Não restam dúvidas de que existem muitos animais inteligentes na Terra, mas também não restam dúvidas de que nenhum outro atingiu o nível de complexidade dos humanos. No entanto, será que existe a possibilidade de que, através da evolução, algum organismo vivendo em nosso planeta hoje possa chegar a se tornar tão inteligente quanto nós? Pois Daniel Kolitz, do site Gizmodo, entrou em contato com cientistas de diversas áreas para tentar responder a essa questão, e as opiniões dos pesquisadores foram pra lá de interessantes!
Definitivamente
Para Suzana Herculano-Houzel, da Universidade Vanderbilt, nos EUA, existem muitos animais tão capazes quanto nós no que diz respeito à memória visual, à capacidade de resolver problemas e de criar redes hierárquicas de tarefas, por exemplo.
E, mesmo considerando que a nossa sociedade é muito mais avançada do que as compostas por outros animais – como os gorilas e os orangotangos, são as espécies com o número de neurônios no córtex cerebral mais próximo do nosso –, é possível, sim, que eles aprendam a fazer coisas que só nós, humanos, fazemos. Tanto que você sabia que existe uma chimpanzé japonesa chamada Ayumu que ganhou de lavada de estudantes universitários em determinados jogos de no computador?
Julian Keenan, da Universidade Estadual Montclair, EUA, concorda com Suzana e, além das questões mencionadas por ela acima, aponta que existe o fato de alguns primatas inclusive terem consciência de si mesmos, serem capazes de refletir sobre os próprios pensamentos e sua existência e poderem moldar os pensamentos dos demais – e isso os torna possíveis candidatos a se tornarem tão inteligentes quanto nós no futuro.
Pode ser…
Já para Steven M. Platek, da Faculdade Georgia Gwinnett, a inteligência e a capacidade de raciocínio dos humanos consistem em características resultantes de milhões de anos de pressões evolutivas sofridas pelos nossos ancestrais.
Essas pressões provavelmente eram extremamente específicas, tanto que não existe qualquer outro organismo terrestre com o mesmo nível intelectual que o nosso. Sendo assim, seria necessário que outros animais, mesmo de espécies famosamente inteligentes, como cães, elefantes, chimpanzés, orangotangos, corvos ou golfinhos, sejam submetidos a pressões evolutivas únicas para desenvolver inteligências como a nossa – e, provavelmente, essas criaturas teriam que ser domesticadas e aprender novas habilidades conosco.
Robin Dunbar, da Universidade de Oxford, concorda com Steven acima, e acrescenta que nenhum outro animal será capaz de apresentar um nível de inteligência como o dos humanos se suas circunstâncias não forçarem essas criaturas a desenvolverem cérebros maiores, como aconteceu com os nossos ancestrais.
Para esse cientista, os melhores candidatos a passar por esse processo seriam os símios e os golfinhos – e talvez os elefantes –por conta das dimensões de seus cérebros. No entanto, como muitas subespécies desses animais estão em risco de entrar em extinção, pode que eles nunca tenham a chance de nos alcançar.
Já estamos ficando para trás!
Para Katerina Johnson, da Universidade de Oxford, se considerarmos a inteligência como sendo a habilidade de se adaptar ao ambiente, seja ele qual for, então, as bactérias podem ser consideradas tão inteligentes quanto os humanos – à sua maneira, claro, mesmo sem serem animais!
Segundo a pesquisadora, é possível traçar paralelos entre alguns comportamentos apresentados por esses organismos e os das nossas sociedades e até de grupos de outros animais, e eles são capazes de formar comunidades (inclusive dotadas de subdivisões com funções distintas), de se comunicar e se organizar.
Ademais, eles podem acelerar o ritmo em que sofrem mutações e fazer intercâmbio genético com bactérias de outras espécies para adquirir novas habilidades e propriedades.
Isso faz das bactérias seres extraordinariamente eficientes no que diz respeito à adaptação, tanto que já conseguiram colonizar praticamente todos os habitats do nosso planeta.
Assim, embora não tenham consciência e muito menos o intelecto dos humanos, esses organismos são certamente tão eficazes ou mais do que nós quando o assunto é solucionar problemas de forma coletiva e encontrar as melhores formas de lidar com o ambiente.
Já Todd K. Shackleford, da Universidade Oakland, no Michigan, argumenta que muitos animais já passaram a perna nos humanos faz tempo. Segundo disse, comparados aos cães, os humanos têm uma “inteligência” olfativa patética, e os esquilos-terrestres, por exemplo, são capazes de diferenciar irmãos de meio irmãos com precisão sem que sejam necessários testes de DNA.
A única coisa na qual nós nos destacamos com relação aos outros animais, de acordo com esse cientista, é na crueldade assustadora que demonstramos – e infringimos – sobre outras pessoas e criaturas.
Não existe outra espécie no Reino Animal que imponha propositalmente a dor e o sofrimento com tamanho entusiasmo quanto os humanos, não com o mesmo nível de sofisticação e falta de piedade. E você, caro leitor, o que acha?
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