Durante o século XVI a Polônia viu-se no meio de uma grande polêmica. Após perder sua primeira esposa, Isabel de Habsburgo, Sigismundo II Augusto apaixonou-se pela bela Barbara Radziwiłł. Por não estar de acordo com os arranjos políticos da época, a nobreza local era veementemente contra o casamento do futuro rei, ainda mais por se tratar de uma mulher que já era viúva. Acusada pelas pessoas da época de promiscuidade e bruxaria, Sigismundo II não se importou com as consequências e passou a se envolver com ela.
O relacionamento parecia uma bomba relógio que explodiu em 1547, quando eles se casaram em segredo. A partir daquele momento, Sigismundo II passou a lutar para que Barbara fosse reconhecida como Rainha da Polônia, algo que só viria a acontecer três anos depois, graças à ajuda do primo e do irmão dela. Porém, a felicidade do casal não duraria muito, já que apenas cinco meses depois de ser coroada ela morreria misteriosamente e é aí que entra outra figura importante nesta história: a sogra de Barbara e ex-rainha, Bona Sforza.
Descrita como uma mulher inteligente e ambiciosa, a Grã-duquesa da Lituânia e descendente de uma família que há muito tempo controlava o Ducado de Milão, Bona era temida por todos que a conheciam e um dos motivos era a maneira como ela controlava com mãos de ferro o castelo em que vivia na cidade de Nowy Wiśnicz. Nele existiam muros e torres bem estreitos e acredita-se que teriam sido feitos assim para que os guardas não dormissem durante os turnos. Porém, a rainha não tinha medo do lugar, com as pessoas afirmando que ela costumava andar a cavalo por lá.
Diz a lenda que quando algo errado acontecia no castelo ou alguém a desagradava, a punição era fazer a pessoa assistir Bona desfilar com seu cavalo, para depois ser obrigada a fazer o mesmo, mas com outro animal, que havia sido embriagado previamente. Como era de se esperar, ninguém teria conseguido se salvar da punição e assim a rainha tinha seus desejos doentios satisfeitos.
Mas de todas as mortes creditadas a Bona Sforza, aquela que ganhou mais fama foi justamente a de Barbara. Embora não existam provas de que isso realmente aconteceu, acredita-se que para interromper o tão criticado casamento do filho, Bona teria passado a envenenar o vinho da nora e de acordo com os moradores da região, desde então é possível ver uma bela mulher de branco andando pelos corredores do Castelo Wiśnicz. Porém, ela não teria sido a única a ter sua alma presa àquele lugar, já que todo ano, exatamente na noite da morte de cruel majestade, uma mulher andando a cavalo costuma assombrar o castelo.
Mais de 400 anos depois…
Em 1983 a indústria de games passou pelo seu momento mais delicado, com o crash tendo feito muitas pessoas acreditarem que os jogos eletrônicos haviam chegado ao fim. O tempo mostrou que isso estava muito longe de se concretizar, mas se houve uma verdadeira baixa naquele evento, foi a Atari, que assim como Barbara Radziwiłł, é uma dama que segue se recusando a descansar em paz.
Outrora sinônimo de videogames, a Atari vem há muito tempo tentando se reinventar e depois de voltar suas forças para os jogos mobile, revelar que estava retornando ao mercado de hardware e até se aventurar pelo ramo de hotéis, chegou a hora da empresa mudar novamente sua direção e por mais difícil que seja acreditar, voltar às suas raízes. Quem anunciou os planos para o futuro foi o novo CEO, Wade J. Rosen.
“A nossa intenção com qualquer experiência de jogo é oferecer momentos acessíveis e divertidos com um significativo. Esta é a parte central da Atari e o que liga a nossa história ao futuro. Por isso, acreditamos que os jogos premium representam melhor esse tipo de experiência de jogo e o DNA do Atari. Apesar deste novo foco em jogos premium, continuamos comprometidos a crescer e expandir os bem sucedidos jogos free-to-play que temos no mercado. Esta reorientação dará à Atari uma oportunidade única de ser a ponte entre o passado e o futuro dos videogames e estou ansioso para impulsionar essas mudanças.”
Segundo um comunicado enviado à imprensa, os primeiros títulos oriundos desta nova etapa já estão em desenvolvimento e deverão ser lançados até abril de 2022. Infelizmente eles não disseram que jogos serão esses, mas que a intenção é aproveitar as mais de 200 propriedades intelectuais que possuem para garantir um forte fluxo de lançamentos. Se isso quer dizer apenas versões levemente melhoradas de clássicos como Asteroids, Missile Command, Pong ou Centipede, teremos que esperar para saber.
Na teoria tudo parece muito bonito, mas depois de termos visto a empresa errando em quase tudo o que se meteu — incluindo aí o VCS, um console de US$ 300 e que pouco entrega — e que tem vagado por tanto tempo como um morto-vivo, será que devemos apostar neste reerguimento? A sensação é de que a companhia está apenas se deixando levar pelas tendências do mercado, voltando suas forças para qualquer coisa que possa lhe render alguns dólares e garantir seu funcionamento até que a próxima onda surja.
E esta incerteza em relação a qual caminho seguir pode ser vista na confirmação de que a Atari deixará de investir em cassinos, mas continuará mantendo uma divisão dedicada a blockchains e tokens não fungíveis, os famosos NFTs. O que me pergunto é até que ponto a empresa realmente acredita no sucesso de todas estas investidas ou está apenas atirando para todos os lados, na esperança de um dia encontrar o tão sonhado pote de ouro.
Enquanto isso, seguiremos por aqui acompanhando os passos de uma companhia que, assim como a famosa aparição do Castelo Wiśnicz, ainda não se deu conta de que a sua passagem pela Terra deveria ter se encerrado há muito, muito tempo.
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