Cientistas chineses criaram uma membrana que permite a extração de urânio diretamente da água do mar. O material, inspirado na rede fractal dos vasos sanguíneos, permite retirar até 20 vezes mais urânio que outros métodos.
A descoberta foi publicada na revista científica Nature Sustainability, uma das mais prestigiadas do mundo.
Os oceanos contêm a maior reserva de urânio do planeta. É estimado que contenham mais de 4,5 milhões de toneladas do elementoFonte: Shutterstock
Há muito tempo existe o interesse de explorar o urânio do mar, recurso finito na natureza. Usado como combustível em usinas nucleares, a demanda tem aumentado nos últimos anos.
Algumas estimativas apontam que os oceanos guardam mais de 4,5 bilhões de toneladas desse elemento. Esse valor representa mil vezes mais que a reserva terrestre. Entretanto, a extração é difícil porque o urânio está presente em baixíssimas concentrações (3,3 microgramas por litro).
Em 1980, pela primeira vez, cientistas japoneses utilizaram com sucesso um composto químico, a amidoxima, nesse processo. Agora, os chineses foram capazes de melhorar a capacidade adsortiva desse composto criando estruturas na forma de fractais.
Fractal é uma forma geométrica muito encontrada na natureza, no qual suas partes separadas repetem os traços do todo completo, como nas folhas dessa suculentaFonte: Shutterstock
Os fractais são formas geométricas nas quais suas partes separadas repetem os traços do todo completo. Muito encontradas na natureza, a rede fractal dos vasos sanguíneos inspirou a nova tecnologia.
Essa estrutura complexa melhora a capacidade adsortiva da membrana, ou seja, permite que ela prenda os átomos de urânio com mais eficiência. Saturada de amidoxima, é capaz de extrair maiores quantidades desse elemento das águas dos mares que os métodos existentes.
O progresso atual, junto com outras iniciativas ao redor do globo, tornam cada vez mais possível o uso prático dessas tecnologias. Os resultados também representam um avanço de maneira geral nos métodos de adsorção eficiente de íons e moléculas em polímeros microporosos.
ARTIGO Nature Sustainability: doi.org/10.1038/s41893-021-00792-6
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