Age of Empires IV e a atenção aos PCs mais modestos

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Uma das maiores dificuldades para os estúdios quando estão desenvolvendo jogos para PC é garantir que suas criações rodem na maior quantidade possível de máquinas. O problema é que para alcançar tal objetivo muitos testes e ajustes são necessários, o que torna o processo caro e trabalhoso. Mesmo assim, isso não foi um impeditivo para a World’s Edge e a Relic Entertainment quando estavam criando o Age of Empires IV.

Age of Empires IV

Crédito: Divulgação/World’s Edge/Relic Entertainment

Por se tratar de uma franquia que está no mercado por quase duas décadas e meia, é natural que o público interessado pelo novo capítulo fosse enorme. Isso incluía muita gente com computadores longe de ter o poderio necessário para aproveitar o jogo em todo o seu esplendor e ao focar nessas pessoas, tais desenvolvedoras levaram a ideia de acessibilidade a outro nível.

De acordo com o produtor executivo Michael Mann, o que os motivou as equipes foi a estimativa é de que mesmo daqui a alguns anos mais da metade das pessoas que estiverem jogando o Age of Empires IV ainda estejam fazendo isso em máquinas com processadores de baixa especificação. A previsão pode parecer um tanto pessimista, mas tanto o passado quanto o presente mostram que eles estão certos ao serem cautelosos.

Mesmo tendo sido lançados respectivamente em 1999 e 2005, o Age of Empires II e o Age of Empires III ainda contam com uma enorme quantidade de jogadores e a expectativa é de que o mesmo aconteça com o quarto capítulo. Além disso, por se tratar de uma série adorada em todo o mundo, é comum os títulos mais antigos continuarem populares em mercados onde o poder de compra do público é menor, como no Sudeste Asiático ou na América Latina.


Crédito: Divulgação/World’s Edge/Relic Entertainment

Os desenvolvedores então notaram que boa parte destes jogadores ainda aproveitam a franquia em computadores equipados com placas de vídeo integradas e estipularam que o Age of Empires IV precisaria funcionar pelo menos em uma delas (no caso uma Intel HD 520). O problema é que no caso de uma GPU dedicada eles saberiam quanto de RAM teria disponível para a peça, mas e quando o jogador estivesse usando uma que aproveitasse a memória do sistema? Como evitar que a máquina acabasse travando?

Pois a solução encontrada foi desenvolver um renderizador de baixa especificação, uma solução brilhante que exigiu um grande conhecimento por parte da equipe, mas conforme explicou o diretor técnico, Joel Pritchett, houve um obstáculo ainda maior:

Tempo. Apenas tempo. O renderizador de baixa especificação é equivalente ao que teríamos construído para um Xbox 360. Sabemos como realizar isso, só precisávamos de tempo para fazer direito. A arte, por outro lado, teve desafios diferentes, como construir vários conjuntos de assets, por exemplo.


Crédito: Divulgação/World’s Edge/Relic Entertainment

Mas apesar de servir para que muitos não tenham que se preocupar em fazer um upgrade no seu desktop ou notebook, é claro que esta configuração mínima exigida cobrará o seu preço. Além de entregar explosões bem mais modestas do que as vistas nas máquinas recomendadas, o jogo ainda permitirá partidas entre apenas quatro pessoas (sendo até oito para quem tiver PCs mais poderoso), além do título mostrar uma quantidade menor de unidades na tela.

Segundo Pritchett, usando uma GPU integrada o jogador terá acesso a um sistema de iluminação mais simples, verá menos destruição e perderá toda a perfumaria visual que a equipe de arte conseguiu implementar, como texturas mais bonitas. Porém, mesmo aqueles com equipamentos melhores ou que pretendem competir no Age of Empires IV deveriam testar o jogo com a configuração mais baixa, já que assim eles poderão ter uma taxa de frames mais estável, além de uma direção artística mais limpa.

Na imagem abaixo você confere as configurações mínima, baixa, recomendada e ideal para jogar o Age of Empires IV:


Crédito: Divulgação/World’s Edge/Relic Entertainment

É claro que no fim das contas tudo se resume a alcançar o maior público possível, até porque o título está disponível para os assinantes do Xbox Game Pass e o estúdio precisava pensar nas muitas pessoas que poderão ter acesso por ali. Ainda assim, sempre louvarei a iniciativa de desenvolvedores e editoras que fazem tudo o que está ao alcance para permitir que suas criações sejam mais acessíveis.

Numa plataforma onde parte dos consumidores se vangloriam justamente pela qualidade visual que os títulos podem alcançar, pode parecer um pouco sem sentido defender que mesmo aqueles com máquinas mais simples tenham acesso. Porém, acredito que a principal qualidade do PC é (ou deveria ser) justamente essa capacidade de abraçar todos os públicos e por isso eu gostaria que mais empresas tivessem o mesmo cuidado que a World’s Edge e a Relic Entertainment.

Isso me fez lembrar do Outcast, jogo lançado em 1999 e que chamou a atenção de muita gente por não precisar de uma placa de vídeo para rodar. Com sua engine sendo baseada apenas em software, aquilo fez com que a criação da Appeal pudesse ser aproveitada mesmo em computadores mais modestos e nunca entendi por que o jogo não fez mais sucesso, nem a ideia foi aproveitada por outras companhias.

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