A série Far Cry e seus fantásticos vilões

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Nas nossas vidas podemos ser pessoas corretas, cumprindo as leis e vivendo harmoniosamente, mas a verdade é que quase todos possuímos um certo fascínio pelos vilões em obras de ficção. Para muitos, uma história nunca será boa o suficiente se não contar com um antagonista de respeito e com a chegada do Far Cry 6, esta é uma boa a hora para relembrar algumas figuras que ajudaram a transformar a série da Ubisoft num enorme sucesso.

Far Cry 6

Crédito: Divulgação/Ubisoft

Aviso: caso não tenha concluído os jogos da série, o texto a seguir poderá contar alguns spoilers. Nele falarei sobre cada vilão na ordem de lançamento dos capítulos e se você não quiser ter a experiência prejudicada em um determinado jogo, recomendo evitar o respectivo trecho.

Com o primeiro capítulo da franquia tendo sido lançado no longínquo ano de 2004, talvez você nem lembre disso, mas aquele jogo foi desenvolvido pelos alemães da Crytek. Naquela época os responsáveis pela séria ainda não tinham percebido o quão importantes os vilões seriam para a divulgação do jogo, o que não significa que a história do Far Cry não tivesse uma ameaça principal.

Mas antes de falarmos sobre o nosso principal inimigo naquele jogo, é importante nos situar no enredo. Nele controlávamos Jack Carver, um ex-membro das forças especiais do exército dos Estados Unidos e que passa a tocar um negócio de transporte marítimo na Micronésia. Após ter o seu barco atacado por mercenários e perder uma jornalista que estava levando para uma misteriosa ilha, ele parte para uma difícil missão de resgate.

Para ser bem sincero, o enredo nunca foi o forte daquele título e isso refletia no vilão, o Doutor Krieger. Responsável por um laboratório em que era produzido um soro que transformava as pessoas em mutantes, ele é o típico cientista louco que nos acostumamos a ver em filmes e o que pesa contra ele é justamente a falta de habilidade dos roteiristas para explorar melhor a sua personalidade.


Jack Carver, de herói a vilão (Crédito: Divulgação/Ubisoft)

Já para a continuação, com o desenvolvimento tendo ficado a cargo do estúdio que a Ubisoft tem em Montreal, o vilão passou a ter um papel muito mais importante na trama. Nos levando para um país africano, Far Cry 2 nos colocava para realizar tarefas para as duas facções envolvidas em uma guerra civil. O cenário por si só já seria bastante complicado, mas o que torna tudo muito pior é um sujeito conhecido como O Chacal.

Atuando como um traficante de armas que abastece os dois lados do conflito, este americano se mostrará um adversário poderosíssimo, mas conforme avançamos pelo enredo descobriremos que ele é um personagem muito mais profundo que um mero arqui-inimigo.

Contudo, o que tornou este vilão ainda mais interessante foi o seu passado, já que após muitos anos de especulações por parte dos fãs, só recentemente o diretor Clint Hocking confirmou uma antiga teoria:

Supõe-se que o Chacal seja o Jack Carver do Far Cry original. No Far Cry original o Jack Carver é um vigarista astuto, contrabandista e pistoleiro. A ideia era que o Chacal fosse ele, 10 anos depois ou algo assim, após seja lá o que ele tiver visto na ilha durante os eventos do Far Cry. Talvez tenha sido induzido por drogas, talvez seja transtorno de estresse pós-traumático ou talvez seja real. Mas a ideia é que, uma década depois, ele evoluiu seu jogo de contrabando e se envolveu naquele conflito.


Crédito: Divulgação/Ubisoft

Ainda assim, faltava à série um personagem que se mostrasse a altura dos grandes vilões da ficção e ele chegou com o lançamento do terceiro jogo. Líder de piratas que controlam as ilhas Rook, Vaas Montenegro se tornou o principal ícone da franquia e não é para menos.

Completamente desequilibrado, o sujeito nunca se cansa de mostrar a brutalidade que o levou ao poder, com a primeira vez que ele aparece na história servindo para nos mostrar toda o terror que está por vir.

Graças as suas frases de impacto, os avanços na captura de movimentos e a ótima atuação de Michael Mando, este psicopata que inclusive ilustra a capa do jogo ficou eternizado como um dos maiores vilões da história dos videogames. Um vilão que devido a sua insanidade, é digno de figurar ao lado de figuras como o Coringa ou Norman Bates.


Crédito: Divulgação/Ubisoft

Enquanto a Ubisoft estava desenvolvendo o Far Cry 4, seus roteiristas estavam cientes de que teriam uma dura missão pela frente. Conseguir superar ou até mesmo igualar o impacto causado pelo vilão anterior seria complicado e por mais que eles não tenham alcançado tal objetivo, o resultado foi muito bom.

Após liderar a tríade em Hong Kong, Pagan Min usou todo o seu poder para assumir o controle de um pequeno país no Himalaia e por lá ele não poupou a população da violência e crueldade.

Bem diferente de Vaas, o rei Pagan Min é um sujeito excêntrico, que se veste com roupas espalhafatosas e que aos poucos passa a usar a força para se aproximar do protagonista que controlamos, tratando-o quase como um irmão mais novo.

Como bem-dito por Troy Baker, que dublou Min, se considerarmos o seu comportamento e a maneira como ele está sempre nos colocando para pensar nas nossas motivações, o mais correto seria tratá-lo como um antagonista e não como um vilão.


