Conheça Yara Flor a Mulher-Maravilha Brasileira

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Yara Flor? Isso mesmo, Yara Flor, esse é o nome da nova Mulher-Maravilha Brasileira, que será apresentada ao mundo ano que vem no evento Future State, que começa em janeiro. O quê sabemos dela, qual sua importância e qual sua repercussão?

Yara Flor, a nova Mulher-Maravilha (Crédito: DC)

O Twitter e as interwebs em geral ficaram em polvorosa, para usar uma expressão que é velha até para mim. Os comentários iam do óbvio “é lacração” ao pessoal em êxtase por essa demonstração de inclusão e representatividade da mulher brasileira. Yara Flor ganhou imediatamente milhares de fãs que farão tudo para defender a personagem, exceto comprar o gibi.

O que é Future State

Future State é um arco que durará dois meses, sucede os arcos Generations e Death Metal, que a DC ainda está publicando, e funciona como uma espécie de unificação dos personagens em várias eras, uma tentativa de consertar -mais uma vez- a continuidade completamente zoneada entre os vários universos do Multiverso DC. Infelizmente o Coronga meio que dizimou a indústria de quadrinhos, e os planos tiveram que ser redimensionados.

Capas das futuras edições, a não ser que você esteja lendo isto no futuro, então são das edições passadas. (Crédito: DC)

A temática é basicamente o manto dos super-heróis sendo passado para a nova geração, com um novo Batman, o filho do Super-Homem assumindo o título enquanto Kal-El se exila no espaço, e a Mulher Maravilha enfrenta uma ameaça distante no espaço, a Terra precisa de uma nova campeã e essa é… Yara Flor.

Tá eu sei, o nome, o nome. Neal Adams conta que quando estava criando John Stewart, o Lanterna Verde negro, a DC comprou a idéia, achou ótimo diversificar, mas o editor sugeriu que o personagem deveria se chamar… Lincoln Washington, seguindo a linha de ex-escravos de adotarem nomes dos Pais Fundadores dos EUA. É ridículo, paternalista e Adams bateu pé e se recusou. Ainda bem.

Quem é Yara Flor

Crédito: DC

Yara Flor parece nome criado por uma pedagoga de uma escola nos Jardins, que o máximo de floresta que viu na vida foi o Ibirapuera, planejando uma aula sobre folclore indígena.

Mesmo assim a personagem na história escrita por Joëlle Jones (Batman, Mulher-Gato, Mulher-Aranha, Feiticeira Escarlate, entre outros) mora nos EUA, é uma imigrante nascida e criada no Brasil, e é escolhida para ser a nova Mulher-Maravilha.

A DC está soltando pistas dessas mudanças nos seus títulos regulares. No caso da Mulher-Maravilha, no Wonder Woman Annual #4, publicado em Agosto de 2020, a história é sobre uma cidade de descendentes de amazonas (não fica claro) que surge no Brasil, sofre um ataque das Fúrias Malignas, é salva pela Mulher-Maravilha (Diana) e é revelado o segredo que há uma terceira tribo de Amazonas, desta vez no Amazonas.

Cena final do Wonder Woman Annual #4, passado no Brasil. A suspeita geral é que a menina de preto seja a Yara Flor. E notem a tenda no alto da imagem. É claramente o Mag Shopping, em João Pessoa. (Crédito: DC)

Tecnicamente as Amazonas do Amazonas (esse é o nome) existem desde 1984, eram uma dissidência das Amazonas de Themyscira, vivendo nas florestas da Venezuela. Provavelmente Yara Flor virá da terceira tribo ainda não-descoberta, da qual a cidade que apareceu, “Esperança perigosa” (eu sei, eu sei) é apenas um posto avançado.

Yara Flor significa o Fim da Mulher-Maravilha?

Nerds odeiam mudanças, e tem um monte de gente choramingando por causa disso. Como a Mulher-Maravilha pode virar uma brasileira com cara de índia? Assim não dá assim não pode.

Calma, floquinho. Diana não foi pra lugar nenhum. Não é um retcon, não estão apagando nenhum personagem. Ela sequer é a primeira Mulher-Maravilha latina, em 2002 Stan Lee e Jim Lee criaram Maria Mendoza, uma peruana que virou a Mulher-Maravilha, na coleção Just Imagine, da DC. Ninguém morreu por causa disso.

Existem dezenas de variações da personagem, em histórias alternativas ou universos paralelos. Na Terra 23 os principais personagens da DC são negros e o Super-Homem ainda acumula o cargo de Presidente dos Estados Unidos. Na Terra 24 não faço idéia do que eles são, nem vou perguntar.

