O WhatsApp afirma que a sua tecnologia de “criptografia ponta-a-ponta” garante que somente quem envia e recebe as mensagens pelo aplicativo pode ter acesso às conversas. Nenhuma outra pessoa ou até mesmo a empresa teria acesso ao conteúdo enviado pelo app, afirma em sua política de segurança e privacidade.
No entanto, uma reportagem divulgada pela ProPublica, uma organização de jornalismo independente, denuncia que algumas das mensagens dos bilhões de usuários podem ser lidas por Inteligência Artificial (IA) e moderadores humanos. Os conteúdos em questão são as mensagens denunciadas, que passam por avaliação interna na companhia.
Isso ocorre quando um usuário denuncia um conteúdo como inadequado. As últimas quatro mensagens da conversa são encaminhadas para revisão pelo Facebook, agrupadas automaticamente por um algoritmo para, posteriormente, serem analisadas por um dos 1.100 funcionários da empresa dedicados a esta função.
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Segundo a reportagem, além das mensagens, são encaminhados metadados não criptografados, como nomes e imagens de perfil dos grupos do usuário, número de telefone, impressão digital do dispositivo, contas relacionadas do Facebook e Instagram, bem como outras informações, afirma o artigo.
Criptografia e revisão de mensagens
Além do conteúdo denunciado, as quatro últimas mensagens da conversa também são encaminhadas para revisão. (Fonte: PxHere/Reprodução)Fonte: PxHere/Reprodução
A revisão das mensagens marcadas como inadequadas não viola as diretrizes de segurança do WhatsApp, afirma o Facebook. Quando o botão de “reportar” é acionado em uma mensagem, os moderadores não têm acesso à chave única de criptografia, esclarece a empresa. A informação é encaminhada para a revisão com um novo protocolo criptografado.
Em comunicado oficial, a companhia afirma que desenvolveu o aplicativo “de uma maneira que limita os dados que coletamos, ao mesmo tempo que nos fornece ferramentas para prevenir spam, investigar ameaças e banir aqueles que praticam abusos”.
Após a reportagem gerar dúvidas, a ProPublica também enfatizou que o caso não se trata de quebra de criptografia e o WhatsApp não acessa todas as mensagens das conversas, apenas os conteúdos denunciados. “Alteramos a linguagem da matéria para deixar claro que a empresa examina apenas mensagens de conversas que foram denunciadas pelos usuários como possivelmente abusivas. Isso não quebra a criptografia de ponta a ponta”, disse o veículo.
Compartilhamento de dados com autoridades
Agente especial do FBI foi condenada por trocar informações com repórter via WhatsApp. (Fonte: Pexels/cottonbro/Reprodução)Fonte: Pexels/cottonbro/Reprodução
A reportagem da ProPublica também revelou que o WhatsApp costuma compartilhar com autoridades judiciárias dados dos usuários que não estão protegidos pela criptografia. Ainda que não se refiram ao conteúdo das mensagens, essas informações já ajudaram a condenar uma agente especial do FBI em 2018, ao provar que houve troca de mensagens com um repórter.
Desde 2017, o aplicativo colaborou com mais de uma dúzia de instâncias do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e também com o Ministério da Justiça brasileiro. Pelo sigilo decretado nos processos, não é possível saber quais informações foram encaminhadas pelo app.
Comunicado do WhatsApp
Em comunicado enviado ao TecMundo, o WhatsApp ressaltou que as mensagens dos usuários não são violadas e o app exibe um aviso sobre o conteúdo que será compartilhado no menu de denúncias.
“Os trabalhadores têm acesso apenas a um subconjunto de mensagens de WhatsApp — aquelas sinalizadas pelos usuários e automaticamente encaminhadas à empresa como possivelmente abusivas. A revisão é um elemento de uma operação de monitoramento mais ampla na qual a empresa também revisa material que não é criptografado, incluindo dados sobre o remetente e sua conta.”
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