Crédito: Divulgação/Ubisoft

Com sua história se passando por volta do ano 10000 AC, Far Cry Primal tentou nos mostrar como seria viver na Europa no período mesolítico. Isso inclui as muitas ameaças, como tigres-dentes-de-sabre, mamutes e lobos, mas também os chefes de outras tribos.

Entre eles está Ull, um sujeito amedrontador que comanda um grupo de canibais cujo único objetivo é pilhar, destruir tudo o que estiver pelo caminho e sempre que possível, devorar os restos de suas vítimas. Mesmo sem a complexidade de outros vilões da série, é altamente recomendado que você evite este monstro a qualquer custo.


Crédito: Divulgação/Ubisoft

Acreditando ser um enviado de Deus para preparar o povo para o fim dos tempos, Joseph Seed fundou no interior do estado de Montana uma seita conhecida como Portões do Éden e para tentar convencer os seguidores ele recorrerá a lavagem cerebral, um composto alucinógeno e muita, mas muita violência!

Mostrando um comportamento ora piedoso, ora completamente desequilibrado, “O Pai” fascina justamente por parecer tão real, pois sabemos que pessoas prestes a explodirem existem aos montes por aí. A diferença aqui é que ele levou seus ideais um passo adiante e ainda contou com a ajuda de três importantes figuras: Jacob, John e Faith.

Servindo como fiéis escudeiros de Joseph, o trio tem um papel fundamental no enredo do Far Cry 5, muitas vezes sendo tão ou até mais lunáticos do que o seu líder. Isso faz com que mesmo não sendo o único capítulo da franquia a contar com mais de um grande vilão, o jogo certamente reúne o melhor grupo deles.

Devido a profundidade dos personagens, cada um dos Arautos poderia render um artigo ou até mesmo um jogo específico. Todos sabemos que problemas familiares são comuns, mas com a graciosidade e as alucinações provocadas pela “Sereia”; as absurdas torturas causadas pelo “Batista”; ou o terror psicológico provocado pelo “Soldado”, a família Seed facilmente consegue superar quase todas que vemos por aí.


Crédito: Divulgação/Ubisoft

Depois do evento conhecido como O Colapso que marcou do final do Far Cry 5, era de se esperar que o vácuo deixado no poder fosse preenchido por outras pessoas, mas ninguém poderia imaginar que seriam as irmãs Mickey e Lou que fariam isso.

Com a escassez de recursos tendo tomado a região de Hope County, aqueles que conseguissem tirar o máximo do lugar teria vantagem e para atingir este objetivo as gêmeas nunca tiveram medo de recorrer a pilhagem, escravidão e assassinato.

Com uma delas sendo conhecida como “Os músculos” e a outra “O Cérebro”, junta a dupla se mostra uma ameaça muito maior do que suas aparências podem sugerir. Além disso, ao contrário de alguns antagonistas vistos em outros capítulos, elas não estão muito interessadas em nós ou em criar um vínculo com o jogador, com o seu objetivo sendo pura e simplesmente nos matar.

Far Cry 6

Giancarlo Esposito em Far Cry 6 (Crédito: Divulgação/Ubisoft)

Antes mesmo de ser anunciado existia uma grande curiosidade em relação ao Far Cry 6 e um dos motivos era o vilão que teríamos que enfrentar. Os fãs queriam saber se o personagem estaria à altura dos anteriores e quando a Ubisoft revelou que ele seria interpretado pelo excelente ator Giancarlo Esposito, a expectativa só aumentou.

Com o enredo do Far Cry 6 se passando na fictícia ilha caribenha de Yara, a história fala sobre a resistência formada pelo povo contra Antón “El Presidente” Castillo, um ditador que tem tentado fazer com que o filho adolescente siga seus passos e que não medirá esforço para realizar seu desejo.

Para piorar, embora tivesse prometido fazer com que o país voltasse aos tempos de glória, o tirano só conseguiu fazer com que o lugar ficasse isolado, com o trabalho escravo e as ações autoritárias do seu governo transformassem Yara em um inferno.

Inspirado em figuras como o ditador cubano Fulgencio Batista, o diretor de narrativas do Far Cry 6, Navid Khavari, afirmou que talvez não houvesse momento melhor para a franquia ter um vilão como o Antón.

Temos visto o fascismo crescer no mundo, temos visto uma revolução em todo o mundo no momento e acho que estamos descobrindo por que isso está acontecendo. Um dos temas principais que abordamos é que nunca estivemos realmente livres da tirania. Penso que a minha geração, eu crescia nos anos 90, nunca teria passado pela minha cabeça como criança que o fascismo era uma espécie de perigo presciente, mas você o sente agora.

Para o futuro, o que sabemos por enquanto é que três dos principais vilões da série — Vaas, Pagan Min e Joseph Seed — aparecerão no Far Cry 6 através de DLCs. Além disso, o final do jogo conta com um áudio que sugere que na verdade o antagonista do terceiro título não teria morrido, abrindo diversas especulações sobre o que a Ubisoft estaria tramando.

De qualquer forma, cedo ou tarde a série terá continuação e mesmo que o atormentado pirata das ilhas Rook não retorne, é quase certo que o papel de grande vilão será preenchido por alguém que nos fará tanto temer suas terríveis atitudes, quanto sermos atraídos pela sua personalidade.

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