Com bullying, Brasil fatura ‘Oscar dos apps’ pela primeira vez na WWDC

A WWDC 2015 vai ficar na história. Ao menos para dois brasileiros, que faturaram o Apple Design Awards, o “Oscar dos aplicativos”, um dos prêmios mais importantes do mundo mobile. Mas além do Jump-O , o app campeão, outros jovens mereceram destaque especial na conferência de desenvolvedores da Apple. WWDC 2015: Apple revela iOS 9 com Siri ‘mais smart’, El Capitan e Music Desenvolvedores brasileiros vencem o Design Awards (Foto: Fabrício Vitorino/TechTudo) Além do Jump-O, cuja inspiração veio do bullying sofrido por seus criadores, tanto o Lana, que ajuda pessoas com deficiência linguística, quanto o Ludwig, que ensina música para deficientes auditivos, conseguiram um grande destaque no evento. Raphael Silva apareceu em vídeo de homenagem aos desenvolvedores na WWDC (Foto: Reprodução/Apple) Raphael Augusto da Silva, de 23 anos, surpreendeu ao aparecer no vídeo que homenageou os desenvolvedores, durante a palestra de Tim Cook. “Esse sentimento fantástico que a música me proporciona, eu quero que todos sintam. Mesmo os que não podem ouvir”. Com essa frase, no vídeo exibido no telão, Raphael apresentou seu Ludwig para toda a comunidade Apple. Raphael Silva é o desenvolvedor do app Ludwig (Foto: Fabrício Vitorino/TechTudo) E a ideia por trás do app é simples: trata-se de um piano que trabalha com cores e vibrações, através de uma pulseira – e lembra muito o jogo Guitar Hero . “A gente usa os outros sentidos para criar uma nova experiência para os deficientes. O objetivo é sentir a música por meio destas cores e vibrações. Queremos realmente ensinar a música para o deficiente auditivo”, explica Raphael. Ludwig ensina música para deficientes auditivos (Foto: Fabrício Vitorino/TechTudo) O jovem, que estuda em Campinas, é um dos cinco integrantes do grupo, que conta ainda com Ivan Ortiz, André Castro, Pedro Rafael Domotor e Joaquim José Fantin Pereira. Raphael explica que o convite para o vídeo da Apple veio após alguns contatos com a empresa para tirar dúvidas – que acabou por encantar a matriz, em Cupertino. O projeto Ludwig, que começou em 2013, ainda não chegou à App Store, mas isso deve acontecer num futuro próximo, segundo o criador. Emannuel Carvalho é o desenvolvedor do aplicativo Lana que ganhou destaque na conferência da Apple (Foto: Fabrício Vitorino/TechTudo) O estudante de ciência da computação na Mackenzie, em SP, Emannuel Carvalho, também conseguiu destaque para seu aplicativo, o Lana, que se propõe a ajudar pessoas com deficiência linguística. “A ideia é que as pessoas possam fazer os exercícios em casa, e o médico possa acompanhar. O app faz com que os exercícios se adequem da melhor maneira”, diz. Lana é um app que serve para ajudar pessoas com deficiência linguística (Foto: Fabrício Vitorino/TechTudo) Basicamente, o app funciona com reconhecimento de voz e cards. Conforme o paciente vai respondendo e participando, os resultados são enviados e avaliados pelo profissional de saúde. A identificação de cards é um dos exercícios propostos para a evolução do paciente. Mas demandava deslocamento até o consultório – e um limite diário de sessões. Agora, é possível praticar o máximo possível. jump-O é o grande campeão do WWDC 2015 e faturou o Apple Design Awars (Foto: Fabrício Vitorino/TechTudo) Por sua vez, o jump-O é o grande campeão do WWDC 2015: faturou o Apple Design Awards pela primeira vez para o Brasil com uma ideia minimalista, que nasceu a partir de um problema pessoal dos criadores, os curitibanos Gabriel Rocha e Victor Gimenez. “Foi um jogo feito após uma experiência nossa de criança, de sofrer bullying na escola. O personagem principal é um círculo, já que nós éramos gordinhos, e o mundo todo era quadrado. Era uma sensação que tínhamos, de que não encaixávamos no mundo”, explica Gimenez, que acrescenta mais um detalhe: não se pode atacar o cenário, só se defender. Quando se tenta revidar, os grupos de bullying aumentam. jump-O, game feito por brasileiros, faturou o Apple Design Awards (Foto: Fabrício Vitorino/TechTudo) O game foi lançado em 2014 e, segundo Gimenez, em três dias o jogo virou top 3 nas App Stores de Brasil e México. “Aí nesta segunda, foi uma total surpresa. Quando chamaram nosso nome, ficamos colados na cadeira. O que a gente faz agora?”, brinca Gabriel Rocha, sobre o momento em que seu nome foi anunciado no Apple Design Awards, categoria Schoolarship (e, ironicamente, o prêmio da Apple é… quadrado!). Gabriel Rocha, desenvolvedor de jump-O, venceu o Apple Design Awards na categoria Schoolarship (Foto: Fabrício Vitorino/TechTudo) saiba mais WWDC 2015 começa hoje; veja preparativos e o que esperar do evento da Apple WWDC traz novas expectativas para o iPhone 6S; veja o que esperar iOS 9: saiba quais aparelhos são compatíveis com o novo sistema Enquanto ainda não conseguem viver de apps – a dupla diz ter faturado apenas cerca de US$ 110 com publicidade -, Gabriel e Victor também não pensam em levar o jump-O para outras plataformas. “Agora estamos pretendendo lançar mais níveis. Somos desenvolvedores de jogos, não de iOS . Por isso estamos pensando ainda no que fazer”, diz Gimenez. “Uma coisa importante foi que provamos que o jogo podia ser legal sem ser esteticamente bonito, pelos padrões”, acrescenta Rocha. O que você acha das novidades da Apple para 2015? Comente no Fórum do TechTudo! E para quem ainda duvida da força dos aplicativos, bastam cinco minutos com os brasileiros pelos corredores do Moscone Center, em São Francisco, para entender. De fotos a dicas, o grupo é alvo constante do “assédio” de colegas desenvolvedores de todo o mundo. Durante a abertura da WWDC, Tim Cook reconheceu o esforço dos desenvolvedores com a seguinte frase: “Não há limite para o que você pode fazer”. E nossos brasileiros parecem saber muito bem disso. * Fabrício Vitorino viajou para São Francisco a convite da Apple

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