Google vai dificultar sideload de apps do Android no Windows 11

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O Windows 11 chegará aos usuários finais no fim de 2021, e a Microsoft já considera rever algumas decisões polêmicas a respeito do upgrade, ainda que de forma tímida. Mesmo a exigência do TPM 2.0 pode ser contornada com um truque simples.

O sistema conta com integração nativa ao Teams e Xbox, flexibiliza a receita de softwares (mas não games) e tem suporte à instalação de apps do Android, pela Amazon Appstore ou via sideloading. No entanto, o Google está fazendo mudanças no sistema móvel que dificultam a segunda opção, tanto no Windows 11 quanto em outros gadgets.

Apps de Android no Windows 11 (Crédito: Divulgação/Microsoft)

Apps de Android no Windows 11 (Crédito: Divulgação/Microsoft)

No Windows 11, a Microsoft usará a tecnologia Intel Bridge, referido pela empresa como um “pós-compilador de tempo de execução”. Trata-se de um recurso, compatível com processadores Intel e AMD, que rodará uma segunda compilação dos binários de um app ou game do Android, originalmente desenvolvidos para plataformas ARM, como smartphones, tablets, TVs, dongles e set-top boxes, entre outros.

Com o Intel Bridge, o app ou game do Android passará a ser reconhecido pelo Windows 11 como uma aplicação IA-32, baseada na arquitetura x86-64 de processadores para desktops tradicionais. O ideal seria que o sistema fosse capaz de entender os binários de forma direta, mas a Microsoft optou por uma abordagem similar à do Google com o Chrome OS, que roda os apps do sistema móvel em um contêiner virtual separado.

Essa decisão cria uma série de problemas de otimização, mesmo o Google não conseguiu fazer com que todos os apps de Android funcionem no Chrome OS, e nem todos são otimizados, mas a Microsoft optou por esse caminho por dois motivos.

O primeiro foi deixar a curadoria dos apps a cargo da Amazon, que os distribuirá de forma legítima no Windows 11 pela Amazon Appstore, acessível pela Microsoft Store. Ainda que tal medida deixe o sistema restrito aos apps que a loja oferece nos dispositivos da gigante das compras, e ainda assim, os desenvolvedores podem restringir seu uso no Windows 11, como já ocorreu com alguns apps do iOS em Macs equipados com processadores M1.

Segundo, a Microsoft e o Google aparentemente não entraram em um acordo sobre a distribuição dos apps do Android no Windows 11, e dessa forma, a opção de jogar a responsabilidade para uma intermediária, que já  distribui apps, seria a mais sensata. Além da Amazon Appstore, há opções de outras empresas como a Galaxy Store da Samsung, que também distribui aplicativos e jogos.

Esse desentendimento entre Google e Microsoft terá seus efeitos, e o primeiro deles é a incompatibilidade no Windows 11 com o Google Play Services, o que restringe o uso de apps mais óbvios da gigante das buscas, sendo que os mesmos também não são distribuídos pela Amazon Appstore, além de algumas funções nos compatíveis.

O segundo, e mais crítico, é a decisão revelada em janeiro de 2021 de definir um novo padrão de apps a serem distribuídos no Android, em que o APK será depreciado em favor do Android App Bundle.

Introduzido em maio de 2018, o Android App Bundle é um formato diferenciado para a distribuição de app no Android. Por padrão, os arquivos  .apk são contêineres massivos, que reúnem binários para todos os formatos de dispositivos compatíveis, de modo que ele possa ser executado em gadgets com especificações diversas. Eles trazem suporte a diversas resoluções de tela, quantidades de RAM variadas, diferenças de arquitetura entre dispositivos, e por aí vai.

Android App Bundle substituirá APK como padrão do Android (Crédito: Divulgação/Google)

Android App Bundle substituirá APK como padrão do Android (Crédito: Divulgação/Google)

O arquivo .apk é criado tendo em vista a gigantesca miríade de aparelhos diferentes do ecossistema Android, e podem ser distribuídos tanto pela Google Play Store, Amazon Appstore, Galaxy Store e outras lojas digitais, como é possível instalá-los manualmente através de sideloading, um recurso padrão (embora não tão amigável) em dispositivos que rodam o robozinho, e que o Windows 11 também suportará, o que é uma boa notícia para quem deseja baixar um app ou game que a lojinha do Bezos não oferece.

