Blue Origin, Boeing e outras empresas anunciaram um projeto no mínimo ambicioso: Orbital Reef, Recife Orbital, a primeira estação espacial comercial. A questão é: Será realmente construída ou é apenas vaporware e golpe de Relações Públicas?
A proposta do Orbital Reef é ser uma estação espacial que alugará espaço e mão de obra para empresas que queiram fazer pesquisas ou fabricar produtos em ambiente de microgravidade. Será um projeto 100% comercial, contrastando com as duas únicas estações espaciais existentes, as governamentais Estação Espacial Internacional e a chinesa Tiangong.
Tecnicamente a Axiom Space também está planejando uma estação espacial, eles devem subir seu primeiro módulo em 2024, que será acoplado à Estação Espacial Internacional. Até três módulos serão acoplados, e quando a ISS for descomissionada, módulos extras de fornecimento de energia e controle térmico serão adicionados, o conjunto da Axiom será separado da ISS e formará uma estação própria.
Como não se sabe exatamente quando isso acontecerá, em teoria a Blue Origin pode acabar com a primeira estação espacial privada, já que a proposta da Orbital Reef é estar operacional até o fim da década.
O projeto é BEM ambicioso, o espaço interno é o mesmo da Estação Espacial Internacional, com um design bem mais limpo, por dentro e por fora. Uma das vantagens de não usar tecnologia do começo da década de 1980.
Em teoria a Blue Origin entraria com a tecnologia do New Glenn, seu foguete orbital imaginário. A Sierra Nevada participaria com o Dream Chaser, sua nave orbital para transporte de cargas, que deve voar no final de 2022. A Boeing construiria módulos, e forneceria as cápsulas Starliner, para transporte de passageiros.
Um Conselho de Universidades, capitaneado pela Universidade Estadual do Arizona aconselhará a empreitada, com sugestões de tecnologia, pesquisas e procedimentos.
Críticos apontam que exploração espacial é muito caro, e a ISS já gastou mais de US$100 bilhões, o que é muito dinheiro mesmo para o Jeff Bezos. Isso gera um Efeito Tostines: Exploração Comercial do Espaço é muito cara pois não há mercado que a justifique e não há mercado porque ela é muito cara.
Quebrar esse ciclo é fundamental, e as estimativas de custo da Orbital Reef são em torno de US$10 bilhões, o que é troco de pinga, a NASA gastou mais que isso no SLS, o foguete que custa quase US$2 bilhões por lançamento.
A proposta, como já foi dito, é ambiciosa, mas a única empresa com pedigree no consórcio é a Boeing, eles trabalharam ativamente no Programa Apollo, e possuem uma divisão aeroespacial que já foi extremamente competente. Infelizmente nos últimos anos só acumulam fiascos, como a Starliner, a cápsula espacial que quase foi perdida no primeiro vôo de testes, e foi colocada na naftalina depois que descobriram várias válvulas oxidadas, quando estava sendo preparada para o novo lançamento.
A Blue Origin nunca colocou um parafuso em órbita, nada do que aprenderam com o New Sheppard pode ser traduzido para um projeto como a Orbital Reef, e seu foguete, New Glenn, ainda não existe. Nem mesmo os motores Be-4, que já estão anos atrasados foram entregues, o que está atrapalhando a vida de empresas espaciais de verdade, como a ULA, que depende deles pro seu foguete Vulcan.
A Sierra Nevada por sua vez vem avançando o programa do Dream Chaser em velocidade glacial. Seus quatro “vôos” até agora foram a nave sendo jogada de um helicóptero. O primeiro lançamento de testes está previsto para o segundo trimestre de 2022.
Coordenar um projeto desse tamanho, envolvendo várias empresas, em um período mínimo de tempo é um pesadelo logístico. A menos que uma mudança de cultura total nas empresas envolvidas aconteça, a Orbital Reef vai continuar no papel. E mesmo que ela seja construída, corre o risco de ser irrelevante.
A SpaceX está avançando muito rápido com a Starship, ela precisa estar voando em 2024, para pousar na Lua. Enquanto a Orbital Reef ainda estiver nas pranchetas, a Starship já terá sido testada, e com sorte aprovada. E a Starship é grande. Seu volume interno é maior do que o da Estação Espacial Internacional.
Seu volume interno é de 1100m3, a Estação Espacial Internacional opera com um máximo de 6 tripulantes, eventualmente chegou a 7, mas isso já coloca o sistema de suporte de vida operando acima do normal. A Starship na versão Trem da Central pode levar 100 passageiros de uma vez, para Marte.
Uma Starship em órbita terá espaço e capacidade de carga para prover serviços para todo tipo de empresa ou instituição. Com a vantagem de poder descer e subir com o equipamento e experimentos, e também poder se posicionar em órbitas com diferentes inclinações e altitudes.
Quando sua nave é maior e mais ágil que a estação espacial da concorrência, não faz sentido pagar mais caro por um modelo mais complexo. E sim, existe uma proposta da SpaceX em transformar Starships em fim de carreira em uma Estação Espacial, acoplando várias naves em conjunto.
Claro, todos nós do #TeamSpace torcemos para dar certo, vai ser bom para todo mundo que a Orbital Reef seja construída, e que o New Glenn seja construído e lançado com sucesso, barateando ainda mais os lançamentos orbitais.
Por outro lado, é sempre bom lembrar do Barão de Itararé, que em sua sabedoria dizia “De onde menos se es
Source link