Como os nômades digitais ganham dinheiro viajando pelo mundo?

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A globalização e a revolução tecnológica mudaram as formas com que as pessoas assistem filmes (streaming), se exercitam (Ring Fit Adventure), se reúnem (chamadas de vídeo) e fazem compras (e-commerce). Além dessas transformações no lazer e consumo, o jeito com que os cidadãos encaram o trabalho também foi alterado para sempre, sendo que um dos resultados disso foi o chamado “nomadismo digital”.

Em uma pesquisa de 2018, chamada de State of Independence, a empresa de consultoria MBO Partners definiu os nômades digitais como “pessoas que optam por adotar um estilo de vida independente de localização e habilitado por tecnologias que lhes permitem viajar e trabalhar remotamente e em qualquer lugar do mundo”.

O levantamento mostrou que esses trabalhadores independentes decidiram trocar o ambiente corporativo tradicional por escritórios ao ar livre. Em geral, esses indivíduos são autônomos ou freelancers que viajam entre cidades e países para exercer sua função profissional ou até mesmo monetizando o próprio itinerário (caso dos produtores de conteúdo e influencers).

Nômades digitais

Em comum, esse público compartilha uma paixão por novas aventuras e experiências em locais distantes de sua origem. A internet possui papel fundamental no processo, já que é a partir dela que os nômades digitais conseguem ganhar dinheiro mesmo estando em trânsito entre várias localidades.

Em um artigo científico publicado em maio de 2020, a pesquisadora Olga Hannonen, da Universidade da Finlândia Oriental, argumentou que esse estilo de vida atrai principalmente jovens empreendedores que possuem um grande conhecimento de ferramentas digitais e de teletrabalho. A acadêmica citou também que é muito comum que eles mergulhem na cultura local da cidade onde estão localizados.

Apesar disso, Hannonen argumentou que o conhecimento científico sobre o tema ainda é incipiente. Ela lembrou que, para se ter uma ideia melhor sobre esse fenômeno, é preciso analisar a duração desses movimentos (são duradouras ou só uma fase?), como é a noção do tempo dessas pessoas e ainda o impacto que elas causam nas comunidades em que se estabelecem por um período.

Dos tribunais para o meio da natureza

Para entender um pouco desse estilo de vida, o TecMundo conversou com pessoas como Alessandro da Cruz e Duda Cardoso, um casal de advogados que trabalhou em grandes escritórios do país e resolveu viver uma vida sem fronteiras há algum tempo.

Alê e Duda, como se identificam nas redes sociais, planejaram a mudança de vida durante cerca de um ano e meio, período em que juntaram dinheiro e criaram um roteiro da viagem. Desde o início do ano passado eles se deslocam pela América do Sul a bordo de um motorhome de fabricação artesanal.

“Contar para todo mundo sobre o nosso plano não foi tranquilo. Várias pessoas achavam que estávamos fazendo uma loucura. Chegaram a dizer que nós iríamos virar hippie”, relatou Duda.

Nômades digitaisAlê e Duda em seu motorhome

“No primeiro mês de viagem já percebemos que aquilo era o que queríamos. Não éramos infelizes trabalhando no mundo corporativo, mas percebemos o quanto desejávamos dar um sentido diferente para as nossas vidas”, complementou Alê.

O cronograma do casal acabou sendo atrapalhado pelo fator pandemia, que os fez ficar 8 meses “presos” na Argentina (5 meses em El Calafate e 3 meses em Bariloche). A despeito da crise, os dois conseguiram passar também por Uruguai e Chile e atualmente estão trabalhando diretamente da Chapada dos Veadeiros (GO).

“Nosso plano não é viver na van para sempre, até porque hoje em dia não temos uma segunda casa. Estamos encarando esse projeto para alguns anos, sendo que como objetivo principal queremos chegar ao Alaska. E enquanto tudo isso durar vamos aproveitar da melhor maneira possível”, explicou Alessandro.

Nômades digitaisO casal de advogados pretende visitar o Brasil todo ainda em 2021

Vivendo sem fronteiras

A publicitária paulistana Tassiana Ghorayeb, de 34 anos, é uma cidadã do mundo desde a segunda metade de 2019. Ao todo, já foram 14 países visitados no período, entre eles alguns tradicionais como Espanha, Portugal, Alemanha e França e outros culturamente distantes do Brasil como Eslovênia, Eslováquia, Hungria e Romênia.

Ela contou ao TecMundo que decidiu virar nômade digital porque “sentia que faltava alguma coisa” em sua vida. Com esse sentimento, a jovem simplesmente chegou um dia no trabalho e pediu as contas para que pudesse finalmente se sentir completa.

