Armas nucleares podem proteger a Terra de asteroides, aponta estudo

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O astrofísico Neil deGrasse Tyson costuma dizer que asteroides são uma maneira do Cosmos perguntar a quantas anda seu programa espacial, e é verdade. Por mais que a Terra seja confortável, a longo prazo uma civilização se concentrar em apenas um planeta é um convite ao desastre. Basta um pedregulho de tamanho considerável para aniquilar com quase toda a vida, tanto é que isso já aconteceu no passado.

Propostas para lidar com impactos de asteroides potencialmente perigosos não faltam, e entre elas, o uso de ogivas nucleares sempre foi considerada a mais óbvia, simplista e inócua, tanto que vira e mexe a ideia é ridicularizada em filmes e séries. No entanto, um time de pesquisadores demonstrou, com dados, que ela é mais eficaz do que se pensava, dependendo do cenário.

Em Impacto Profundo as ogivas não deram certo, mas estudo recente aponta para um resultado diferente (Crédito: Divulgação/Paramount/DreamWorks/The Zanuck Company)

Em Impacto Profundo as ogivas não deram certo, mas estudo recente aponta para um resultado diferente (Crédito: Divulgação/Paramount/DreamWorks/The Zanuck Company)

O recente estudo é resultado de uma série de pesquisas conduzidas pelo Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra, do Laboratório de Propulsão a Jato (Jet Propulsion Laboratory, ou JPL) da NASA. Uma vez a cada dois anos, o departamento executa uma simulação em que asteroides imaginários, de tamanhos e trajetórias diversas, são criados, para que esforços conjuntos das agências espaciais criem soluções para impedir ou mitigar os efeitos do impacto, a serem apresentados durante a Conferência de Defesa Planetária da Academia Astronáutica Internacional (IAA).

Os resultados nem sempre são ideais. Em 2019, na tentativa de impedir que um asteroide aniquilasse a cidade de Denver, no estado norte-americano do Colorado, foram usadas espaçonaves a fim de desviar o seu curso, algo que existe e está em desenvolvimento, na forma do programa DART. A intervenção “funcionou”, com o asteroide sendo desviado para Nova Iorque, que foi riscada do mapa.

No início de 2021, uma nova simulação criou um asteroide com 140 metros de diâmetro, programado pelo algoritmo para cair na Europa central. Mais interessante, o programa revelou o bólido a apenas seis meses da conferência da NASA, e os cientistas tinham apenas esse tempo disponível para apresentar soluções, em que a ameaça deve ser tratada como uma real.

O resultado do teste foi um fracasso total, com os cientistas incapazes de formular qualquer tipo de alternativa real em tão pouco tempo, a fim de impedir o impacto ou reduzir seus efeitos, e se concentraram apenas em medidas de evacuação da população dos arredores do epicentro, entre Praga e Munique.

Simulação do impacto do asteroide 2021 PDC; Praga ficaria no limiar (Crédito: NASA JPL)

Simulação do impacto do asteroide 2021 PDC; Praga ficaria no limiar (Crédito: NASA JPL)

Na época, tanto o uso do programa DART quanto o de ogivas nucleares foi prontamente descartado, com os cientistas alegando que a janela de tempo para realizar medidas de deflexão do asteroide era pequena demais. No entanto, ninguém se incomodou na ocasião de plotar os dados e checar se havia alguma chance de sucesso, o que fizeram agora.

Asteroides são alvos nucleares possíveis

Normalmente, Hollywood trata o uso do poder atômico como a típica solução de todos os problemas para os militares, mesmo os espaciais, e por conta disso, a NASA nunca foi fã de considerar o lançamento de ogivas nucleares contra asteroides. O entendimento geral era de que uma explosão só causaria dano externo, gerando uma série de fragmentos adicionais que só piorariam a situação.

Porém, o cenário deste ano com o asteroide 2021 PDC (de Planetary Defense Conference, todos os corpos simulados recebem essa denominação, mais o ano corrente), em que haviam apenas 6 meses disponíveis para qualquer tipo de resposta, inviabilizou totalmente o uso do DART. Assim, a única possível alternativa para causar algum efeito era o uso das bombas. Com isso em mente, era hora de simular.

Esse método idealmente funcionaria com décadas de antecedência, já que seus restos poderiam assumir outras rotas, mas os testes se concentraram no tratamento de um asteroide de médio porte com um alcance consideravelmente mais próximo. O estudo publicado por pesquisadores do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, liderados pelo físico Patrick King (o projeto foi sua tese de doutorado), se concentrou em analisar como os fragmentos resultantes se comportam, se seriam afastados ou continuariam em rota de colisão.

Os resultados foram surpreendentemente positivos.

O asteroide hipotético tinha 100 metros de diâmetro, um pouco menor do que 2021 PDC, e foi avaliado em 5 órbitas diferentes. Em todos os testes, um ataque nuclear com um artefato de aproximadamente 1 megaton (o equivalente a uma bomba de hidrogênio B83, hoje a mais potente disponível no arsenal dos EUA), desviaria 99% dos fragmentos da Terra, se ele for detonado em até um mês antes. Com mais tempo, o número sobe para 99,9% dos fragmentos desviados.

Mesmo asteroides maiores, entrando na classe de Evento de Extinção em Massa, podem ser afetados pela opção nuclear. Simulações apontaram que objetos realmente ameaçadores podem ter até 99% de seus detritos desviados, mas a janela de tempo para a resposta deve ser bem maior, em até 6 meses antes do impacto.

Segundo King, optar entre ogivas nucleares e o método de deflexão, usando o DART ou sistemas similares, depende de cada caso. Claro que em algumas situações, explodir um asteroide poderia de fato multiplicar o problema, bombardear um pedregulho espacial poderia servir até mesmo para reduzir seus danos a curtíssimo prazo, lançando um ataque a apenas duas semanas do impacto estimado.

Claro que é preciso levar em conta a composição de um asteroide. Alguns bólidos poderiam resistir mais à alternativa nuclear, enquanto outros como 101955 Bennu, listado como potencialmente perigoso pela NASA, podem ter corpos mais porosos e mais passíveis de fragmentação. Testes sobre a composição deste chegarão à Terra em 2023, quando a sonda OSIRIS-REx retornar.

O DART foi criado como um sistema de defesa planetária, para desviar asteroides (Crédito: NASA/Johns Hopkins Universrity Applied Physics Laboratory)

O DART foi criado como um sistema de defesa planetária, para desviar asteroides (Crédito: NASA/Johns Hopkins Universrity Applied Physics Laboratory)

Neste último caso, a missão do DART, de Double Asteroid Redirection Test (Teste Duplo para Redirecionamento de Asteroides), que será lançada em novembro de 2021, testará a viabilidade de usar naves para baterem com tudo em corpos celestes, a fim de que a força cinética seja suficiente para desviá-lo de seu curso.

Por fim, os testes e simulações realizados tanto na conferência da NASA, quanto no estudo recente, são conjecturas que podem não refletir um cenário real de um asteroide errante vindo em nossa direção, se isso ocorrer um dia.

Referências bibliográficas

KING, P. K. et al. Late-time small body disruptions for planetary defense. Acta Astronautica, Volume 188, 10 páginas, novembro de 2021. Disponível em https://doi.org/10.1016/j.actaastro.2021.07.034

Fonte: ExtremeTech

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