Alan Wake Remastered está longe de ser um tiro no escuro

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Quem estava acostumado com Max Payne, a franquia mais conhecida da Remedy Entertainment, definitivamente sentiu uma diferença bem grande quando a empresa lançou Alan Wake no Xbox 360 em 2010. Focado muito mais em uma trama narrada por seu protagonista como se fosse um livro, o game foi uma surpresa bem positiva em uma época que vários outros jogos se concentravam tanto em sequências de ação. Após tantos anos sendo elogiado e recomendado por seus fãs, o game finalmente recebeu uma nova versão para plataformas fora do Xbox e PC.

Alan Wake Remastered marca sua chegada no Xbox One, Xbox Series X/S, PS4, PS5 e PC (através da Epic Games) em outubro de 2021, um mês perfeito para aqueles que amam conteúdo inspirado em terror e suspense, como sempre foi o caso desse título. Só que é claro que sempre fica aquela dúvida de se uma remasterização de um game que nem é tão antigo vale a pena ou se mudanças visuais são o suficiente para mascarar mecânicas que podem ter ficado datadas nas últimas duas gerações.

A boa notícia é que você pode descobrir tudo isso e mais um pouquinho sobre Alan Wake Remastered na nossa análise aqui no Voxel!

Uma remasterização em direção à luz

É sempre meio estranho falar de remasterizações de jogos que foram lançados na época do PS3 e Xbox 360, afinal, esses são títulos que não foram lançados há tanto tempo assim e que ainda possuem muitas familiaridades com os games lançados atualmente. No geral, vemos diferenças mais perceptíveis nas animações corporais ou faciais, na dublagem ou mesmo em algumas mecânicas que ficaram para trás há alguns anos.

Só quando o assunto é resolução, as texturas ou modelos dos personagens e objetos, pode ser fácil de pensar que o remaster não mudou tanta coisa assim em relação ao original. Pelo menos até você ver uma comparação das duas versões do game rodando lado a lado, é claro. Com Alan Wake Remastered, isso também acontece, especialmente para alguém como eu, que não jogava o título desde 2012.

A remasterização ficou ótima, mas o game ainda deixa sua idade evidenteA remasterização ficou ótima, mas o game ainda deixa sua idade evidenteFonte:  Remedy Entertainment/Divulgação 

Felizmente, bastou revisitar a versão antiga por alguns minutos para ver que a Remedy realmente caprichou na hora de modernizar Alan Wake. Agora você pode jogá-lo até na resolução 4K, mas vale o aviso de que em todos os outros aspectos, ele ainda parece totalmente um jogo da década passada. Isso não é exatamente um ponto negativo, até porque seria muito estranho que um remaster mudasse as mecânicas base de um game, mas é sempre bom ter em mente que você provavelmente vai se deparar com elementos que não via há alguns anos.

De certa forma, isso até causou um tipo de nostalgia que eu não esperava, até pelo fato de não vermos mais tantos jogos nos moldes de Alan Wake atualmente. Entre as joias da época do PS3 e Xbox 360 que podemos encontrar nesse jogo, estão as indicações enormes na tela do que fazer em seguida, ter que apertar o analógico para focar em um ponto de objetivo, ter que apertar botões em momentos precisos, defender locais de inimigos por um certo período de tempo e centenas de colecionáveis espalhados pelo cenário.

A cidade de Bright Falls tem alguns segredos nada agradáveis para Alan e sua esposaA cidade de Bright Falls tem alguns segredos nada agradáveis para Alan e sua esposaFonte:  Remedy Entertainment/Divulgação 

E olha que não estamos exagerando: se você se deixar levar, vai passar um bom tempo procurando por garrafas térmicas, televisões e rádios que podem ser ligados, pilhas de latas que podem ser derrubadas, páginas do manuscrito de Alan e muito mais. Esse tipo de coisa era bem comum há alguns anos, até para estender um pouco o jogo e fazer com que os jogadores explorassem mais o mapa. Então, ficou aquele sentimento de saudosismo enquanto meu cérebro clamava para que eu olhasse cada cantinho de cada lugar para encontrar mais um colecionável, mesmo sabendo que eu provavelmente já tinha perdido vários no meio do caminho.

Dá para dizer que essa é a sensação geral com Alan Wake Remastered, já que muitos aspectos mais datados dele trazem um tipo  de sorrisinho de canto de rosto em vez de um sentimento de frustração. É claro que isso não significa que o jogo não tem seus pontos negativos, já que aprimorar os visuais não é o suficiente para corrigir falhas que existiam no game original.

Sem medo do escuro

Antes de falar das tais falhas, vale mencionar (especialmente para quem não lembra tanto da trama ou para quem não chegou a jogar título até hoje) que tudo começa quando o escritor Alan Wake vai tirar umas férias com sua esposa Alice na cidade de Bright Falls, tentando esquecer do bloqueio criativo que vem sofrendo nos últimos dois anos. Infelizmente, Alice é raptada e Alan se vê preso em um misto de realidade e o que parece ser um pesadelo em que a ficção de sua escrita ganha vida nas sombras e escuridão.

