A USS Defiant é uma das mais memoráveis naves da franquia Star Trek, e agora está completando 25 anos. Boa parte desse sucesso se deve a subverterem muito do que faz Jornada nas Estrelas ser Jornada nas Estrelas.
Deep Space Nine é a série mais dark (dark, não chata, estou olhando pra você, 1a temporada de Discovery) da franquia. Toda aquela utopia de um futuro maravilhoso era ótima mas na prática não funcionava quando a Federação tinha que negociar com o Mundo Real, e no final da Segunda Temporada Sisko e Companhia tomaram uma piada federal nas mãos dos Jem´Hadar.
Percebendo que estavam comicamente inadequados para enfrentar uma ameaça daquele porte, os engenheiros da Frota correram para entregar em toque de caixa uma nave voltada para algo que fingiam não acreditar: A Guerra.
Sisko: “Oficialmente a USS Defiant é uma nave de escolta. Extra-oficialmente, é uma nave de combate. Nada mais, nada menos.”
Kira: “Eu pensei que a Frota Estelar não acreditasse em naves de combate”
Sisko: “Tempos desesperados exigem medidas desesperadas, Major”
A USS Defiant foi projetada originalmente para enfrentar os Borg, não tem acomodações luxuosas, não leva civis, e é construída com foco em seus sistemas de armamentos. Isso soa até ofensivo aos ideais de Star Trek, mas se formos honestos, todas as naves sempre foram fortemente armadas.
Não consta que o Calipso, de Jacques Cousteau tivesse lançadores de torpedos e canhões, mas mesmo a Enterprise original de James Kirk era um cruzador pesado. A NCC-1701-D de Jean Luc Picard podia parecer um siri cozido mas tinha considerável poder de fogo, e mesmo a Voyager tinha dentes.
A Federação construiu um arsenal considerável com a justificativa de se defender, mas a Defiant pela primeira vez era uma nave sem nenhum outro objetivo além do combate.
Para a série ela serviu para mudar os ares, não dava para manter todos os episódios na Estação, usar os minúsculos Exploradores eliminava as possibilidades de histórias envolvendo combate, e usar naves emprestadas ficaria humilhante. Benjamin Sisko era um Comandante sem uma nave, se fosse hoje apontariam até racismo nisso.
Armada com phasers comuns e canhões de pulso, torpedos fotônicos E torpedos quânticos, a Defiant tem o mesmo poder de fogo de uma nave estelar classe Galaxy como a Enterprise D. Seus sistemas de defesa incluem escudos, blindagem ablativa e, graças a um acordo muito bem-negociado, um dispositivo de camuflagem romulano, que em teoria só poderia ser usado no Quadrante Gama.
A USS Defiant apareceu pela primeira vez em 26 de Setembro de 1994 no episódio The Search, Parte 1, abertura da terceira temporada de Deep Space Nine, e foi destruída em The Changing Face of Evil, Episódio 20 da 7ª temporada, em 28 de Abril de 1999.
Um mês depois, uma surpresa: Durante as preparações para a invasão de Cardássia Prime na Guerra do Dominion, o contingente da Deep Space Nine recebe uma nova nave Classe Defiant, a USS São Paulo, NCC-75633.
A cena nos ensinou várias coisas. Primeiro e a mais inacreditável é que o Brasil ainda existe no Século XXIV, a segunda é que no Século XXIV ninguém mais usa tabela UNICODE nos computadores, ou para alegria do Izzynobre, todos os acentos da língua portuguesa caíram de vez.
Infelizmente como sempre alegria de brasileiro dura pouco e na cena seguinte a USS São Paulo é rebatizada de Defiant, mudando até o número de registro para o da nave antiga, afinal temos que aproveitar as cenas já renderizadas, CGI custa caro, ainda mais em 1999.
A USS Defiant teve seu momento de glória no cinema em 1996, no excelente Star Trek: Primeiro Contato, quando ajuda a Frota a enfrentar o cubo Borg que ameaça a Terra. Depois de perder escudos e armas, com um monte de sistemas inoperantes, Worf, comandando a Defiant ordena “Velocidade de Abalroamento”, mas é salva no último momento pela Enterprise E em uma chegada triunfal:
O melhor mesmo é depois, quando a tripulação da Defiant é teleportada para a Enterprise, Worf vai da enfermaria para a ponte e o diálogo se segue:
Riker: “Navezinha valente!”
Worf: “Pequena?!?!?”
Worf está certo. A Defiant nunca foi pequena, ela se destacou em uma série onde quase toda semana havia uma nave nova, em uma franquia onde fora as naves titulares todas as outras eram descartáveis ou comandadas por incompetentes.
Vida longa à Navezinha!
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