Estupidez de massa

Atenção: não me escrevam mais pelo inbox. Quem quiser contato comigo, faça-o por e-mail, telefone, pomba voadora, mula, correio, seja lá o que for. () A partir de hoje eu caio fora desse Facebook aqui! Saiu das proporções de graça etc. Vejo que é ocupação de quem não trabalha! () Tem uns que narram (berram) (gritam) o quanto está o jogo, como se ninguém soubesse! E lá vai esse ridículo exercício de clicar "like" (ou "curtir"). () Vou manter as páginas abertas por medo de clonagem (já aconteceu três vezes antes quando tentei fechar isso), mas não lerei os comentários e não lerei os recados da inbox. Bom trabalho, seus vagabundos! Curem-se da solidão e realizem-se na vida ()."
Com essa mensagem, o autor e diretor de teatro Gerald Thomas abandonou sua página no Facebook semana passada. Não foi a primeira vez. Alguns vão lembrar que ele também já anunciou o abandono do teatro, mas acabou voltando, como antigos namorados voltam a namorar, restando aos amigos reconstruir os vínculos depois da clássica e traumática divisão entre os "amigos dela" e "os amigos dele". Talvez ele volte ao Facebook. Talvez não. Mas isso não muda o principal: o Facebook promove uma "estupidez de massa", como escreveu Gerald na despedida. Concordei, mas me abstive de clicar o botão Like, já que ele não ia ver mesmo.
Sei que vou receber mensagens de contestação, elogiando o Facebook e mencionando fatos bacanas, a diversão, a proximidade com os amigos, tralalá. Eu também poderia mencionar amigos de infância que reapareceram, amigos distantes que parecem próximos, coisas engraçadas ou, com sorte, informações relevantes. Nada disso é capaz de ocultar o tsunami de bobagens, idiossincrasias e "vergonha alheia" que o Facebook patrocina.
Leia mais (06/23/2014 – 02h00)

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