O mercado de arcades VR foi um dos mais afetados pela pandemia da COVID-19 e isso qualquer um é capaz de perceber. Nos últimos meses, muitos empreendimentos que dependem da presença do usuário, do comércio de rua a startups de transporte, sentiram a redução de suas rendas em tempos de isolamento social.
Só que no caso das casas de entretenimento baseado em Realidade Virtual o baque foi maior, ao ponto de especialistas acreditarem que o novo coronavírus (SARS-CoV-2) condenou o mercado inteiro.
Em primeiro lugar, o mercado de arcades VR não era nenhuma estrela em ascensão. Embora existam diversas empresas pequenas e grandes no ramo, a iniciativa nunca foi agregar um público massivo, dadas limitações como localização, custos tanto para o empreendedor quanto para o consumidor, manutenção, curva de aprendizado e etc.
Com o tempo muitos desses arcades VR abriram e fecharam, e algumas poucas empresas vinham se segurando, só que a pandemia da COVID-19 chegou, se instalou e dá sinais de que poderá nunca ir embora.
Nesse “novo normal”, muitas empresas tiveram que se adaptar ao distanciamento social, criando soluções de telepresença e delivery, entre outros, mas o formato dos arcades VR não permite tal nível de flexibilização, e de qualquer forma, os consumidores se voltaram a soluções similares que podem ser usadas em casa.
No dia 13 de agosto a startup Glostation USA Inc., que operava com o nome Sandbox VR, abriu um pedido de falência; a companhia contava com suporte de grandes empresas e fornecia experiências baseadas em franquias famosas, como Star Trek: Discovery, além de jogos produzidos internamente.
Em nota ao site Protocol, o CEO Steven Zhao disse que a Sandbox VR “perdeu 100% de sua receita” devido a pandemia da COVID-19, o que levou à demissão de 80% de seus funcionários; executivos da companhia, como o ex-CEO Siqi Chen, bem como boa parte dos desenvolvedores, também deixaram a empresa.
Fundada em 2016, a Sandbox VR chegou a levantar US$ 80 milhões em financiamento, de empresas como Andreessen Horowitz, Alibaba, Floodgate Ventures, Triplepoint Capital, CRCM e até da Universidade de Stanford, além do apoio de celebridades como Justin Timberlake, Katy Perry, Orlando Bloom e Will Smith. Nada disso a salvou.
Na última semana foi a vez da Spaces, uma startup de VR que começou como uma divisão da DreamWorks, ser adquirida pela Apple. Este estúdio foi o responsável pela experiência Terminator Salvation: Fight for the Future:
Embora uma aquisição seja um cenário melhor do que a falência, as chances de que a Apple esteja interessada em investir no mercado de arcades VR tendem a zero; logo, é mais uma empresa saindo do ramo.
É quase certo que a compra tenha sido feita visando absorver a tecnologia da Spaces, de forma a usa-la em futuros produtos da maçã focados em Realidade Virtual, como o suposto óculos que estaria sendo desenvolvido internamente.
Não obstante, a Disney também teria desistido do mercado de arcades VR dada a pandemia, lembrando que a gigante do entretenimento já tem outros problemas, dos parques a presepadas com precificação de streaming.
Se o mercado de arcades VR pretende continuar em um cenário onde a COVID-19 venha a ser algo com o que lidar para todo o sempre (nos anos 1980, também diziam que a AIDS sumiria em alguns anos), será preciso evoluir e imaginar formas de atrair o consumidor, mas como convencê-lo a sair de casa e se arriscar, quando ele pode ter uma experiência similar no conforto e segurança do lar?
Há quem diga que a COVID-19 acabou por enterrar um mercado que nunca foi tão grande para começar, e nem muito promissor, se lembrarmos que mesmo uma grande companhia como a IMAX abandonou o formato. Em 2018.
Com informações: Protocol (aqui e aqui), The Wall Street Journal, UploadVR, TechCrunch
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