Na última terça-feira (19), cientistas da Universidade Tufts, em Massachusetts (EUA), explicaram ao site The Conversation a importância da identificação do novo coronavírus em animais selvagens. Os autores do estudo e especialistas em doenças infecciosas e medicina veterinária, Jonathan Runstadler e Kaitlin Sawatzki, acreditam que entender melhor a dinâmica de transmissão do vírus entre espécies pode ajudar a evitar novas mutações, minimizando ameaças à eficácia da vacina.
O motivo da preocupação se dá pela natureza volátil do vírus, que pode sofrer mutações ao infectar outras espécies e se adaptar aos novos hospedeiros. Runstadler e Sawatzki explicam que ainda não há detalhes do impacto dessas mutações no corpo humano e que essas mudanças podem indicar o surgimento de novas variantes do vírus no futuro.
Nesse contexto, os pesquisadores estão coletando amostras biológicas de animais selvagens em parceria com outros médicos veterinários, buscando vestígios do novo coronavírus e possíveis mutações. Felizmente, eles não identificaram nenhum caso positivo em mais de 300 animais de 20 espécies diferentes.
No ano passado, foi encontrado um vison infectado pelo coronavírus em Utah, nos EUA. (Fonte: Science Magazine / Reprodução)Fonte: Science Magazine
Contudo, a presença do novo coronavírus em animais não é mais uma surpresa. Desde o início da pandemia, há relatos de pessoas contaminadas pela covid-19 que acabaram transmitindo a doença para seus animais de estimação. Esses casos podem acontecer após o contato das espécies com uma grande concentração de carga viral, seja por via direta, como o contato humano prolongado, ou indireta, pela ingestão de água de descarte e alimentos, por exemplo.
Infelizmente, as medidas para conter o possível avanço da transmissão do Sars-Cov-2 entre os animais selvagens podem ser severas. No fim do ano passado, a Dinamarca sacrificou cerca de 17 milhões de visons após um surto de covid-19 em 200 fazendas de criação. Runstadler e Sawatzki afirmam que a descoberta confirmou a preocupação: “ver o primeiro animal selvagem com covid-19 natural é alarmante, mas infelizmente não é surpreendente”.
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