“Eu não tenho arrependimentos, se voltasse atrás eu faria exatamente a mesma coisa. Essa experiência tem me mostrado como existem pessoas boas e respeitosas em absolutamente todos os cantos. Eu também aprendi como é possível viver uma vida tranquila com menos dinheiro e menos consumismo. O que estou vivendo não tem preço”, relatou Tassiana.

Nômades digitaisA publicitária Tassiana Ghorayeb está vivendo na Macedônia atualmente

Tassiana contou que viver em outras culturas aprendendo o estilo de vida e a forma com que uma  comunidade diferente da nossa enxerga o mundo é bastante gratificante. Ela citou que apesar dos problemas burocráticos como a conversão das moedas, o desconhecimento sobre a geografia local e a distância da família, ela pretende continuar a volta ao mundo enquanto se sentir feliz e tudo for financeiramente viável.

Nesse período de pandemia, Tassiana contou que tudo tem sido mais difícil. As mudanças de regras nos locais têm gerado uma sensação de incerteza para quem vive uma vida como a dela. O próprio país onde ela está, a Macedônia, na verdade seria uma passagem de apenas 5 dias que já está durando mais de 20.

Ela prega que por causa da impossibilidade de saber o dia e a hora que a crise sanitária irá acabar, ela tem tomado todos os cuidados e recebido a ajuda de famílias para passar por situações de lockdown, por exemplo. Mesmo com todo esse cenário caótico, a publicitária não perdeu o entusiasmo de que as coisas vão melhorar, já que ela “tem tanta coisa ainda para ver e aprender”.

Pela falta de contato físico com a família, ela utiliza sua página do Instagram para publicar curiosidades e relatar um pouco da história dos países que visita. “Eu lembro que eles não estão aqui comigo e talvez nunca visitem esses locais, então eu penso no que pode ser legal de compartilhar e contar”.

Nômades digitaisTassiana (na ponta esquerda) disse que a hospitalidade é uma das características mais universais entre as pessoas que conviveu

Como ganhar dinheiro viajando?

Uma dúvida comum que surge ao se abordar o nomadismo digital é como conseguir renda, já que conseguir um emprego fixo é mais complicado vivendo dessa forma. Porém, existem diversas formas de tornar o estilo de vida viável.

No caso de Alê e Duda, eles guardaram dinheiro e fizeram uma reserva até mesmo vendendo o carro e itens como televisores e roupas. Todo o relato da viagem e experiência do casal é feito no site, YouTube e nas redes sociais do Get Outside, nome da empresa que eles criaram.

Atualmente, eles possuem 5 fontes de renda: atuação como influenciadores para marcas; trabalhos de fotografia e produção de vídeo; venda de ebooks e cursos; monetização do canal do YouTube e programa de afiliados.

“Nós estruturamos o nomadismo digital como um negócio. Então abrimos uma empresa, buscamos clientes e parceiros que pudessem se juntar com a gente nesse grande projeto para tornar tudo viável”, explicou Alê.

Nômades digitaisA falta de internet e a preocupação de onde dormir estão entre os perrengues citados por Alê e Duda

Ambos citam a importância do planejamento financeiro para que o estilo de vida seja factível. Duda comentou que o empreendedorismo é uma parte essencial do ciclo que eles estão vivendo agora. “Muita gente nos vê viajando pelos lugares e romantiza muito, esquecendo que tudo isso é a nossa nova forma de trabalhar e viver”, alertou a advogada.

No caso de Tassiana, ela contou que para sobreviver, além de fazer projetos freelances de publicidade para o Brasil, ela atua pela Workaway (plataforma para pessoas que querem trabalhar para um anfitrião em troca de moradia e alimentação) ou de maneira voluntária.

“Eu já cozinhei para hóspedes em um hostel na Romênia por 3 meses, trabalhei em uma lavanderia na Turquia, em um bar na Croácia, ajudei um host (anfitrião) na Espanha com marketing digital para abrir a empresa dele, enfim, bastante coisa. Todas foram experiências incríveis”.

A publicitária afirmou que, por causa da pandemia, os projetos de publicidade estão mais escassos e pagando menos. Por causa disso, ela contou que está precisando trabalhar mais para conseguir a mesma renda que tinha em tempos sem crise sanitária. “Uma das melhores dicas para quem vive como nômade digital é saber se adaptar e ficar ligado em tudo que está rolando. Isso te ajuda a pensar nos próximos passos”, ressaltou.

Nômades digitaisTassiana diz que costuma absorver sempre um pouco da cultura do local onde está

Por causa da pandemia, várias empresas têm flexibilizado o regime de atuação dos funcionários, o que tem possibilitado novas relações laborais. E para quem está pensando em virar nômade digital, o TecMundo aproveitou para deixar algumas dicas de plataformas e vagas de emprego para conseguir um dinheiro trabalhando em modelos home office e à distância. Confira, a seguir, as sugestões:



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