Como já comentei aqui no TecMundo, em 2015 tive a oportunidade de ver nascer e participar desse movimento que hoje vive seu momento de consolidação. As startups vieram para ficar, especialmente as fintechs: o setor financeiro brasileiro está cada vez mais competitivo e com uma infraestrutura capaz de dar conta do recado. Não estamos devendo nada para o mercado internacional.
O momento é de maturidade: temos ao menos 20 unicórnios brasileiros — e a expectativa do mercado é que chegaremos a 1 centena nos próximos 5 anos
A principal delas é o Nubank, avaliada em US$ 30 bilhões por fontes especializadas. Ainda que essa cifra não seja oficial, as rodadas de investimentos e as aquisições de outros modelos de negócios (foram 6 desde 2020, sendo a mais recente a startup de inteligência artificial Olivia) entregam o tamanho dessa gigante, que é… uma fintech, veja só!
Quem não tem infraestrutura própria caça com a de uma fintech
Um dos maiores desafios é criar uma estrutura do zero, e com tantas fintechs na praça chega a ser um desperdício de tempo, energia e recursos erguer, tijolo a tijolo, as fundações de uma nova solução. Sempre citado como case de sucesso, o Magazine Luiza concluiu neste ano a compra da Hub Fintech, uma plataforma de Banking as a Service (BaaS), mostrando que é cada vez mais comum empresas adquirirem serviços white label — sejam BaaS, sejam Fintech as a Service (FaaS).
Outra aquisição concluída nos últimos meses foi a do Acesso Bank (também BaaS) pelo Méliuz por R$ 324 milhões. Poderia citar inúmeros exemplos, mas este artigo ficaria muito extenso. Existem vários motivos pelos quais não só surgem novas fintechs, mas também empresas comuns estão se tornando fintechs, e tudo isso consolida o segmento.
Fonte: Shutterstock
Cooperação é o caminho
Bancos e fintechs já entenderam que, agora, é preciso haver parceria e cooperação para crescer. Se antes a meta das startups era oferecer soluções que se distanciassem do cenário engessado das instituições financeiras tradicionais, a consolidação das fintechs acabou por estimular uma modernização dos serviços prestados pela rede bancária.
Na mesma medida, a incorporação de cada vez mais produtos faz que as fintechs se tornem tão robustas quanto as estruturas bancárias. E as aquisições para a expansão das startups financeiras são primordiais para atrair e assegurar clientes.
Esse tal de rebundling
Onde há capital há oportunidade, e está no DNA das startups se reinventar a todo momento para alcançar níveis escaláveis de crescimento. Uma nova ordem está se organizando, algo que podemos chamar de rebundling. Aplicado às fintechs, esse fenômeno é percebido no fornecimento de uma gama ainda maior de produtos.
Dessa forma, as fintechs estão criando parcerias e fusões entre si ou com bancos para suprir lacunas, melhorar ofertas e até mesmo produzir novas soluções que atendam aos trâmites regulatórios.
Aqui não estamos mais falando de previsões. As fintechs são sólidas: em menos de 10 anos, saíram do campo das ideias inovadoras daqueles que ousaram sonhar com um mercado financeiro mais dinâmico para se tornarem uma realidade rotineira.
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Paulo David, colunista do TecMundo, é fundador e CEO da Grafeno, fintech que oferece contas digitais e infraestrutura de registros eletrônicos para empresas e credores; e é sócio do SPC Brasil na construção de infraestrutura para o mercado financeiro. Antes da Grafeno, fundou a Biva, primeira plataforma de empréstimos peer-to-peer do Brasil, que foi adquirida pelo PagSeguro, empresa de meios de pagamentos. Foi superintendente do Sofisa Direto, a divisão digital do banco Sofisa. Atuou no time do Pinheiro Neto Advogados e na equipe da gestora de investimentos KPTL (ex-Inseed Investimentos). É investidor-anjo em fintechs no Brasil e na Europa.
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