Duas coisas flutuantes essenciais para o Dia D

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O Dia D foi a maior operação anfíbia da História, com milhares de toneladas de equipamentos e soldados desembarcando na Normandia, mas só soldados não adiantam, foi preciso a invenção de duas coisas flutuantes fundamentais para a missão.

É difícil sequer compreender a enormidade do desembarque na Normandia, no Dia D. Em um dia 132 mil soldados colocaram os pés nas praias francesas; no mar, em mais de 9000 navios, 196 mil marinheiros trabalhavam incessantemente, levando soldados, trazendo feridos e bombardeando posições alemães.

Jogar essa galera somente com armas de mão seria suicídio, era preciso apoio de cavalaria mecanizada, ou seja, tanques. Só que os obstáculos nas praias tornavam impossível chegar com barcos de desembarque levando tanques, eles navegavam fundo demais.

1 – O Tanqque Sherman DD

A grande questão era: Como fazer um tanque Sherman de 33 toneladas ficar leve como uma pluma? Não, não dava pra encher o bicho de Hélio, imagine os tripulantes invadindo a Europa com voz de Pato Donald.

Depois da Primeira Guerra Mundial todo mundo já estava pensando em como criar tanques flutuantes, mas as idéias não eram muito práticas. A norma era usar flutuadores, que tornavam os tanques enormes e desconjuntados, e o mais grave, grandes demais pra caber nos barcos de transporte que os deixariam próximos da costa.

Alguns dos projetos anteriores tinham sido criados por um engenheiro húngaro radicado na Inglaterra chamado Nicholas Straussler. De posse das especificações do Exército, ele começou a bater cabeça pra fazer um tanque flutuante que coubesse nos barcos e não fosse um trambolho.

Straussler testando um de seus vários veículos flutuantes.

A tarefa era complicada. Em teoria dá pra vedar relativamente bem o fundo de um tanque, mas não há flutuabilidade suficiente. Usando o teorema de Arquimedes, o tanque precisa deslocar um volume de água maior do que seu peso, para flutuar.

Sem poder crescer pros lados, Straussler pensou: E se crescermos o tanque… pra cima?

Ele foi pra prancheta, começou a desenhar e fazer contas e bolou uma solução simples e genial: Uma espécie de saia invertida de lona, cercando todo o tanque. Essa saia teria um conjunto de colunas de ar comprimido para ajudar a manter a forma, e uma estrutura interna de metal.

Tudo montado criava um “casco” transformando o Sherman em um barco.

A propulsão era feita através de duas hélices ligadas por engrenagens às esteiras do tanque. Dava pra controlar a direção através de um comando hidráulico que mudava a posição das hélices, ou apenas manobrando o tanque normalmente, como se estivessem em terra.

Dava pra armar a estrutura em 15 minutos, e desmontar era mais rápido ainda. Se os tripulantes quisessem, podiam remover totalmente o kit, mas muitos deixavam, afinal nunca se sabe quando podia ser útil.

Os tanques Sherman DD (um nome que vinha de Duplex Drive, e não de Donald Duck como algumas fontes insistem) navegavam com 90cm de espaço entre o alto da “saia” e o nível do mar. Por segurança eles não poderiam ser usados em mar com ondas de mais de 30cm, ou as bombas não dariam conta de manter o fundo do tanque seco.

Movendo-se a uns 7Km/h, os tanques seriam lançados por barcos de desembarque a 1Km da costa, e em conjunto avançariam para encontrar os soldados na praia.

Os tanques foram testados, tripulações treinadas, planos certificados e em 6 de Junho os tanques Sherman DD anfíbios foram lançados ao mar, em meio à Operação Overlord.

Foi um desastre para os americanos.

Os tanques foram liberados longe demais, a maioria a quase 5Km da costa. O mar não estava nem pra peixe que dirá pra tanques. As ondas chegavam a 1.8m, a água entrava com voracidade, as tripulações corriam pra fugir dos tanques que afundavam.

Da primeira leva de 29 tanques do 741º Batalhão, 27 afundaram nos primeiros dez minutos. Outras unidades perderam metade dos tanques antes de chegar na praia. Tripulantes avisavam desesperados que estavam muito longe, pros barcos avançarem mais antes de lançarem os tanques. A falta de treinamento também não ajudou, muitos comandantes sequer sabiam que não deveriam enfrentar ondas de lado.

Um dos motivos da praia de Omaha ter sido uma carnificina tão grande foi a falta de apoio de tanques em terra. Felizmente em outras áreas o resultado foi melhor.