É aí que a principal mecânica do game ganha vida, já que os inimigos possuem um tipo de escudo de sombras que só podem ser removidas com fontes de luz. Por isso, sua lanterna se torna sua maior aliada nessas batalhas, podendo remover a escuridão e deixando os monstros conhecidos como “Taken” vulneráveis às suas armas de fogo. Fora isso, você sempre pode correr em direção à luz, seja de um poste ou de um abrigo, especialmente porque pode se curar e afastar os inimigos ao ficar debaixo dessas fontes.

Os personagens são bem interessantes, então não deixe de ouvir os diálogosOs personagens são bem interessantes, então não deixe de ouvir os diálogosFonte:  Remedy Entertainment/Divulgação 

É aqui que entram as primeiras reclamações, que já existiam quando o game foi lançado em 2010. Primeiro, é preciso citar que mesmo tendo excelentes inspirações e referências à obras de Stephen King, David Lynch, Alfred Hitchcock, Stanley Kubrick e Rod Serling, a trama cai em certos clichês de suspense e terror em vários momentos. Isso se torna ainda mais evidente hoje em dia, já que tantos games possuem narrativas bem sofisticadas atualmente.

Ainda assim, não dá para dizer que o formato episódico do game não é interessante e cativante. No fim, acaba sendo como assistir aquela sua série de TV favorita que você sabe que é meio previsível, mas que adora mesmo assim. Os personagens que você encontra pela cidade também têm seu charme, o que faz com que você queira ouvir todo o diálogo em vez de só ignorar todo mundo.

Já o outro ponto negativo que você realmente vai sentir muito mais é uma mistura do combate e o controle da câmera. As lutas em si acabam se tornando bem repetitivas após algum tempo, já que você só vai ficar apontando a lanterna e atirando o tempo todo contra algumas variações dos Taken. Isso até é algo que você pode perdoar quando lembra que o combate não é exatamente o foco do game, mas esse elemento é realmente piorado pelo fato da câmera te atrapalhar mais do que ajudar nessas situações. Quase sempre, ela fica numa posição ruim e mesmo ao tentar arrumá-la, você provavelmente vai ter alguma árvore ou arbusto na sua frente, garantindo que seja atingido sem nem saber o que aconteceu.

É bem divertido de explorar os cenários escuros com Alan e sua lanternaÉ bem divertido de explorar os cenários escuros com Alan e sua lanternaFonte:  Remedy Entertainment/Divulgação 

Infelizmente, esse fator e a parte repetitiva que mencionamos faz com que você queira passar pelas partes de combate o mais rápido possível, voltando a avançar na trama o quanto antes. Já nesses momentos, você perceberá outros fatores que se tornaram um problema apenas agora, como as animações mais rígidas, cortes bruscos entre gameplay e cutscenes e até a maneira que Alan se movimenta quando você o controla.

São aspectos bem pequenos e que não vão atrapalhar a qualidade do game em si, mas é o que vai te lembrar constantemente que está jogando algo mais antigo e, possivelmente, te tirar da imersão da história de vez em quando.

Uma luz no fim do túnel

No fim, o que eu posso dizer é que depois de mais de 15 horas com Alan Wake Remastered, que foi o tempo demorei para passar pela história principal e os dois DLCs que vem junto com o jogo base, fica difícil de não recomendá-lo para outros jogadores interessados em um título que mistura suspense, exploração e um pouquinho de ação.

Alan Wake Remastered é ótimo tanto para fãs antigos como para aqueles que nunca tiveram a oportunidade de jogá-loAlan Wake Remastered é ótimo tanto para fãs antigos como para aqueles que nunca tiveram a oportunidade de jogá-loFonte:  Remedy Entertainment/Divulgação 

Custando pouco mais de R$ 56 no PC e R$ 99 nos consoles, não dá para negar que esse é um excelente preço para essa remasterização. Mesmo tendo alguns probleminhas aqui e ali, o fato é que esse continua sendo um jogo muito divertido e até charmoso de certa forma. Caso seja um dos fãs antigos do original ou alguém que sempre teve vontade de experimentar o game, não dá para deixar a oportunidade de jogar Alan Wake Remastered passar, ainda mais com tantos rumores de que uma sequência estaria por vir. Só não esqueça de abastecer o inventário com pilhas para sua lanterna e de sempre seguir em direção à luz.

Nota do Voxel: 85

Pontos positivos:

  • A remasterização fez um ótimo trabalho em modernizar o visual do game
  • Apesar da história clichê, os personagens são bem cativantes
  • Há excelentes referências às obras de mestres do terror e suspense
  • É uma ótima oportunidade para quem nunca tinha jogado o título antes
  • O preço é ótimo, especialmente para os jogadores de PC

Pontos negativos:

  • O combate fica repetitivo depois de algum tempo
  • A câmera mais atrapalha do que ajuda em certos momentos
  • O game possui algumas mecânicas datadas que podem incomodar novos jogadores

Alan Wake Remastered foi gentilmente cedido pela Epic Games para a realização desta análise.

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