Entenda a polêmica entre o aplicativo Uber e os taxistas no Brasil

Perto de completar o aniversário de 1 ano de funcionamento no Brasil, as polêmicas envolvendo o Uber estão longe de ter um fim. O aplicativo que conecta motoristas particulares a passageiros é alvo de protestos no mundo inteiro e no nosso país não é diferente. Na quarta-feira, dia 8, cinco cidades foram alvo de manifestação por parte de grupos de taxistas. No maior delas, em São Paulo, reuniu cerca de 5 mil pessoas de acordo com os organizadores. Como usar o aplicativo Uber para pedir táxi e carona? Uber oferece alternativa aos táxis tradicionais (Foto: Divulgação/Uber) Mas por que um aparente inofensivo app pode ser capaz de levantar a fúria de uma classe inteira de trabalhadores? O TechTudo conversou com os dois lados para te ajudar a entender uma equação que envolve de um lado inovação, legislação e muito dinheiro e do outro o seu bem estar como consumidor. Como o Uber funciona? A ideia do Uber é bem simples: ajudar quem precisa se locomover pela cidade a encontrar algum carro que a leve ao destino. Através do aplicativo, o usuário pode pedir um motorista particular. saiba mais Conheça os melhores aplicativos para chamar táxi pelo celular Como pedir um táxi no aplicativo Easy Taxi  Custando em média 5% a mais do que os táxis convencionais, toda a transação é feita pelo app, desde o cálculo de preço pelo trajeto percorrido, até o pagamento por cartão de crédito – que fica cadastrado no sistema da empresa.  Os motoristas ficam com 80% do valor e o Uber com o restante. Fora da lei e/ou disruptivo? Desde quando foi lançado, em 2010, a empresa tem causado a ira dos taxistas das cidades onde é o app funciona. Grandes protestos a favor do banimento do Uber paralisaram cidades como Londres e Paris. Pagamento é feito por cartão de crédito cadastrado ao aplicativo (Foto: Divulgação/Uber) Para a classe, o Uber deve ser proibido, já que não possui uma lei específica e não está sujeito as regulamentações que os taxistas são obrigados a cumprir. “O aplicativo favorece o exercício ilegal da profissão, já que os motoristas cadastrados não têm qualquer licença para prestar serviço de transporte público”, explica Edmilson Americano, presidente da Associação Brasileira das Cooperativas e Associações de Táxis (Abracomtaxi). Isso se agrava ainda mais já que em algumas cidades, como o Rio de Janeiro, não fornecem mais o alvará. Quem quiser trabalhar legalizado, precisa herdar ou comprar a licença de outro taxista, que em alguns casos ultrapassa a casa dos R$ 100 mil. saiba mais Quais apps ocupam mais espaço no iOS? Taxi Help, PhoTWO e outros apps para Android Google Maps adiciona Uber à lista de rotas e transportes do aplicativo Em contrapartida, o Uber criou um sistema próprio para ‘regular’ a atividade de seus motoristas. Para se cadastrar no Uber como motorista é preciso ter uma carteira com licença para exercer atividade remunerada, ter seguro que cubra o passageiro e o carro precisa ser sedã – fora do Brasil há outros tipos – comprado a partir de 2009. É feita ainda a checagem de antecedentes criminais. Os usuários também são envolvidos nesse processo. Ao concluir o pagamento, os passageiros são convidados a fazer uma avaliação. Motoristas que são classificados com menos de quatro estrelas são barrados pela empresa. Crescimento O Uber tem apetite voraz. Em menos de 5 anos, a empresa já opera em 300 localidades mundo a fora. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília já contam com motoristas cadastrados no aplicativo. As questões legais envolvendo a empresa parecem não afastar investidores. Ao todo a empresa já recebeu investimentos de US$ 2,7 bilhões (R$ 8,3 bilhões em cotação atual). Em janeiro deste ano, ela estava sendo avaliada em mais de US$ 40 bilhões (R$ 123 bilhões em cotação atual), passando na época até mesmo a Petrobras em valor de mercado. Os protestos organizados pelo mundo parecem servir de mola propulsora para o crescimento. Durante as manifestações realizadas no dia 8 em algumas cidades brasileiras, o Uber registrou uma taxa 5 vezes maior de cadastros realizados em São Paulo e Brasília. No Rio e em Belo Horizonte foram 3 vezes mais. Mas nem tudo são flores. O Uber tem enfrentado, além da guerra com os taxistas, denúncias de estupros envolvendo motoristas cadastrados no aplicativo. Casos que mancharam a reputação da empresa já aconteceram nos Estados Unidos e na Índia. 99Taxis, aplicativo para chamar taxi, é concorrente do Uber (Foto: Anna Kellen Bull/TechTudo) No ano passado, mais uma polêmica. A startup foi acusada de pagar detetives para investigar jornalistas que publicavam matérias negativas sobre a empresa. Travis Kalanick, CEO do Uber, se retratou publicamente via Twitter Futuro Pode ser meio complicado imaginar como uma empresa que não possui nenhum carro pode ser avaliada em bilhões de dólares. Negócios inovadores que exploram a economia colaborativa estão sujeitas a causar alguma tensão em meios tradicionais. O AirBnB, empresa que permite o compartilhamento de quartos, tem sofrido pressão por meio do lobby de hotéis em Nova York. A estratégia dos taxistas de combater o Uber parece não estar dando certo. E por disputas judiciais, parece ainda mais complicado. No Rio de Janeiro, apesar de a Secretaria de Transportes (SMTR) afirmar que é ilegal, em 2014 o inquérito que apurava o serviço foi arquivado pelo Ministério Público Estadual. Após os protestos do dia 8, a SMTR encaminhou novamente o caso à Delegacia de Repressão a Crimes de Informática. “A Uber é legal no país. O que acontece é que ainda não existe uma regulação específica para a economia compartilhada”, defende Fábio Sabba, porta-voz do Uber no Brasil Ao que tudo indica, ou os taxistas se renovam e oferecem um serviço de excelência ou terão que pintar os carros de preto e se submeter ao Uber. E pensar que ainda nem chegamos a era de carros autônomos… Aplicativos para Android: quais os melhores?   Dê sua opinião no Fórum do TechTudo!

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