Sim, o Xbox Series S é melhor que o One X

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É bom termos os números brutos, mas eles soltos sem contexto não nos trazem informação suficiente. Se você tem R$ 2.300 dando sopa e quer comprar um novo Xbox, o tio Laguna pede muita cautela mas já adianta: melhor investir em um Xbox Series S. E por favor não confunda com o Xbox One S, um excelente console lá do passado.

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Anteriormente conhecido como Lockhart, o XSS é uma bela aposta da Microsoft na 9ª geração (crédito: Xbox Wire)

Graças à pandemia da terrível COVID-19, estamos vivendo um momento atípico, onde devemos nos isolar em casa o máximo período que pudermos. Os videogames são uma forma de superarmos esse período e é por isso que as vendas este ano estão batendo recordes, no bom e no mau sentido. No bom, pois quem tinha estoque está deslanchando como nunca; no mau pois os novos consoles não param por muito tempo nas lojas online.

Como os novos consoles estão saindo-se muito bem, os lojistas brasileiros conseguem até empurrar console antigo a preço de novo. Não raro o tio Laguna procura por Xbox e encontra os “velhos” Xbox One S e Xbox One X a preços até maiores que os 2.300 reais atuais do Xbox Series S. Não ajuda também a Microsoft colocar nomes tão parecidos e isso confundiu o povo até lá na civilização, quem dirá aqui na barbárie.

Enfim, a questão de comprar console antigo topo de linha ou comprar console básico me lembra muito aquele dilema: comprar GPU mid/low-end nova ou comprar uma topo de linha usada?

A resposta do dilema é facilmente resolvida com desempenho bruto mínimo e quantidade de VRAM envolvida para o jogo alvo. Qualquer coisa abaixo dos 2 teraflop/s e 6 GB não será suficiente para os jogos atuais de 8ª/9ª gerações alcançarem os agradáveis 60 fps em 1080p. Quanto aos consoles Xbox citados, a decisão é um pouco mais sutil nos termos técnicos.

Series S vs One X — qual o melhor?

Abaixo uma comparação entre os números técnicos dos sistemas.

COMPARATIVO ENTRE ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS (8ª × 9ª GERAÇÃO)
Console → Xbox One X Xbox Series S
CPU 8 núcleos AMD Jaguar (“customizados”?)
a 2,3 GHz
8 núcleos AMD Zen 2 a 3,6 GHz
(3,4 GHz com SMT)
GPU Radeon 40 unidades GCN 4/5 (“customizadas”?)
a 1.172 MHz
20 unidades RDNA 2
a 1.565 MHz
Desempenho gráfico bruto 6 Tflop/s 4 Tflop/s
Memória 12 GB GDDR5
6,8 GT/s (3,4 GHz)
10 GB GDDR6
14 GT/s (1,75 GHz)
Largura de banda da memória 326 GB/s 224 GB/s (VRAM)
56 GB/s (sistema)
Interface da memória 384 bits 128 bits
Armazenamento 1 TB HDD
(150 MB/s no pico)
512 GB SSD
(2,4 GB/s)
Drive óptico Ultra HD Blu-ray apenas digital
Preço no lançamento US$ 499
(novembro de 2017)
US$ 299

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Um leigo olhando apenas por cima vai dizer que tudo relacionado a GPU do Series S é inferior ao One X. E realmente alguns dos números são inferiores pois o One X foi projetado para rodar jogos do Xbox One em 4K e era um console premium em 2017.

Reforço que o Xbox Series S é uma opção de baixo custo que roda os mesmos jogos do topo de linha Series X em resoluções nativas mais modestas, por volta do 1080/1440p, que atenderiam a maior parte do público atual pois promete manter o mesmo framerate do grandão.

Peguemos o principal número, o desempenho bruto do processador gráfico. Os 4 teraflop/s de uma GPU Radeon com microarquitetura RDNA 2 seriam equivalentes a 5 quase 6 Tflop/s GCN 4 em algumas situações. Vamos relembrar que o One S era GCN 2.0 e o One X ficava num limbo entre o GCN 4 e o 5: como o XSS e XSX são RDNA2, os novos consoles estão de 3 a 4 gerações de GPU à frente, na microarquitetura.

Supondo que o RDNA 2 seja de facto 50% mais eficiente que o GCN 5, convertendo teríamos os 4 Tflop/s RDNA 2 ≅ 6 teraflop/s GCN 5 no pior cenário possível.

4 Tflop/s RDNA 2 ≅ 6 teraflop/s GCN 5

O próprio Mark Cerny já disse que a unidade computacional da arquitetura RDNA 2 seria 62% maior que a da GCN 2 presente no PS4. Qualquer que seja a comparação, a GPU do Series S é mais potente que o PS4 Pro e equivaleria à GPU de um Xbox One X nesse quesito: em tese o nosso pequeno XSS conseguiria rodar os jogos do velho One no famoso “4K” do PS4 Pro.

Falando em 4K de mentirinha, mesmo com uma GPU aparentemente mais modesta que a do One X, o Series S pode fazer upscaling em 4K enquanto o Series X pode fazer upscale em 6K. Aliás, o suporte ao 8K no PS5 é o mesmo que propagandear 1440p no XSS: raros jogos first-party vão usar tal resolução nativa sacrificando geometria e/ou raytracing, no máximo farão upscale para 8K.

Voltando ao assunto, o Series S não rodaria os jogos do Xbox One em 4K. Para rodar tais jogos em 4K o Series S teria que possuir ao menos uma taxa de transferência da memória de vídeo (VRAM) equivalente ou mais rápida que no velho One X (326 GB/s).

No máximo o XSS poderia rodar os jogos do One a 1440p com os devidos patches. Isso embora a potência bruta da GPU de ambos os consoles seja próxima em alguns cenários. Em 1080p, o critério de desempate entre os consoles Xbox citados é outro: o processador central.

Zen 2 e a nova geração

O principal detalhe que definiu a mudança de geração e que fará com que futuros jogos se tornem exclusivos, além da mudança para o SSD, foi a CPU. É aquela questão: não adianta colocar uma placa de vídeo topo de linha no seu PC desktop e achar que o quadcore de 5 anos atrás dará conta do recado com os games atuais.

Presentes no Xbox One (X) e PlayStation 4 (Pro), os núcleos Jaguar já estão há muito ultrapassados, tanto que o portátil Nintendo Switch alcança 40% do desempenho da CPU do PS4, por exemplo. O agora-não-tão-novo processador central da AMD, Zen 2, será a base de desempenho central da nona geração. Mesmo com 200 MHz a menos que seu irmão Xbox Series X, o Zen 2 presente no Series S vai aguentar o tranco.

Se você é streamer e sobe vídeo em 1080p, não vai sentir a diferença entre o XSS e o XSX, exceto no quesito ray tracing, que algumas desenvolvedoras podem preferir deixar como exclusividade do Xbox Series X no futuro. Só que 90% dos espectadores não notarão a diferença.

Particularmente achei o polêmico Cyberpunk 2077 muito bonito no pequeno XSS. E é por causa da CPU mais fraca que o jogo fica tão bugado nos consoles mais antigos. Provavelmente seria o mesmo que adaptar The Witcher 3 para o Switch: a CDPR não teve o mesmo tempo e/ou esmero que a Saber Interactive.

Passado o hype do lançamento, os US$ 299 / R$ 2.299 farão do Series S um console bem popular. E com toda a razão.

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