Encélado, como você pode saber, consiste em um dos 62 satélites naturais conhecidos de Saturno – e o sexto maior deles, medindo cerca de 500 quilômetros de diâmetro. Além disso, essa lua, por ser coberta de gelo, está entre os objetos que mais refletem luz no Sistema Solar. Agora, conforme descobriu um grupo de cientistas, Encélado parece ser responsável por converter 2 de suas vizinhas em objetos brilhantes também, botando “canhões de neve” para funcionar e disparando partículas de gelo contra Tétis e Mimas.
Guerra de neve
Os cientistas – um time composto por astrônomos franceses e norte-americanos – fizeram essa descoberta depois de examinar 60 observações conduzidas pela sonda espacial Cassini entre os anos de 2004 e 2017 e notar que Mimas e Tétis brilhavam bem mais do que as demais luas saturnianas. Segundo acreditam os pesquisadores, esse fenômeno é, em parte, resultado do lançamento de material a partir de Encélado, que possui um imenso oceano interno que se encontra sob a espessa camada de gelo que recobre a sua superfície.
E como, exatamente, o material vai parar em Tétis e Mimas? Encélado conta com gêiseres através dos quais água-gelo é lançada ao espaço – e o estudo realizado pelos astrônomos sugere que essas formações funcionam como os “canhões de neve” que mencionamos antes, cuspindo partículas de gelo superclaras fininhas na região onde o trio de luas orbita ao redor de Saturno, fazendo com que, na verdade, neve sobre as três.
Fenômeno misterioso
O que ocorre é que, como Mimas, Tétis e a própria Encélado são desprovidas de qualquer atmosfera, essas luas são constantemente bombardeadas por todo tipo material – o que acaba por modificar tanto a composição como a textura de suas superfícies. No caso do que é “disparado” pelos “canhões de neve”, os cientistas acreditam que, para brilhar tanto, o acúmulo de material deve ser de dezenas de centímetros de espessura. Mas não é só isso…
Os levantamentos realizados pela Cassini também sugerem a presença de feições nas superfícies de Mimas e Tétis que fazem com que o efeito refletivo seja ainda mais intenso. O brilho identificado aponta para a existência de estruturas com formato de bumerangue sob a superfície dos satélites atuando como retrorrefletores – e pode ser que outras formações exóticas também estejam por trás do efeito.
Assim, pode que outras feições estranhas adotem o formato de lâmina ou consistam em depressões em forma de cuia – uma vez que essas características poderiam proporcionar uma maior capacidade de refletir a luz solar. Contudo, como os astrônomos não conseguiram observar essas estruturas diretamente ainda, eles estão trabalhando no desenvolvimento de uma variedade de modelos para testar quais formações atuariam como refletores mais eficientes, e o que eles descobrirem poderá ser de grande utilidade no caso de futuras missões espaciais a essas luas.
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