Em menos de 40 anos, degelo da Antártida será irreversível

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O mundo é informado, de tempos em tempos, que um gigantesco iceberg se soltou da Antártida; o da vez é o A-76, já devidamente certificado pela Agência Espacial Europeia (ESA) como o maior do mundo. Alguns cientistas consideram o desprendimento como normal e parte do ciclo de vida das geleiras do continente; para outros, é um sinal de que alterações climáticas estão acentuando a desintegração da Antártica – e essa afirmação é corroborada por um estudo publicado agora pela Nature.

. European Union, Copernicus Sentinel-X/Divulgação 

Assinado por cientistas de diversas universidades e institutos de pesquisa, ele aponta para o desastre que vai chegar mais cedo do que se esperava.

“A Antártica se encaminha para um ponto de inflexão climático em 2060, com derretimento catastrófico se as emissões de carbono não forem cortadas rapidamente. Enquanto as atenções se voltam para a mudança climática no Ártico, uma ameaça ainda maior se aproxima do outro lado do planeta”, disse, em artigo para o site The Conversation, uma das autoras da pesquisa, a geoquímica carbonática e sedimentologista da Universidade de Wisconsin-Madison Andrea Dutton.

Curinga

Em 2020, duas pesquisas analisaram a situação das calotas de gelo do planeta. Uma, publicada na revista Cryosphere, reuniu dados para determinar a espessura do gelo terrestre e o avanço do derretimento de todos os glaciares do mundo (cerca de 215 mil), excetuando-se a Antártida e a Groenlândia.

A conclusão a que chegaram os pesquisadores é a de que será em 2060, e não uma década mais tarde, que a cobertura de gelo na região derreterá à metade do que é agora. A NASA reuniu, para a outra pesquisa, 89 cientistas de 50 organizações internacionais, que mostraram que a Antártica e Groenlândia, juntas, perderam 475 bilhões de toneladas de gelo por ano durante a década de 2010 (contra 81 bilhões anuais dos anos 1990).

“O grande curinga para a elevação do nível do mar é a Antártica, que contém gelo suficiente para subir os oceanos em mais de 60 metros. Os cientistas sabem há muito tempo que a calota da Antártica tem pontos de inflexão físicos, além dos quais a perda de gelo pode acelerar fora de controle”, escreveu a geocientista Julie Brigham-Grette, da Universidade de Massachusetts Amherst.

Segundo as autoras do artigo, “o novo estudo mostra que, se as emissões continuarem no ritmo atual, por volta de 2060 a camada de gelo da Antártica terá cruzado um limiar crítico. Tirar dióxido de carbono do ar nesse ponto não vai impedir o degelo; em 2100, o nível do mar pode estar subindo mais de dez vezes mais rápido do que hoje”.

Água quente

As águas aquecidas do mar estão derretendo o gelo que sustenta muitas dos glaciares da Antártida, como o Thwaites. Se uma parte da calota do continente repousa sobre terra firma, outra está flutuando sobre o oceano; quando esta perde sustentação, cai no mar e a geleira recua.

. BBC/NASA/National Snow & Ice data Center/Reprodução 

“O estudo usou modelagem de computador e descobriu que, acima de 2° C de aquecimento da atmosfera, a Antártica verá um grande salto na perda de sua calota, desencadeada pelo rápido derretimento do gelo através da enorme geleira Thwaites. E o planeta está a caminho de ultrapassar esse limiar, segundo as políticas climáticas atuais”, diz o artigo do The Conversation.

. BBC/International Thwaites Glacier Collaboration/Reprodução 

Para as pesquisadoras, a esperança dos países signatários do Acordo de Paris em avanços tecnológicos para remover o dióxido de carbono da atmosfera é irreal:

“Essa ilusão deixará o litoral submerso, com impactos econômicos devastadores. À medida que os cientistas aprendem mais sobre a Antártica, fica claro que é este continente que vai determinar o estado do planeta onde as crianças de hoje e seus filhos viverão”.

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