Com um trailer cheio de ação, muito tiroteio e até um enorme tornado varrendo o campo de batalha, a Electronic Arts finalmente revelou ao mundo alguns detalhes do Battlefield 2042. Porém, mesmo com toda a pirotecnia e com a Frostbyte continuando se mostrando uma engine impressionante, um detalhe acabou desagradando muitas pessoas que adoram a franquia: depois de um bom tempo, ela infelizmente voltará a não contar com uma campanha single-player.
Se considerarmos o Bad Company como um integrante da série principal, isso significa que desde 2008 temos visto a série entregando um modo que de alguma forma é dedicado a ser aproveitado estando sozinhos. No caso dos dois últimos capítulos (Battlefield 1 e Battlefield V) a DICE até fez uma abordagem um pouco diferente, nos colocando para conhecer pequenas histórias ao invés de uma grande campanha, mas ainda assim se tratava de algo voltado para aqueles que não se importam apenas com o mata-mata online.
Para boa parte dos interessados pelo Battlefield 2042, esta é uma ausência que nem será sentida, afinal estas pessoas estão mais interessadas em partir logo para o confronto com outros jogadores. Já para aqueles que esperavam pelo menos algo para nos entreter entre uma uma chuva de xingamentos online e outra, a desenvolvedora defende que podemos ficar tranquilos, pois a narrativa será entregue através dos três modos multiplayer presentes no jogo.
No universo do Battlefield 2042, a humanidade está passando pela maior crise de refugiados da sua história, com as pessoas enfrentando falta de comida, água, energia e ainda tendo que encarar violentas mudanças climáticas. Conhecidos como Non-Patriated (ou No-Pats), entre esses refugiados estão fazendeiros, engenheiros e até mesmo soldados veteranos que vinham participando de batalhas por anos. Então, quando os Estados Unidos e a Rússia entram em guerra, caberá a eles lutar por um novo mundo.
Este será o pano de fundo para os confrontos que participaremos e o que promete ser o foco da narrativa do jogo são tanto o próprio multiplayer quanto esses personagens, que no jogo serão conhecidos como Especialistas. Inicialmente teremos 10 à nossa disposição, com eles estando divididos por quatro classes — Reconhecimento, Suporte, Assalto e Engenheiro. Cada um contará com habilidades e armas específicas e de acordo com o diretor de design Daniel Berlin, sem o single-player a equipe poderá se dedicar aquilo que sabem fazer melhor e assim boa parte da história será contada com a chegada de novos soldados:
“O 2042 não é um jogo sem narrativa. Você ainda terá um mundo guiado pela narrativa, que será algo que você verá pelos olhos dos Especialistas que estamos apresentando. Conforme avançarmos pelo jogo como serviço e pelas temporadas, introduziremos novos especialistas e você verá como o mundo evoluiu através dos olhos dos especialistas que temos.
Se você olhar para o DNA do estúdio, o que temos feito por tanto tempo, nós simplesmente dissemos, sabe de uma coisa, não teremos uma campanha single-player tradicional desta vez, mas colocaremos toda a ênfase e todos os recursos na construção de profundidade no multiplayer. Porque isso é o que fazemos melhor.”
Esta não é uma estratégia inédita, com jogos como Overwatch e Apex Legends tendo aproveitado a chegada de novos personagens para incrementar seu universo e basta ver o anúncio de um deles para perceber a empolgação criada nos jogadores. No caso do Battlefield 2042, como ele também adotará o modelo de venda de passes de temporada, faz sentido a EA tentar vender esta ideia de que a narrativa estará debruçada em novos Especialistas, mas particularmente, não é algo que me agrada.
Além de não gostar da ideia de ter que gastar mais uma boa grana com o jogo de tempos em tempos para ter acesso às novidades, há de se levar em consideração o fato de que o FPS será vendido por preço cheio, o que atualmente varia entre R$ 299 na edição mais simples para consoles e acredite, R$ 599 (!) na Ultimate. No PC os valores são um pouco menores, mas ainda assim você terá que desembolsar uma bela quantia pelo título.
Por se tratar de um jogo onde teremos até 128 pessoas nas partidas (com metade desse número nas versões para PlayStation 4 e Xbox One) e com as mudanças climáticas influenciando diretamente a experiência, eu entendo que as disputas poderão render interessantes histórias particulares. Além disso, a DICE confirmou que, aqueles que preferirem, poderão encarar o jogo ao lado de inimigos controlados pela inteligência artificial — o que convenhamos, ao menos nos poupará do ambiente tóxico típico desses títulos.
Além disso, nós já vimos ótimas histórias sendo contadas mesmo em jogos voltados para serem aproveitados na companhia de outras pessoas e um dos melhores exemplos é a série Left 4 Dead. Eu nem acho que a DICE chegará ao nível de brilhantismo alcançado pela Valve, mas acredito que a simples ausência de uma campanha não necessariamente significa que o Battlefield 2042 não possa ter uma boa narrativa. Se isso acontecerá, aí é que está o problema.
Um multiplayer 3 em 1
Depois das muitas especulações sobre o novo Battlefield contar com um modo battle royale, os envolvidos no desenvolvimento afirmaram que além deles não estarem trabalhando em algo nestes moldes, não existem planos para que isso aconteça. Contudo, quando o jogo finalmente for lançado, teremos acesso a três modos voltados para o multiplayer: o All-Out Warfare, que por sua vez abrigará os já tradicionais Conquest e Breakthrough; o Hazard Zone e por fim um modo que está sendo guardados a sete chaves pelo estúdio.
No caso do Hazard Zone, a DICE afirma que o foco estará na comunicação entre as equipes, com ele funcionando como uma modernização daquilo que temos visto ao longo da série e de maneira bastante diferente do All-Out Warfare. O curioso neste caso é que o próprio nome sugere a existência de uma região que seria nociva aos jogadores, exatamente o que vemos nos jogos do estilo battle royale. Será então que a desenvolvedora estaria apenas tentando rebatizar algo já bastante popular na indústria?
Enfim, também resta saber como será este terceiro modo, que está sendo criado pelo pessoal da DICE LA e que deverá ser revelado apenas em 22 de julho. Segundo eles, trata-se de um novo tipo de jogo e “uma carta de amor aos fãs do Battlefield e um [modo] com a qual os jogadores de longa data se sentirão em casa.”
Com previsão de lançamento para 22 de outubro, eu não gosto de criticar um jogo antes de colocar as mãos nele, mas mesmo com todo o esforço dos criadores para tentar me convencer do contrário, ainda não comprei esta ideia de que a falta de uma campanha principal será benéfica para o Battlefield 2042. Quer dizer, para quem só joga o multiplayer, talvez até exista alguma vantagem, mas como este não é o meu caso, não estou vendo uma maneira deles conseguirem suprir esta ausência.
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