Em Gold os ingleses perderam oito de 29 Shermans, o mar estava ruim mas lançados a 640m da costa fez com que a taxa de sucesso fosse alta. Outras unidades preferiram seguir até a praia para então lançar os tanques. Em Sword eles lançaram longe, 4Km, e perderam cinco tanques.

Em Juno os canadenses lançaram longe, 3,6Km mas o mar ajudou e de 29 tanques, 21 conseguiram chegar.

Em Utah os americanos deram mais sorte, de 28 lançados a 914 metros da costa, 27 chegaram, mas eles se confundiram e acabaram a 2km de onde deveriam chegar, felizmente a Europa inteira estava coalhada de nazistas então qualquer lugar era bom pra guerrear.

Quando usado nas condições para as quais foi projetado o Sherman DD se mostrou uma peça fundamental no imenso plano da Operação Netuno (o desembarque e criação de uma cabeça de praia na Normandia, Overlord era a Operação inteira de invasão da Europa).

2 – O Barco Higgins

Não havia portos na Normandia (ao menos nas praias aonde os aliados desembarcariam), e mesmo que houvesse os alemães não ficariam parados esperando os grandes navios de tropas atracarem e desembarcarem de forma ordeira dezenas de milhares de soldados durante o Dia D. Era preciso uma forma de levar as tropas para as praias, ultrapassando redes, obstáculos de aço projetados para furar cascos, as minas e os manos atirando com canhões em todo alvo grande.

Simplesmente não havia um barco ideal para isso. O mais próximo ainda exigia que os soldados pulassem pela amurada, e equipamento pesado precisava de guindaste pra ser desembarcado. Mesmo assim o Eureka (nome do bicho) foi aprovado e encomendado, para sorte de seu projetista, Andrew Higgins.

Andrew Higgins

Nessa época a empresa de Higgins estava fazendo água. Originalmente ele conseguiu fazer muito dinheiro com a Lei Seca, construindo e vendendo barcos rápidos para contrabandistas de bebidas, criando barcos mais rápidos, vendendo pra polícia e repetindo o ciclo.

Enquanto vendia barcos para os americanos e ingleses, Higgins ficou ciente das necessidades dos fuzileiros para um barco de desembarque de veículos e tropas. Ele viu então uma foto de um barco de desembarque japonês, com uma inovação fundamental: Uma rampa na proa.

Uma lâmpada de desenho animado surgiu sobre a cabeça de Andrew Higgins, que em tempo recorde desenhou um barco feito de madeira compensada, com um motor de 220Hp capaz de fazer 22Km/h, carregando até 3,7 toneladas, o que equivalia a 36 homens ou 16 homens e um jipe.

Na frente uma rampa de aço oferecia (alguma) proteção, e podia ser baixada rapidamente.

Navegando em até 60cm de água, o Higgins podia avançar até uma praia, deixar uma tropa quase em terra seca, dar ré e voltar para buscar mais gente durante o Dia D.

Higgins construiu três unidades do barco, pagando do próprio bolso, em seguida chamou os militares e mostrou. Naquele momento eles viram que a guerra estava vencida.

A proatividade de Higgins resultou em uma encomenda de 23358 barcos, a empresa trabalhou em três turnos, com barcos espalhados pelas ruas da cidade, mesmo com empresas licenciadas, era muito barco.

A empresa, que antes da guerra tinha 75 funcionários em 1943 era formada por 6 fábricas em Nova Orleans, e dada a necessidade que gera os verdadeiros avanços sociais (e não o Tumblr) , Higgins empregou mais de 20 mil pessoas, entre homens, mulheres, brancos e negros, e as Indústrias Higgins se tornaram a primeira indústria 100% livre de segregação racial nos EUA.

Mais tarde o General e Presidente Dwight Eisenhower disse:

“Andrew Higgins é o homem que venceu a guerra para nós. Se Higgins não tivesse projetado e construído esses barcos de desembarque, nunca teríamos invadido uma praia aberta. Toda a estratégia da guerra teria sido diferente.”

Uma das fábricas da Higgins

Costumamos achar que inovação tecnológica implica em alta tecnologia, radares, miras, aviões revolucionários, jatos e bombas teleguiadas, mas nada disso foi tão importante para o Dia D quanto uma armação de lona e um barco de madeira compensada. Às vezes a melhor solução não é a mais complexa, mas é sempre a mais inteligente.

 

 

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