O grande problema do APK é que como seus binários trazem suporte a todos os aparelhos em que rodam, os arquivos finais costumam ocupar muito espaço. O app do Facebook pode chegar a absurdos 300 MB, e games extrapolam a marca de 1 GB facilmente, o que com o tempo foi contornado com downloads acessórios internos após a instalação dos arquivos .apk, que hoje costumam pesar bem menos.

Como consequência, um app instalado via APK, seja pela loja ou manualmente, sempre trará uma quantidade de binários completamente inúteis para o usuário, por suportarem formatos que o seu aparelho não usa, e o espaço interno do smartphone ou gadget acaba sendo ocupado de forma desnecessária.

O Android App Bundle, por sua vez, usa uma distribuição de pacotes e recursos dinâmica. Seu dispositivo Android irá baixar e instalar o app ou game usando apenas os binários que precisa para rodá-lo, dispensando todos os demais voltados a outros aparelhos. Dependendo do caso, a economia de espaço pode exceder a marca de 60% por app.

Além da instalação e atualização dinâmicas, o Android App Bundle goza de outras vantagens frente ao APK, como a assinatura digital dependa apenas do Google Play App Signing, uma chave única criptografada, ao invés de duas, a da upload e a de assinatura, no formato tradicional, e o desenvolvedor deixa de ser o responsável pela chave, que passa a ser cuidada pela Play Store.

Como nem tudo é perfeito, o Android App Bundle é um formato proprietário, restrito apenas aos apps distribuídos pela Google Play Store. Segundo a empresa, ele hoje responde por mais de 1 milhão de apps e games, e esta marca deve aumentar, pois a partir de 1º de agosto de 2021, todas as aplicações novas submetidas à loja deverão usar o novo formato, que passará a ser o padrão da loja, ao invés do APK.

A mudança vale apenas para apps novos, e os atuais poderão manter o formato de APK para distribuição, principalmente se o fazem em mais de uma loja, mas é fato que o Google está incentivando a adoção do Android App Bundle por todos, e a médio prazo, poderá inclusive encerrar o suporte aos arquivos .apk, forçando todo mundo a migrar.

Nesse cenário, o desenvolvedor terá que ou manter duas versões de um mesmo app ou jogo, o APK e o Android App Bundle, se quiser continuar trabalhando com o Google e outras lojas, ou priorizar um dos dois, caso queira ter menos trabalho. Devido ao alcance, quem optar por esse caminho muito provavelmente fechará com as diretrizes da Play Store, a loja do Android mais acessível aos usuários.

As demais, incluindo a Amazon Appstore, podem ficar relegadas a distribuir versões antigas de apps e games, e o mesmo vale para o sideloading. Tal prática, embora o Google tolere por causa dos desenvolvedores (o recurso nunca foi voltado ao usuário final), sempre foi taxada como insegura e menos do que o ideal, além de ser uma porteira para a pirataria de apps e games.

A ferramenta também viabilizou lojas de terceiros, que contam com aplicações que não foram aceitas ou foram removidas  da Play Store e concorrentes, e/ou facilitam o acesso a apps e games com travas de região.

Usuários do Windows 11 poderão ficar restritos à Amazon Appstore e APKs antigos (Crédito: Reprodução/Microsoft)

Usuários do Windows 11 poderão ficar restritos à Amazon Appstore e APKs antigos (Crédito: Reprodução/Microsoft)

A decisão do Google de depreciar o APK em favor do Android App Bundle não é nova, mas é curioso o timing do lembrete aos desenvolvedores sobre a mudança, através do post publicado no Android Developers Blog nesta segunda-feira (29), poucos dias depois da Microsoft anunciar o Windows 11 e o suporte a apps do sistema móvel em seu SO para desktops.

Fica a impressão de que o entendimento entre as duas companhias não é dos melhores, algo que foi insinuado pela parceria com a Amazon, que servirá de atravessadora para a distribuição oficial, e o suporte aos sideloads, ao invés de um acordo formal pela implementação da Google Play Store em computadores.

Os motivos podem ser desde receita (a divisão da grana entre Microsoft, Amazon e developers developers developers não foi explicada) à privilegiar apenas o Chrome OS, visto que o Google também tem participação em desktops e laptops.

No fim das contas, a estratégia da Microsoft em oferecer apps do Android no Windows 11 vai depender de como o Google irá tratar a migração do APK para o Android App Bundle, e quais serão seus efeitos nos desenvolvedores a médio prazo.

Fonte: Android Developers Blog

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