Kalel, ou em seu nome terrestre, Calvin Ellis, Presidente e Super-Homem da Terra 23, e Núbia, a Mulher-Maravilha (Crédito: DC)

Donna Troy, a Moça-Maravilha deixou de ser moça (já não era pura) e assumiu o manto de Mulher-Maravilha em várias ocasiões. Eventualmente o posto voltou pra Diana, como sempre acontece.

Essa diversidade toda nem é de hoje. Núbia, a Mulher-Maravilha negra foi criada em 1973, e Diana já foi até em porco, por causa de um feitiço de Circe e que obrigou Batman a fazer algo inominável para salvar sua companheira de justiça:

Algo que o pessoal que chilica por causa de quadrinhos não entende é que as velhas histórias sempre voltam ao que eram, depois de estabelecido o mito, ele raramente se modifica. O que não quer dizer que não possamos brincar com ele, expandi-lo, pensar em possibilidades.

Yara Flor pode ser uma excelente adição ao Universo DC, só não mantenha suas esperanças muito altas.

Um preview de uma das páginas da história da Yara Flor (Crédito: DC)

Sim, eu sei que tem gente no Twitter fazendo até elencagem de um futuro filme e celebrando o folclore brasileiro das amazonas (sic) ter sido reconhecido, mas o histórico de personagens brasileiros em quadrinhos é muito ruim, mesmo. Sem dar spoilers no próximo texto, temos como exemplo o Lanterna Verde brasileiro, que apareceu para morrer em 1999, em uma edição durante a Crise nas Infinitas Terras. O nome do capitão aviador da Força Aérea Brasileira? José Hernandez.

Todo personagem “brasileiro” em quadrinhos solta interjeições em espanhol e é o mais culturalmente neutro possível. A visão estereotipada do país é grande demais, Brasil se resume a floresta, praia, samba (sempre é Carnaval, mesmo fora da Bahia), mulher de pouca roupa e, estranhamente, expressões em espanhol.

Duvida? A Marvel cometeu uma série chamada Super Hero Squad Show aonde apresentaram a Capitã Brasil, uma moça dadivosa que entre outros poderes tem o… SONIC SAMBA.

Se conseguirem escapar disso, excelente, mas a imagem principal da Yara Flor mostra que fizeram o dever de casa pela metade. Ao invés do Laço da Verdade a personagem está com uma… boleadeira. Só há um pequeno problema:

Boleadeiras são armas típicas brasileiras, só que do Sul, nas planícies dos Pampas Gaúchos. Elas são rigorosamente inúteis em uma floresta. Uma índia do Amazonas com uma boleadeira é como um Asteca com roupa de esquimó.

É um bom sinal? Não, mas devemos sempre ter esperança. Se Yara Flor for um fiasco, vai pra lata de lixo da História dos Quadrinhos, como o famigerado universo Ultimate da Marvel, e o abominável, horrendo Ultimates. Se quiser uma boa idéia do desastre, o Chris do Comic Tropes fez um excelente resumo neste vídeo.

Caso contrário, se Yara Flor for uma excelente personagem, como a Gwenpool, que começou como uma piada, virou cosplay e por força dos leitores, ganhou uma história, várias minisséries e se tornou uma das personagens mais simpáticas da Marvel.

Não, ela não tem nada a ver com o Deadpool. (Crédito: Marvel)

E não podemos esquecer da Harley Quinn, que surgiu num desenho animado como lanchinho do Coringa mas a recepção foi tão boa que a personagem foi trazida de volta, se tornou fixa, migrou pros quadrinhos, cinema e hoje é uma das mais populares do panteão da DC. Ah sim assista a série animada, é SEN SA CIO NAL.

Em tempos em que a turma que opina muito e lê pouco exige que personagens de quadrinhos vistam burcas, ignorando que super-heróis surgiram do burlesco e dos fortões dos circos de periferia, e que eles representam pin-ups e beefcakes, Yara Flor é representada de forma reconfortantemente convencional no traço de Joëlle Jones – sim, a moça escreve e desenha, ela é prendada!- Yara parece muito mais com a Mulher-Maravilha tradicional do que algumas encarnações, como a Diana Perigótica dos Anos 90.

Falam dos Anos 80 mas os Anos 90, jesus! (Crédito: DC)

Que venha Yara Flor e todo o resto dos Future State, que se dane o Multiverso, já está uma zona faz tempo. Isso não pode ser impedimento para boas histórias. E capas épicas, essa capa alternativa de Superman/Wonder Woman está absolutamente linda.

Yara Frô – a essa altura já rola intimidade- e Jon Kent (Crédito: DC)

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