Cientistas detectaram pela primeira vez uma rajada rápida de rádio (FRB, na sigla em inglês de Fast Radio Bursts) originária de uma estrela da constelação Vulpecula na Via Láctea há 30 mil anos. Publicado no The Astrophysical Journal Letters, periódico científico de astronomia e astrofísica, o trabalho partiu de informações do telescópio espacial International Gamma-Ray Astrophysics Laboratory (INTEGRAL) da Agência Espacial Europeia (ESA).
O fenômeno seria decorrente de uma poderosa mistura de energia de radiação gama e raio-X, constatada na Terra em diversos institutos no final de abril deste ano.
Descobertos em 2007 em uma revisão de dados obtidos em 2001 pelo Observatório de Parkes (Austrália), os sinais do tipo FRB foram reportados apenas em outras galáxias a milhões de anos-luz e até então geravam debates para consolidar uma explicação definitiva sobre sua origem. Agora, a pesquisa orienta e fornece novas ferramentas para o estudo do espaço e até mesmo para testes de teorias físicas fundamentais.
Arte conceitual de um magnetarFonte: The European Space Agency/Reprodução
A novidade também representa um grande avanço no campo da astronomia, pois indica que magnetares podem indicar o surgimento dessas explosões. Essa classe de estrelas de nêutrons, denominada de SGR 1935+2154, com campos magnéticos extremamente densos e fortes, é capaz de emanar quantidades intensas de energia muito tempo depois de esses corpos celestiais terem morrido.
A conclusão é a de que eles seriam a fonte de, pelo menos, alguns dos FRBs do universo: “Nunca vimos uma explosão de ondas semelhante a uma rajada rápida de rádio de um magnetar antes, e essa é a primeira conexão observacional entre ambos”, disse Sandro Mereghetti, líder do artigo e pesquisador do Instituto Nacional de Astrofísica de Milão, em comunicado da ESA.
Erik Kuulkers, cientista da agência, ressaltou que a descoberta só foi possível porque vários telescópios na Terra e em órbita foram capazes de capturar a explosão simultaneamente, em muitos comprimentos de onda em todo o espectro eletromagnético. Ele também apontou que é necessária uma maior colaboração entre as instituições para “trazer à tona a origem desses fenômenos misteriosos”.
“Esse tipo de abordagem colaborativa destaca a importância da coordenação, em grande escala, para a descoberta e incentiva a pesquisa científica. Ao reunir observações da parte de alta energia do espectro até as ondas de rádio, de todo o globo e no espaço, os cientistas foram capazes de elucidar um mistério antigo da astronomia. Estamos entusiasmados com o fato de o INTEGRAL ter desempenhado um papel fundamental nisso”, acrescentou.
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