Conheça Elsie MacGill – A Rainha dos Furacões

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Enquanto ronronava (ou seja lá o que bebês façam) nos braços da mãe, a pequena Elsie MacGill não fazia idéia que em 35 anos o fruto de seu trabalho estaria aterrorizando nazistas sobre o céu da Inglaterra, e mesmo seus pais, progressistas e modernos não imaginavam que sua menina iria tão longe.

Elizabeth “Elsie” MacGill nasceu em 1905 na Colúmbia Britânica, dois anos depois da invenção que iria dar significado a sua vida: O avião.

Seu pai, James Henry, era advogado, diácono e jornalista. Sua mãe, Helen, era jornalista e foi a primeira Juíza da província. O ambiente domiciliar era extremamente intelectualizado, a ponto dos pais decidirem educar Elsie em casa, repetindo o currículo e metodologia da escola só para meninos que seus irmãos mais velhos frequentavam.

Por causa disso ela ao invés de seguir a carreira mais adequada à moças de boa estirpe em seu tempo -prendas domésticas- acabou se interessando por Ciência e Tecnologia, a ponto de com 16 anos entrar para a Universidade de Toronto, aonde se formou em 1927 com um bacharelado em Ciências Aplicadas em Engenharia. Em verdade ela se tornou a primeira canadense a se formar Engenheira Elétrica. Bzzzt.

Já na faculdade ela se focou no ainda muito recente campo da engenharia aeronáutica. Lembre-se, o primeiro avião voou em 1903, ela entrou na faculdade em 1923. E fazia questão de participar dos projetos de desenho e construção de aeronaves experimentais, incluindo fazer parte dos vôos de teste.

Elsie MacGill, na fase nerdinha.

Quando estava no final da faculdade, Elsie MacGill levou uma bolada nas costas do Destino: Pegou pólio. Presa na cama do hospital, ela conseguiu autorização para fazer as provas finais lá mesmo, e passou com louvor. Já sua saúde não ia tão bem. Os médicos disseram que provavelmente ela passaria o resto da vida em uma cadeira de rodas.

Não satisfeita, Elsie pediu uma segunda opinião a si mesma, e aprendeu a andar com um par de bengalas, e foi à luta. Depois do bacharelado ela fez um Mestrado em Engenharia Aeronáutica na Universidade de Michigan e um Doutorado no MIT.

Entre pesquisas e artigos jornalísticos (não julgo, todo mundo tem que botar comida na mesa) Elsie MacGill foi bater na Fairchild, com um currículo que incluía um monte de artigos científicos, pesquisa experimental, mas nenhuma experiência de mercado. Ainda havia o agravante de ser mulher E deficiente. Se hoje isso já não ajuda, imagine em 1934.

Claro, Elsie sabia vender seu peixe e saiu da entrevista com uma vaga de Engenheira Aeronáutica Assistente, e nas horas vagas publicava pesquisas, o que a levou a se tornar a primeira mulher a fazer parte do Instituto de Engenharia do Canadá.

Em 1938 Elsie MacGill foi contratada pela Canadian Car and Foundry (CanCar) como Engenheira Aeronáutica Chefe, foi a primeira mulher do mundo a alcançar esse cargo.

Lá ela projetou um biplano de treinamento em grande altitude, e recusou quando quiseram batizar o CCF Maple Leaf Trainer II com seu nome, não queria “honrarias”, mas querendo ou não ela se tornou a primeira mulher a projetar e construir um avião.

Elsie MacGill e seu Maple Leaf Trainer II

Um ano depois para surpresa de basicamente ninguém, a Inglaterra entrou na Guerra, e pedidos de novas aeronaves foram espalhados por todas as fábricas possíveis. A CanCar não ficou de fora, mas havia um problema: Eles teriam que expandir suas instalações E produzir caças Hawker Hurricane sob licença, equipamento de alta tecnologia que exigiu toda uma troca de maquinário, treinamento de funcionários e ampliação dos quadros da empresa.

Era um trabalho de logística gigantesco, e como todo mundo que já jogou Age of Empires sabe, é logística que ganha guerras. Organizar isso tudo e manter essa linha de produção funcionando exigiria um administrador excepcional, alguém com conhecimento de chão de fábrica E da parte mais sofisticada do desenho de aeronaves. Depois de procurar bastante, acharam o homem certo para a tarefa: Elsie MacGill.

Ela não perdia um detalhe. Mesmo crescendo o pessoal de 500 para 4500 pessoas, metade dessas mulheres, a CanCar não se enrolou, o barulho das bengalas de Elsie devia apavorar os preguiçosos, pois no final da produção, em 1943 a empresa havia construído mais de 2000 caças, e não se engane, quem salvou o dia na Batalha da Inglaterra foi o Hurricane.

Um Hawker Hurricane da RCAF – Royal Canadian Air Force

Ele era mais feio mais gordo e mais lento que o Spitfire, mas aguentava tiro que era uma beleza, e era especializado em caçar os bombardeiros nazistas, enquanto os Spitfires brincavam com os BF109s. 55% das vitórias aéreas na Batalha da Inglaterra foram de Hurricanes, os Spitfires ficaram com 42% e o resto foi a artilharia anti-aérea.

A última coisa que muitos dos malditos chucrutes viram provavelmente foi um Hurricane cuspindo projéteis de seus quatro canhões de 20mm. E boa parte desses aviões estavam lá graças a Elsie MacGill, que ganhou o apelido de Queen of the Hurricanes, (Rainha dos Furacões – cuidado, PDF), e se tornou uma mini-celebridade, apresentando programas de rádio e ganhando até uma história em quadrinhos contando sua vida.

E quando não estava organizando a produção, Elsie ainda tinha tempo de resolver mais problemas. Quando os pilotos começaram a reclamar que o Hurricane não se comportava bem em grandes altitudes e no inverno, por causa de formação de gelo nas asas, Elsie sentou seu aristocrático traseiro na prancheta e criou um sistema de descongelamento. Pistas cobertas de neve? Trivial, ela desenhou um dispositivo para acoplar esquis ao Hurricane.

Depois da Guerra Elsie MacGill montou uma empresa de consultoria, e foi a primeira mulher a se tornar Consultora Técnica da Organização da Aviação Civil Internacional, aonde ajudou a redigir regulamentos que formaram a base da aviação comercial moderna.

A Colorização via IA fez a Elsie MacGill parecer estar operando uma metralhadora que atira salsichas.

Entre suas atividades aeronáuticas, Elsie MacGill era ativista por direitos femininos, coisa que aprendeu com a mãe sufragista. Entre muitas outras causas, Elsie fez muito para promover a inclusão de mulheres nas áreas de ciência e tecnologia. Entre uma lista invejável de títulos honorários e condecorações, ela recebeu a Ordem do Canadá, a segunda maior condecoração do país, por serviços prestados à Aviação.

Elsie MacGill venceu a pólio, o preconceito, a guerra e morreu em paz em Cambridge, Massachusetts, em 4 de novembro de 1980, aos 75 anos.

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