CEO do Firefox OS critica Apple e Google: ‘Brilhante, mas é uma prisão’

A Mozilla mostrou no MWC 2015 , em Barcelona, que tem fôlego para encarar o disputado mercado de smartphones com gigantes como Google e Apple. A fabricante do famoso navegador vem aos poucos fazendo novas parcerias para trazer aparelhos com Firefox OS a diferentes países. Junto com a Orange, pretende lançar o seu sistema móvel em mais 13 mercados da África e do Oriente Médio e aposta em privacidade e segurança para conquistar os consumidores e criar uma nova cultura no setor.  Testamos o Alcatel OneTouch Idol 3: cara de top com preço agressivo  Em entrevista exclusiva ao TechTudo, Andreas Gal, chefe de tecnologia da Mozilla e CEO para o Firefox OS, critica o modelo de negócio adotado para o Android e o iOS, presente em Galaxys e iPhones. “A principal diferença entre a Mozilla e os competidores é de que somos uma organização sem fins lucrativos”, disse. Embora forneçam o mesmo produto, Gal vê um distanciamento grande se comparados os objetivos da mineração de dados, modelo de negócio e aplicação do dados pessoais.  Smartphone com Firefox OS, aposta da Mozilla por celulares mais seguros no MWC 2015 (Foto: Fabricio Vitorino / TechTudo) De acordo com o executivo, ao habilitar o sistema “não quero ser rastreado”, o usuário ganha a opção de zelar pela sua privacidade e segurança. “Nossas características são improváveis de serem adotadas por um grupo que baseia lucro em propaganda. Eles querem lucrar com o máximo de anúncios possíveis e nós estamos preocupados com o máximo de escolhas que você pode ter”, compara. Smarts bons e baratos A preocupação com o usuário não fica apenas no destino que tomam os dados pessoais. Gal lembra que os smartphones de topo de linha, carros-chefe do mercado high-end, custam hoje cerca de US$ 800 a US$ 1.000. “A maioria das pessoas na América, e no mundo, não podem pagar por isso!”, critica. Andreas Gal, chefe de tecnologia da Mozilla, CEO do Firefox OS (Foto: Reprodução/ Comunidade Mozilla Brasil) O executivo pondera que bilhões de pessoas não tem acesso a aparelhos como os novos iPhone 6 e Galaxy S6 e que os consumidores precisam gastar centenas de dólares uma vez por ano para estarem atualizados. “Um dispositivo iOS não é criado e pensado para todo esse público”, dispara.  Além disso, pensar no consumidor local, como o brasileiro, pode ajudar a popularizar o Firefox OS: “O consumidor brasileiro é diferente do [consumidor] da Califórnia. A Telefônica veio e nos disse que os aparelhos precisam ter rádio FM”, recorda. Ainda de acordo com o executivo, ninguém nos Estados Unidos usaria rádio FM em um celular. Entretanto, o consumidor brasileiro tem problemas com cobertura 3G e com o preço dos planos de dados. O que o faz recorrer ao rádio no smartphone. Interface inicial do Firefox OS, sistema operacional móvel da Mozilla no MWC 2015 (Foto: Fabricio Vitorino / TechTudo) Privacidade no Brasil O executivo pontua que, em algumas partes do mundo, as pessoas estão começando a entender melhor sobre privacidade, especialmente no Brasil. “Toda essa discussão sobre regulamentação no Brasil criou um ambiente para que as pessoas comecem a fazer perguntas sobre privacidade”, afirma. Gal questiona sobre, por exemplo, as preocupações recentes de um iPhone ou de um Samsung estarem ouvindo tudo o que falamos, vendo tudo o que fazemos. O líder do setor de tecnologia da Mozilla acredita que o cenário atual de insegurança criou uma oportunidade nova e quanto mais pessoas estiverem se questionando sobre privacidade, melhor para os smarts com Firefox OS.  “Com o tempo, nós vamos levar nossa visão de privacidade e segurança para todo o mundo e oferecer o Hello, que é um comunicador end-to-end, com encriptação, para o mercado móvel também”, promete.  Stand da Mozilla para o Firefox OS na Mobile World Congress 2015, em Barcelona (Foto: Fabricio Vitorino / TechTudo) Críticas ao iOS e Android As críticas ao iOS e ao Android não param por aí. Sobre o sistema do Google, ele aponta que cada nova versão do Android é desenvolvida para o consumidor high-end, para tentar competir com o
iOS, do iPhone. “Você está sempre precisando de mais memória, mais CPU, mais
espaço. Por isso, fica cada vez mais difícil para o Android alcançar a
