Crise Hídrica: Os impactos da falta de água na economia

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O Brasil está passando pela pior seca nos últimos 91 anos. Com a previsão de volta de La Niña que causa a falta de chuva no Centro-Sul do país durante a primavera, a tendência é que a situação deva piorar nos próximos meses.

A crise hídrica impacta diretamente na produção de alimentos. A projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário caiu de 2,6% para 1,7%, conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Previsões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que a próxima safra de soja e de milho podem ser prejudicada pela estiagem.

Como estão os níveis das hidrelétricas

Nível baixo de reservatórios preocupa ONS e setores da economia brasileira. (Fonte: Wikimedia/Reprodução)Nível baixo de reservatórios preocupa ONS e setores da economia brasileira. (Fonte: Wikimedia/Reprodução)Fonte:  Wikimedia/Reprodução 

A falta de chuva também fez que os reservatórios das hidrelétricas atingissem níveis críticos Atualmente, as hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, que geram 70% da energia do Brasil, operam com os reservatórios em 22,5% da capacidade de armazenamento. Em 2001, quando o país passou por um período de restrição energética, os níveis estavam em 23,4%.

Embora o governo tenha adotado medidas, como o aumento tarifário, para garantir o fornecimento de energia, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) alerta que “os recursos são insuficientes para atendimento ao mercado de energia e demandarão novas medidas no curto prazo”.

Para novembro, o ONS prevê que as principais hidrelétricas do Brasil deverão chegar a 10% de sua capacidade. Um pouco antes, em outubro, o órgão alerta que a geração de energia elétrica será insuficiente para atender a demanda, caso a capacidade atual não seja aumentada em 5,5 GW.

Reajuste da conta de luz

Tarifa adicional deixará conta 7% mais cara a partir de setembro. (Fonte: Agência Senado/Marcos Oliveira/Reprodução)Tarifa adicional deixará conta 7% mais cara a partir de setembro. (Fonte: Agência Senado/Marcos Oliveira/Reprodução)Fonte:  Agência Senado/Marcos Oliveira/Reprodução 

Para abastecer a demanda brasileira de eletricidade, foi necessário acionar as termelétricas, que produzem uma energia mais cara. Nos últimos 12 meses, a tarifa cobrada pela energia elétrica subiu 16,07%, mais que o dobro da inflação acumulada no período, que ficou em 9,3% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Além dos reajustes no preço da conta de luz, e da utilização da bandeira vermelha na tarifa, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) resolveu criar uma tarifa chamada de “escassez hídrica”.

Enquanto que a bandeira vermelha 2, até então a maior taxa adicional cobrada pela eletricidade, saiu de 6,24 para R$ 9,49 por 100 kWh há dois meses, a nova bandeira tarifária será de R$ 14,20 e terá vigência de setembro de 2021 a abril de 2022. Com o novo valor, o preço da conta de luz deve subir, em média, 7%.

Impactos na economia

Inflação causada pelo aumento da tarifa de luz corrói poder de compra de famílias de baixa renda. (Fonte: Agência Brasília/Tony Winston/Reprodução)Inflação causada pelo aumento da tarifa de luz corrói poder de compra de famílias de baixa renda. (Fonte: Agência Brasília/Tony Winston/Reprodução)Fonte:  Agência Brasília/Tony Winston/Reprodução 

Para manter a geração de energia funcionando e forçar a redução do consumo para evitar um apagão elétrico, o governo tem reajustado o valor da conta de luz. No entanto, especialistas apontam que as medidas têm efeito limitado para reduzir a demanda e a elevação das tarifas provoca danos na economia.

O aumento das tarifas tem um efeito cascata em todos os setores econômicos e poderá limitar o crescimento. Analistas do mercado apontam que, caso se confirmem as previsões de falta de chuva no período de outubro a abril, a inflação medida pelo IPCA deve ficar próximo aos 8% neste ano e no próximo. O PIB total do Brasil pode ter uma perda de até dois pontos percentuais em 2022, ficando na estagnação.

A aceleração inflacionária preocupa por aumentar o custo de vida, o que pode empurrar, ainda mais, famílias de baixa renda para a fome. No final de 2020, cerca de 117 milhões de brasileiros, pouco mais que a metade da população, convivia com algum nível de insegurança alimentar, de acordo com pesquisa realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan).

Como sair da crise energética

Apesar de ser um país tropical, potencial da energia solar é pouco aproveitado no Brasil. (Fonte: Pxhere/Reprodução)Apesar de ser um país tropical, potencial da energia solar é pouco aproveitado no Brasil. (Fonte: Pxhere/Reprodução)Fonte:  Pxhere/Reprodução 

O problema da crise energética é complexo e não tem uma resolução fácil. A curto prazo, o governo federal deve continuar acionando as termelétricas e poderá, inclusive, importar eletricidade dos países vizinhos ao Brasil para evitar um apagão.

Medidas como reutilizar a água é sempre que possível, reparar vazamentos no encanamento, reduzir o tempo de banho, fechar a torneira ao escovar os dentes e substituir as lâmpadas e aparelhos por equipamentos energicamente mais eficientes são essenciais. Contudo, essas ações não resolvem a situação, ainda que contribuam para que o cenário não fique ainda pior.

O principal problema é estrutural: não existe planejamento para enfrentar a falta de chuva que acontece todos os anos com períodos e estiagem cada vez maiores. Sob os efeitos das mudanças climáticas no planeta, as secas devem ser ainda mais severas, tornando a crise energética mais agudas com o passar do tempo.

As fontes sustentáveis de energia podem ser uma excelente alternativa para o Brasil, mas o setor ainda engatinha em comparação à demanda. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a energia solar produz apenas 1% da eletricidade brasileira, enquanto a eólica responde por 8,6%. Enquanto isso, as hidrelétricas geram 64,9% e as termelétricas correspondem a 13,8%.

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