Vivemos uma verdadeira enxurrada de games de ação em plataforma 2D, com elementos de RPG. Quando falamos que um metroidvania será lançado no mercado, chega a dar calafrios, pois as tentativas são inúmeras, mas poucas acabam surtindo efeito.
Vigil: The Longest Night, Carrion e Hollow Knight foram alguns jogos que receberam a atenção deste que vos escreve. Títulos que cativaram até mesmo àqueles que têm corações peludos. Mas fique tranquilo, caso sua emoção tenha ficado intacta até agora.
Lançado pelo estúdio Binary Haze Interactive, Ender Lilies agrega diversas qualidades encontradas nos jogos citados acima, como mecânicas de combate, imersão e inimigos, e também insere uma história cativante, que pode ser uma boa reflexão.
O poder de um bom enredo
Em um mundo cada vez mais tecnológico, ver um metroidvania com uma rica história, recheada de plot twists é cada vez mais raro. Por isso temos que enaltecer quando encontramos um bom texto.
Você é Lily, uma garota indefesa que aparece perdida, no País do Fim. Uma região que foi tomada por uma maldição eterna, chamada “corrupção”. A doença atingiu tudo e a todos, tornando a população espiritualmente dilacerada. Seus antigos vizinhos tornaram-se os adversários mais temidos, sem consciência e imortais.
É possível uma garota cheia de vida, pureza e delicadeza ser capaz de vencer todo este mal? É aqui que o espectro do Cavaleiro Negro entre em ação. O soldado te desperta em uma igreja e informa que você é a única que pode acabar com todo o mal que assola a humanidade.
Com o passar do tempo, você percebe que é a Sacerdotisa Branca, uma guerreira que pode resistir e transformar todo o mal causado pela tal corrupção. Além disso, ainda pode purificar àqueles que foram atingidos pela peste.
Ender Lilies traz um universo rico em textos e principalmente em detalhes, que servirão para moldar a história e fazer com que Lily se envolva com tudo o que ocorre no País do Fim.
Detalhes pertinentes em cada vírgula, cada palavra e frase, transformando um simples inimigo em uma história inacabada e que precisa de um final feliz. É aqui que entra o verdadeiro poder da Sacerdotisa Branca.
Mecânica
Ao longo da aventura, Lily entrará em diversos locais, cenários inóspitos e muito bem detalhados. Para isto contará com a ajuda de diversos espectros, cada um com sua qualidade. Lógico que todos os locais estarão recheados de inimigos.
Só que Lily é pura. É uma criança sem maldade e sem força física para rebater os inimigos. Quem estará a cargo disso serão os espectros que acompanham a garota ao longo da história. Inicialmente, o Cavaleiro Negro dará o suporte necessário.
Sua defesa é o ataque, mas ainda é possível contar com pulos duplos, agachamento e uma esquiva lateral para evitar a perda de vida. Aqui vai um bom conselho: cuidado com os danos, pois eles geralmente são graves.
Muitos poderão achar este fator decisivo para desdenhar do game, principalmente por acharem desbalanceado. Mas vale lembrar que estamos falando de uma garotinha, frágil e sem maldade.
Com o decorrer da aventura, certos “chefes de fase” serão purificados por Lily, fazendo com que os seus poderes sejam absorvidos pela garota. Cada um deles tem uma qualidade e característica distinta. É por meio destas especialidades que a mecânica de combate se desenvolve.
Tirando o poder da espada do Cavaleiro Negro, todas as outras funcionalidades dos espectros são limitadas. Portanto, tome cuidado ao usar cada uma das especialidades de seus companheiros. Você pode recarregá-las ao encontrar luzes vermelhas no cenário.
O jogo permite equipar dois grupos com três espectros cada, que poderão sempre ser customizados da forma que você bem entender. Cada um deles também pode ser atualizado, ficando mais forte e mortal com o passar do tempo.
Prepare-se para o desafio, pois os inimigos são bem diversificados e numerosos, tornando a aventura difícil em alguns aspectos. Como Lily não tem proteção, apenas a esquiva, será necessário administrar muito bem suas auras de energia, assim como funcionava a “alma”, em Hollow Knight.
Bucólico
O mapa também bebe muito da fonte do encontrado no título desenvolvido pelo Team Cherry. Não existe uma sequência certa para se aventurar. Tudo dependerá de sua intuição. Diferentemente de Hollow Knight, em Ender Lilies você não se sente perdido e aqui encontramos um mérito do estúdio.
Os gráficos, mesmo que sombrios e com excesso de sombras, luzes e paletas escuras, conseguem diversificar os cenários de jogo. Isso ajuda em sua caminhada rumo ao objetivo final.
Lily é esplêndida, os espectros são fantásticos e os inimigos passam exatamente a noção de estarem possuídos e se degradando com o passar do tempo. Por mais que exista um quesito mórbido, ele não é apelativo. Não choca àquele que está se divertindo com o game.
O piano de fundo dita o tom da aventura, na medida certa. A trilha sonora é cativante e ajuda os jogadores na imersão de tudo o que o País do Fim representa ao ser tomado pela corrupção.
Vale a pena?
Ender Lilies é um jogo praticamente sem defeitos. Ele traz um desafio na medida certa, com um crescimento de dificuldade sem ser apelativo. Te dá o poder de escolha, mesmo com um mapa em duas dimensões.
Os verdadeiros fãs de um clássico metroidvania ficarão felizes com o resultado apresentado pela desenvolvedora.
Ender Lilies foi cedido gentilmente pela Binary Haze Interactive para a realização desta análise.
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