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Dragon Age 2 e o pequeno milagre de David Gaider

Apontar o dedo para o Dragon Age 2 e criticar sua qualidade — ou as muitas diferenças em relação ao seu antecessor — foi uma tarefa fácil e que muitos fizeram. O que nem todos sabiam (pelo menos na época) é que o projeto passou por inúmeras dificuldades, imposições feitas por pessoas que pensavam apenas no lucro e em tapar um buraco que havia sido deixado por outro grande título da BioWare.

Dragon Age 2

Crédito: Divulgação/BioWare

Com o seu desenvolvimento tendo iniciado junto com a expansão Awakening, para o Dragon Age: Origins, ao mesmo tempo o braço da empresa sediado na cidade de Austin (Texas) estava enfrentando graves problemas com um gigante, o Star Wars: The Old Republic. Com o MMO vendo o seu lançamento sendo adiado diversas vezes, os executivos da EA fizeram algo que seria motivo de críticas em qualquer caso, mas que se mostrou ainda mais absurdo por se tratar de um RPG: o Dragon Age 2 deveria ser produzido em apenas 16 meses!

O que se viu nos escritórios da BioWare a partir dali foi uma mistura de desespero, intermináveis períodos de horas extras (o famoso crush) e muita resiliência por parte daqueles que participaram do projeto. Entenda, para criar o primeiro capítulo da franquia o mesmo estúdio levou longos sete anos, então como entregar uma continuação com um tempo tão curto?

A saída encontrada pela equipe foi fazer profundas mudanças na estrutura do novo jogo. O roteiro se tornou mais enxuto, focando na história de apenas um herói; as batalhas deixaram a estratégia um pouco de lado e até o tamanho da aventura mudou, com ela se passando apenas em Kirkwall — e reciclando muitos cenários durante a campanha. Da parte da crítica, a recepção no geral foi boa, com o jogo recebendo notas altas, mas o público não gostou do resultado e as reclamações foram pesadas.

Diante deste cenário, fica um pouco mais difícil criticar aqueles que fizeram o Dragon Age 2 chegar às lojas, mas independentemente do que possamos achar dele, uma pessoa que nunca escondeu a admiração que tem pelo jogo e pelo trabalho que foi realizado para concluir o seu desenvolvimento, é David Gaider.

Principal roteirista do projeto, ele utilizou o Twitter para fazer um longo depoimento defendendo o título, mas também para dizer o que faria diferente caso lhe fosse dada a oportunidade de um “Snyder Cut”.

Para ele, aquele foi um projeto em que sua equipe de roteiristas trabalhou incessantemente e que sente orgulho do que fizeram em tão curto tempo, algo que não achava que fosse possível. Gaider também afirmou que enquanto estavam criando a história do jogo, muita coisa estava sendo limada do projeto e um exemplo é um diálogo em que Orsino se volta contra o nosso personagem, mesmo se estivermos ao seu lado. O motivo para isso é que uma batalha acabou sendo cortada, não havendo tempo para que corrigissem o enredo.

Crédito: Divulgação/BioWare

O roteirista então revelou que se pudesse, reduziria de anos para meses as passagens de tempo entre os atos e que tornaria Kirkwall uma cidade maior, muito mais povoada e viva, mas com uma quantidade menor de blood mages. Ele também resgataria um trecho em que o mago Hawke chega perto de se tornar um monstro, além de recuperar várias falas alternativas, o que faz com que as pessoas esqueçam que as encontramos anteriormente.

Gaider mencionou ainda trechos do terceiro ato que foram removidos do jogo porque sua equipe começou a trabalhar nele muito tardiamente, o que resultou no conflito entre os magos e os templários parecer muito repentino. Por fim, ele também tornaria a abertura maior, nos permitindo assim passar mais tempo com Bethany e Carver antes do ataque dos darkspawn.

No entanto, David Gaider admite que a chance de a EA permitir que o Dragon Age 2 seja retrabalhado é quase nula, afinal o jogo é considerado pela editora como uma espécie de filho bastardo. Já para ele, trata-se de “um fantástico jogo sob uma montanha de compromissos, atalhos e prazos apertados”. Ele também afirmou que “por um lado, o DA2 existiu para tapar um buraco no cronograma de lançamentos. Mais tempo nunca esteve nos planos […] Foi planejado para ser uma expansão! Então, acho que é seguro dizer que o DA2 é a minha entrada favorita na franquia Dragon Age e também o tipo de coisa que eu nunca mais quero viver.

Entre os desenvolvedores de games, é comum dizer que o lançamento de um jogo é um pequeno milagre, mas quando se trata do Dragon Age 2, esta comparação em forma de desabafo acaba fazendo ainda mais sentido. Por isso, não acho exagero dizer que o simples fato dele ter sido lançado já deveria ser motivo para comemorarmos, mesmo que o resultado final não tenha sido exatamente o que muitos desejavam.

Fonte: Destructoid




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