No início da década de 80 a oferta de RPGs não era muito grande, principalmente quando se tratava de consoles e quando Yuji Horii teve a oportunidade de experimentar um jogo chamado Wizardry em uma feira, ele ficou fascinado com os gráficos e com sua complexidade. Trabalhando para a Enix, ele imediatamente desejou levar aquele estilo para um público mais amplo e foi assim que teve início o embrião de uma lenda chamada Dragon Quest.
Mas na época o game designer estava trabalhando em um jogo para PC chamado The Portopia Serial Murder Case e após o seu lançamento, ele recebeu a tarefa de levá-lo para o Nintendinho japonês. Junto com Koichi Nakamura, outra figura talentosa do estúdio, as dificuldades encaradas na adaptação daquele projeto foram fundamentais para a criação do título que Horii havia idealizado, com eles tendo sido obrigados a fazer com que a interface funcionasse com um controle, o que deu origem ao sistema de menus que depois se tornaria padrão do gênero.
A jogabilidade no entanto teria como inspiração o próprio Wizardry, com suas batalhas em primeira pessoa, mas também o clássico de Richard Garriot, Ultima, que colocava os jogadores para explorar um enorme mapa com uma visão aérea.
Mas Yuji Horii queria fazer com que a aventura fosse a mais acessível possível e por isso fugiu da aleatoriedade oferecida pelo esquema Dungeon & Dragon, fazendo com que o protagonista iniciasse bem fraco, mas o sistema de evolução fosse acelerado nos níveis iniciais. O jogador também poderia ir para qualquer lugar do mapa, numa das primeiras implementações de jogabilidade não linear dos consoles. Além disso, ele sabia que a parte visual poderia atrair mais pessoas e assim contrataram o mangaká Akira “Dragon Ball” Toriyama.
Então, quando em 1986 o jogo finalmente chegou às lojas japonesas, o que se viu foi um enorme sucesso. Mais de dois milhões de cópias foram vendidas e mesmo sem ter noção disso no momento, a Enix havia criado aquela que viria a se tornar uma das marcas mais adoradas da indústria.
Tudo bem, no ocidente a recepção não chegou a ser tão calorosa, com o jogo que ficou conhecido por aqui como Dragon Warrior não tendo vendido tanto, mas todos reconhecem a sua importância para a indústria, até por ele ter consolidado vários dos alicerces que ainda hoje sustentam o que nos habituamos a chamar de JRPGs. Mas mesmo sem nunca ter alcançado a força que possui por lá, com o passar do tempo a franquia acabou ganhando tração neste lado do planeta.
Tamanha relevância pode ser vista no fato que, de lá para cá a série principal recebeu 11 capítulos para diversas plataformas, com o último deles tendo sido lançado em 2017. Mas se você já estava com saudade de experimentar um novo Dragon Quest, ficará feliz ao saber que as pessoas responsáveis pela franquia tinham várias novidades guardadas para comemorar seu 35° aniversário.
Através de uma transmissão ao vivo no site oficial, a Square Enix revelou a produção do Dragon Quest XII: The Flames of Fate, título que de acordo com o criador da série adotará algumas diferenças em relação aos anteriores. Uma delas diz respeito à atmosfera da aventura, que deverá ser mais sombria e madura, colocando os jogadores para tomar duras decisões conforme avançam pela história.
Ainda segundo Yuji Horii, podemos esperar alterações no sistema de batalhas por turnos, assim como um lançamento simultâneo no Japão e no ocidente. Porém, ainda não temos uma data prevista para isso acontecer, muito menos em quais plataformas o jogo aparecerá (o Dragon Quest XI teve versões para PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox One e PC, além do 3DS). Por enquanto, nos resta ficar com um teaser do novo jogo.
Outra bela notícia dada durante a live foi a existência de uma versão melhorada para o terceiro jogo da série. Intitulado Dragon Quest III: HD-2D Remake, ainda não temos muitos detalhes sobre o que receberemos com ele, mas já chama a atenção a belíssima direção artística adotada para este relançamento, lembrando bastante o estilo visual do Octopath Traveler.
Um detalhe que vale ser mencionado é que a trilogia inicial da franquia conta a história de um guerreiro chamado Erdrick e que deve salvar o mundo, sendo que o Dragon Quest III se passa cronologicamente antes dos antecessores. Sendo assim, este remake poderá ser uma ótima porta de entrada para quem não conhece a série, principalmente se a jogabilidade for adaptada para os dias atuais.
Novamente, faltou a Square Enix dar maiores detalhes sobre o projeto, como data de lançamento e onde poderemos jogar essa belezinha.
Mas além destes dois anúncios maiores, a editora japonesa ainda tinha outras novidades que poderão agradar os fãs, entre eles o lançamento do Dragon Quest X Offline. Quem deu maiores explicações sobre o jogo foi o produtor Takumi Shiraishi:
“Como vocês devem ter imaginado pelo título, esta é uma nova versão do Dragon Quest X Online, na qual vocês não precisarão de uma conexão com a internet para jogar. Estamos procurando criar uma versão independente do Dragon Quest X que seja fácil de aprender e de jogar — e como você viu no vídeo promocional, uma com um estilo [visual] diferente do primo online.”
Shiraishi ainda afirmou que além do estilo super-deformed, o jogo trará outras mudanças e que a equipe envolvida na sua criação está dando duro para que o lançamento aconteça no Japão em 2022, sem que uma versão para o ocidente tenha sido mencionada. Abaixo você confere o trailer do Dragon Quest X Offline.
Por fim, o evento ainda tinha espaço para a revelação de dois spin-offs, o Dragon Quest Keshi Keshi e o Dragon Quest Treasures. O primeiro será um jogo de quebra-cabeças que contará com diversos personagens da franquia, com previsão de chegar aos dispositivos Android e iOS, ainda em 2021 (no Japão). Já o segundo parece bem mais promissor, nos colocando novamente no controle dos personagens Erik e Mia, do Dragon Quest XI: Echoes of an Elusive Age.
Desenvolvido sob a supervisão de Yuji Horii, nele teremos a dupla quando ainda eram crianças e o nosso objetivo será caçar tesouros. Embora não pudesse dar maiores detalhes, o produtor Taichi Inuzuka disse que este “será um RPG, mas nada parecido com um tradicional” e a intenção é lançá-lo simultaneamente em todo o mundo.
A torcida agora é para que tais jogos não demorem muito para serem lançados e que consigamos encontrar tempo para jogar tudo isso — Spoiler: não encontraremos!
Source link