antes, mostrando a formação dos Boys, e há muito do lado dos Supers que não é mostrado no quadrinho, e a revelação do último episódio pegou todo mundo de surpresa.
Não é nenhuma mudança estilo Watchmen, o que aparenta é que os roteiristas não queriam contar a mesma história dos gibis, então mantiveram o tema central mas mudaram o resto. É como uma estrada nova pra chegar no mesmo lugar, você reconhece parte do caminho, sabe que no final seu destino estará lá, então relaxa e aproveita a nova paisagem.
Garth Ennis Medicado
The Boys nos quadrinhos é uma série repleta de sexo e violência, na TV é claro que eles amenizariam a coisa, mas acabou ficando melhor do que esperado. É uma série adulta, há uma sequência de supers depravados no primeiro episódio, uma ou outra mais adiante, mas a série está longe da safardanagem dos quadrinhos, e a violência existe para pontuar as cenas, não para chocar. Não mostraram por exemplo Jamie, um hamster que era mantido no ânus do super-herói Blarney Cock.
Starlight ganhou mais agência na história, e ela só foi seviciada pelo The Deep, e não por Homelander, A-Train e Black Noir, yay!
Aonde The Boys Errou
A série sabe-se lá o motivo comete um esforço em humanizar justamente o Deep, o sujeito que abusou da Starlight (maldito!) mostrando-o legitimamente preocupado com causas ambientais, e sendo ridicularizado porque fala com os peixes. Em determinado momento ele é vítima de abuso (em uma sequência que poderia fazer parte do live action da Pequena Sereia) e o espectador quase fica com pena dele.
Também ficou estranho nenhum (fora a Fêmea) dos Boys ter superpoderes. Isso tornou muito desigual as situações em que os supers enfrentam os Boys.
Ah, não tem o Terror. Isso é propaganda enganosa, o Buldogue mais legal da história dos quadrinhos aparece no material promocional mas na série ele só é mostrado uma vez, em um flashback. Como assim?
Aonde The Boys Acertou
The Boys não é a série que a gente queria, é a série que a gente precisava, é uma visão cínica e adulta do fenômeno dos super-heróis, e sendo realista, provavelmente é o que aconteceria se gente super-poderosa existia. Tony Stark uma vez falou para Steve Rogers que tudo de especial nele veio de um tubo de ensaio. Mentira, tudo de realmente especial no Capitão América veio de seu coração, seu senso moral, sua nobreza de espírito. Tire isso tudo, deixe somente a super-força e você tem os heróis em The Boys.
Aonde Assistir:
Trailer:
Cotação:
4/5 Jamie, o Hamster
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