Em 2014 o diretor James Gunn fez o que parecia impossível ao pegar alguns dos personagens mais obscuros da Marvel e lançar um dos melhores filmes do MCU com Guardiões da Galáxia! Com isso, o Senhor das Estrelas, Gamora, Groot e companhia passaram a habitar o imaginário popular da massa e a usufruir do status de grandes heróis.
Assim, quando a Square Enix anunciou o game Marvel’s Guardians of the Galaxy durante a E3 2021, ela não estava mais lidando com um bando de coadjuvantes de luxo, mas sim com uma das principais marcas da cultura pop moderna. Isso fez o projeto da desenvolvedora Eidos Montreal ficar cercado de expectativas, especialmente depois da recepção aquém da esperada do jogo dos Avengers.
A convite da produtora, eu tive a oportunidade de jogar pouco mais de uma hora do game em um de seus capítulos completos através da nuvem via Parsec, então já dá para avaliar melhor quais são as chances desse jogo se destacar, e quem exatamente é o público alvo dessa empreitada. Confira as minhas impressões a seguir!
Mistura de cinema e quadrinhos
Uma das melhores surpresas do teste — e que ficou evidente bem rápido ao longo dos primeiros minutos à bordo da nave Milano —, é a forma como o jogo, apesar de beber bastante da fonte do cinema, é tão ou mais inspirada nos quadrinhos da Marvel! A narrativa faz muitas referências à fase de Dan Abnett, algo que os roteiristas já tinham nos confirmado em entrevista exclusiva.
O primeiro segmento de gameplay a que tive acesso era no pequeno hub da Milano, onde o Senhor das Estrelas, o único personagem controlável ao longo de toda a campanha, podia explorar livremente os vários cômodos e alojamentos da nave. Sempre com a câmera em terceira pessoa, você pode interagir com vários objetos, o que costuma ativar sequências de diálogo.
Apesar de o visual dos heróis puxar bastante do cinema, suas histórias e interações remetem mais aos quadrinhosFonte: Square Enix
Ao pegar um item pertinente a outro Guardião, ele entra na sala e começa a papear com o Peter Quill, o que é uma oportunidade de ouro para conhecer um pouco mais sobre o seu lore e personalidade. No geral, o texto é muito bem escrito, embora rolem alguns silêncios constrangedores entre uma fala e outra às vezes, não parecendo uma troca natural de diálogos.
Se você gastar um tempinho conhecendo melhor a sua tripulação, logo vai notar que o seu passado é muito mais inspirado nos personagens dos quadrinhos do que nos eventos do cinema, então é uma boa ideia fazer o seu dever de casa ou abrir bem a mente caso não esteja familiarizado com as HQs. Fica a dica amiga: se possível, leia os gibis, porque eles são muito bons mesmo!
Durante a ação, você pode dar ordens aos demais Guardiões, que funcionam mais ou menos como golpes especiaisFonte: Square Enix
Para poder seguir com a narrativa, quando você cansar de explorar a Milano, basta interagir com o assento de piloto para embarcar com os seus amigos até a próxima missão, em uma estrutura bastante linear. Ao que tudo indica, é só no meio das missões que teremos acesso à ação, então os desenvolvedores foram bem honestos ao afirmar que essa era uma experiência majoritariamente focada na narrativa.
Intercalando ação e história
No capítulo a que tive acesso, os Guardiões exploravam o quartel general da Tropa Nova, um local muito suspeito já que ele atipicamente está às moscas, sem sinal de viva alma por lá. Enquanto você anda e tenta descobrir o que está acontecendo, os Guardiões conversam bastante entre si, tanto trocando piadas como discutindo mais a sério as suas teorias sobre o que está acontecendo na base.
Se a trama segurar bem as pontas até o fim, Guardians of the Galaxy pode ser um jogo muito recomendado para os fãs dos personagensFonte: Square Enix
Há até alguns puzzles ambientais simples para lidar aqui e ali, como interagir com fiações espalhadas pelo cenário a fim de abrir portas, ou mandar ordens para o Rocket passar por uma tubulação e liberar caminho. Após explorar um bocado, você logo encontra os seus primeiros inimigos e nota que o combate é funcional o suficiente a ponto de não decepcionar ninguém, mas sem empolgar demais também.
Embora haja muitos inimigos e possibilidades de combinar movimentos, você não é motivado a construir combos mirabolantes como em Devil May Cry. A graça é puramente superar o desafio abusando dos tiros de longa distância do Senhor das Estrelas, trocando um ou outro murro de perto ocasionalmente, além de acionar os poderes dos outros Guardiões, que funcionam na base de cooldowns.
Conforme a equipe progride, dá para acessar uma árvore de habilidades e liberar novos golpes especiais para os seus aliados, o que é bem simples e acessível de fazer, evitando muita burocracia desnecessária nos menus. No fim das contas, a simplicidade dá o tom a todos os sistemas e batalhas, colocando a ação apenas como um meio para o fim de conseguir prosseguir com a história e saber mais sobre esses heróis tão legais e suas desventuras.
Pode não ser o lançamento mais brilhante de 2021 mas, para quem gosta de jogos de aventura na linha de Uncharted, onde os diálogos e dinâmicas entre os personagens são o principal atrativo, parece uma boa pedida! E para quem se decepcionou com Avengers e busca uma jornada mais azeitadinha, despretensiosa e polida, também acaba sendo uma boa forma de se divertir com o universo Marvel em casa.
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