todas as faixas de consumidores, como fazia antes”, detalha. Se você tenta abandonar o iPhone, não consegue. É como uma prisão. Bonita e confortável, mas ainda é uma prisão Adreas Gal, chefe de desenvolvimento do Firefox OS para a Mozilla A Mozilla acredita que, no momento, o melhor a fazer é conquistar os “mercados negligenciados”, seja por falta de personalização, preços altos, falta de recursos ou problemas com privacidade. “A Apple não quer saber deles, o Google está ocupado demais tentando ser o iPhone. Então, temos bilhões de pessoas buscando um smartphone”, completa. Gal lembra também que, nos últimos dois anos, o único competidor nesse segmento foi a linha Asha, da Nokia, que está sendo abandonada pela Microsoft. Segundo
Gal, fazer alguém abandonar um iPhone é muito difícil e esse não é o
objetivo da Mozilla. “As pessoas foram capturadas por aquele
ecossistema. Ou seja, você está preso exatamente por ter comprado
conteúdo da Apple, música, filmes, apps… Se você tenta abandonar o
iPhone, você não consegue. É como uma prisão. Bonita, brilhante,
confortável, mas ainda é uma prisão”, destaca.  Alcatel OneTouch Pixi, smartphone de entrada com Firefox OS no MWC 2015 (Foto: Fabricio Vitorino / TechTudo) A ideia é mostrar ao consumidor que há um outro mundo, no qual ele é
livre para sair e entrar, com tecnologia livre e web. “O mesmo vale
para o Android. São empresas que têm total controle de seus
ecossistemas, com códigos proprietários. Se você está na Apple ou
no Google, você está preso”, diz. Pequena revolução Com o objetivo de levar uma nova visão de privacidade e segurança para quem procura por um smartphone, a Mozilla inicia lentamente o que podemos chamar de uma “pequena revolução”. Começando a passos lentos com celulares de entrada, a desenvolvedora não afasta voos mais altos. O que não quer dizer que o Firefox OS não vai buscar no topo, ou que não pretende fazer sucesso na categoria. “Nós queremos atingir a todos e a grande oportunidade está no segmento de entrada. No mundo, 1,2 bilhão de pessoas têm um smartphone. Os seis bilhões que restam não poderiam pagar por um iPhone”, defende Gal, que vê nos smarts mais baratos a oportunidade de fazer volume.  Com os pés no chão, a Mozilla entende que é menor que os rivais Google e Apple, e precisa escolher sua lutas. Porém, vê nos países em desenvolvimento a chance de discutir segurança e crescer. “Conforme formos ganhando espaço podemos tentar um ataque ao mercado dos tops de linha”, projeta. Smartsphones com Firefox OS O aparelho mais top de linha equipado com Firefox OS atualmente é feito por uma empresa japonesa, a KDDI. O Fx0 é quad-core Qualcomm Snapdragon de 1,2 GHz, com 1,5 GB de RAM, bateria de
2.370 mAh e 16 GB de armazenamento, expansível via cartão microSDXC. O executivo explica que o mercado japonês é essencialmente top de linha e que o aparelho foi feito apenas para mostrar aos usuários entusiastas do código aberto que é possível oferecer alternativas high-end com Firefox OS. Fx0, smart top no mercado japonês com Firefox OS no MWC 2015 (Foto: Fabricio Vitorino / TechTudo) Em paralelo, KDDI, LG U+, Telefônica Vivo e Verizon Wireless trabalham em parceria com a Mozilla para criar uma nova categoria de smartphones com lançamento previsto para 2016. Segundo a desenvolvedora, mais intuitivos e fáceis de usar. Os aparelhos virão em diversos formatos como flips, slides e slates com aplicativos de entretenimento, GPS, player de música, câmera e mais. A parceria com a Orange levará o Firefox OS a 13 mercados, colocando a internet móvel ao alcance de milhões de pessoas na África e no Oriente Médio. O Orange Klif será vendido a preços abaixo dos US$ 40 e inclui também pacotes de dados, voz e texto. O smartphone Firefox OS 3G é exclusivo da Orange e estará disponível a partir do segundo trimestre em países como Egito, Senegal, Tunísia, Camarões, Botswana, Madagascar, Mali, Costa do Marfim, Jordânia, Níger, Quênia, Ilhas Maurício e Vanuatu. “Estamos falando de aparelhos perfeitamente compráveis, é onde achamos que temos a chance de fazer volume”, encerra Gal. *Colaborou Melissa Cruz saiba mais MWC 2015: reveja os smarts lançados e escolha o melhor para você Smartwatches lançados no MWC 2015 esbanjaram beleza; reveja os relógios Testamos o Gear VR Innovator Edition: ‘Oculus’ Samsung fica ainda melhor 

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