O Jogador que melhorou o GTA Online e ganhou US$ 10 mil

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Com mais de 140 milhões de cópias vendidas e sendo apontado por alguns como o produto de entretenimento mais lucrativo de todos os tempos, não é exagero afirmar que comercialmente nenhum jogo fez tanto sucesso na última década quanto o Grand Theft Auto V. Mas se a sua campanha principal teve uma grande contribuição para atrair jogadores, o que acabou conquistando muita gente foi mesmo a porção online do último GTA lançado pela Rockstar.

GTA Online

Crédito: Divulgação/Rockstar

Por se tratar de um modo tão popular entre a comunidade que se formou em torno do jogo, era de se esperar que a desenvolvedora dedicasse muita atenção ao GTA Online e embora isso aconteça na forma de atualizações constantes e o lançamento de muito conteúdo, o mesmo não pode ser dito daquilo que está acontecendo nos “bastidores” do game.

Além de inúmeras reclamações em relação aos trapaceiros que habitam os servidores do jogo e a uma inacreditável permissividade por parte da desenvolvedora, recentemente foi descoberto que outro irritante problema que vinha atormentando os jogadores poderia ser solucionado de maneira relativamente simples: o tempo de carregamento para conseguirmos entrar numa partida multiplayer do GTA V.

Após voltar ao GTA Online para fazer algumas missões que haviam sido adicionadas recentemente e perder a paciência por ficar mais de seis minutos parado na tela de loading, um sujeito conhecido como t0st decido investigar o que estava acontecendo e entender como um jogo lançado há sete anos ainda não tinha esta parte melhorada.

Para piorar, mesmo não usando um computador de ponta, na sua máquina o modo singleplayer carregava seis vezes mais rápido e ao realizar uma pesquisa na internet, t0st descobriu que aquele era um problema que atingia a maior parte dos jogadores. Chegava a hora de colocar a mão na massa, o que o levou à confirmação de que a culpa estava na má otimização do código.

Crédito: Divulgação/Rockstar

Ele descobriu, por exemplo, que um arquivo JSON de 10 MB possuía 63 mil entradas de itens, fazendo com que cada vez que um deles fosse encontrado durante a leitura, a checagem tivesse que recomeçar. Com isso, a estimativa feita pelo curioso jogador é de que no total este arquivo realizava quase dois bilhões de checagens, fazendo com que por melhor que fosse o computador, o tempo de carregamento ainda seria bem alto. Além disso, algo que não colaborava era o fato de que o GTA Online utilizava apenas um núcleo do processador, criando um belo gargalo.

Então, usando todo o seu conhecimento, t0st conseguiu fazer algumas alterações no código e assim diminuir o tempo de carregamento para “apenas” um minuto e 50 segundos, uma redução de quase 70% em relação a o que acontecia antes.

Diante de tamanho resultado, ele decidiu liberar as modificações no GitHub, além de contar todo o processo por aqui. Afirmando que aquele problema era algo que não tomaria mais do que um dia de um desenvolvedor para ser resolvido, o sujeito ainda deixou algumas dicas para o pessoal da Rockstar, caso eles tivessem interesse em lançar uma correção para o jogo e de maneira um tanto surpreendente, foi justamente isso o que aconteceu.

Através de uma atualização lançada oficialmente ontem (16/3), a equipe responsável pelo GTA Online afirmou que o tempo de carregamento na versão para PC foi melhorado e junto eles ainda publicaram um agradecimento a t0st pela contribuição. Problema resolvido, jogadores de PC felizes pela descoberta e assunto encerrado, certo? Não exatamente.

De acordo com o modder, graças a sua colaboração para tornar o multiplyer do Grand Theft Auto melhor, a Rockstar acabou lhe presenteando com US$ 10 mil, valor que normalmente é dado apenas àqueles que encontram falhas de segurança ou de privacidade nos jogos da empresa. Para uma desenvolvedora que fatura milhões de dólares por ano apenas com o GTA Online, este é um valor irrisório, mas acredito que t0st deve ter ficado muito feliz com a premiação.

Enquanto isso, do outro lado do muro…

Quanto a decisão da empresa de adotar a melhoria feita por um jogador, ela pode parecer um tanto óbvia, mas temos exemplos de situações parecidas que continuam sendo ignoradas pelas desenvolvedoras. Um exemplo é um mod criado para o Dragon Age: Origins que corrige quase 800 bugs e recentemente tivemos o caso da versão do The Elder Scrolls V: Skyrim para PlayStation 4, que ganhou uma modificação que lhe permite rodar a 60FPS no PlayStation 5, provando assim que tal melhoria seria possível.

Num mundo ideal, aquela criação feita por um fã seria suficiente para motivar a Bethesda a lançar uma atualização que tornasse oficial a maior taxa de frames, mas apesar disso ter acontecido na versão do jogo para Xbox Series X|S (junto com outros quatro títulos da empresa), quem possui o novo console da Sony continua esperando uma posição por parte da editora.

Talvez o problema aqui esteja relacionado ao fato de que agora a Bethesda pertence à Microsoft, logo seria natural eles preferirem se dedicar à plataforma da Gigante de Redmond, mas pensando puramente pelo lado do consumidor, é uma pena ver que muitas vezes dependemos mais daqueles que admiram os mesmos jogos que nós, do que das companhias a quem demos o nosso tão suado dinheirinho.

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