Estudantes criam 1ª moto elétrica de corrida do Brasil

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Há quem diga que os veículos elétricos são o futuro do cenário automotivo mundial. No Brasil, o setor ainda está engatinhando, mas algumas pessoas já estão trabalhando duro para emplacar iniciativas pioneiras. É o caso de um grupo de estudantes da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em Minas Gerais, que está desenvolvendo a primeira motocicleta elétrica de competição da América Latina.

O projeto

Tudo começou em 2018, quando o estudante de Engenharia Mecânica, Ruy de Sousa Alves, decidiu unir seu amor aos veículos de duas rodas ao universo dos elétricos. Seu objetivo, no entanto, não era apenas trabalhar com o que gostava, mas reduzir o índice de desistência do curso, que era alto na época. Estimulando os colegas a continuarem os estudos, o estudante deu início à construção da motocicleta elétrica no laboratório de Mobilidade Automobilística, o Lamau.

A iniciativa deu certo e a equipe – que atualmente conta com cerca de 30 pessoas – está se preparando para a sexta edição do Campeonato Internacional Moto Student, evento que acontece na Espanha e reúne estudantes universitários de todo o mundo. O desafio do campeonato é aplicar todos os conhecimentos adquiridos durante os anos na faculdade e desenvolver um protótipo de motocicleta de corrida, que deve ser testado na pista.

lamau A motocicleta pronta (Reprodução)

A equipe da UFU é a única representante brasileira da categoria elétrica no evento. Outras 73 universidades dos Estados Unidos, Espanha, França, Índia e Itália e de outros países também devem participar.

Vendendo água no semáforo

Sem investimento financeiro da universidade, o grupo arrecadou R$ 15 mil para o pagamento da inscrição, no início de 2019. Para conseguir o valor necessário, os estudantes já criaram diversas ações, incluindo a venda de garrafas de água em semáforos e realização de ‘galinhadas’ na universidade. “Já com o início do isolamento, nós vendemos muitas rifas e marmitas que eram doadas para pessoas em vulnerabilidade”, conta o membro do projeto, Leonardo Natali.

marmitaPara conseguir o valor necessário, os estudantes já criaram diversas ações, incluindo a venda de garrafas de água no sinaleiro e realização de galinhadas na universidade (Reprodução)

O estudante e diretor administrativo do Lamau, Gabriel Martins, explicou que o maior desafio até agora foi o de arrecadar recursos. “O edital do campeonato pede que cada equipe use as mesmas peças internas, então além da inscrição, tivemos que adquirir as peças que vieram direto da Espanha. Até agora, já conseguimos arrecadar cerca de R$ 120 mil para o projeto”, afirma. Segundo ele, o grupo ainda pretende conseguir mais de R$ 50 mil para arcar com custos de transporte da moto e da equipe, hospedagem e alimentação. Para isso, os universitários criaram uma vaquinha virtual, com a meta de arrecadar o valor em 60 dias.

A motocicleta

A moto foi construída integralmente pelos alunos e com orientação de iniciativas parceiras do Lamau. Sua estrutura é composta por alumínio e, segundo Natali, passou por diversas simulações computacionais no software Ansys para que o projeto fosse validado. A bateria do veículo é composta por 432 células de lítio recarregáveis e o motor tem potência máxima de 42.000 W (42 KW). Pesando 23 kg, o protótipo se compara a uma motocicleta de 300 cilindradas.

moto

Planos para o futuro

Com a visibilidade da motocicleta, a equipe explica que pretende dar continuidade a outros projetos do Laboratório, que precisaram ser pausados. Entre eles estão o desenvolvimento de uma cadeira de rodas elétrica com baixo custo e a produção de um triciclo para coleta seletiva de lixo na cidade de Uberlândia, com o objetivo de substituir a tração humana e animal.

Para doar R$ 10 ou mais para o projeto, acesse o site.

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