O Ministério da Saúde (MS) deixou passar da validade um estoque gigantesco de medicamentos, vacinas, testes de diagnósticos e outros itens que deveriam ser encaminhados à rede de atendimento do SUS. Avaliados em mais de R$ 240 milhões, os produtos vencidos deverão ser incinerados. Dados do estoque, que eram mantidos em sigilo pelo ministério, foram revelados pela Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (6).
Segundo o jornal, os 3,7 milhões de itens, que estão em um “cemitério” de insumos do SUS na cidade de Guarulhos (SP) e começaram a vencer há cerca de três anos, expiraram quase todos durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para esconder do público essas informações, a pasta acenava com um documento interno de 2018 considerado inválido pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Os produtos vencidos, que serão queimados, deveriam ter ido para pacientes do SUS com hepatite C, câncer, Parkinson, Alzheimer, tuberculose, doenças raras, esquizofrenia, artrite reumatoide, transplantados e problemas renais, entre outras enfermidades.
Alguns desses itens deteriorados estão em falta nos postos de saúde, como o metotrexato, usado no tratamento do câncer, que terá 24 mil ampolas destruídas.
Quais medicamentos estragaram no depósito do Ministério da Saúde?
Fonte: Arek Socha/Pixabay/ReproduçãoFonte: Arek Socha/Pixabay
Após acessar as tabelas do Ministério da Saúde com dados sobre os itens vencidos, número de lote, data da validade e valor pago pelo governo, a Folha de S. Paulo detectou alguns casos de medicamentos com alta demanda, como as canetas de insulina, que humanizam o tratamento de diabetes, principalmente em crianças e idosos. Compradas em 2018 por R$ 10 milhões, serão destruídas 820 unidades — o suficiente para 235 mil pacientes durante um mês.
Também foram perdidos, durante o governo Bolsonaro, frascos para aplicação de 12 milhões de vacinas para gripe, BCG, hepatite B, varicela, entre outras doenças. A perda total em vacinas é estimada em R$ 50 milhões. O MS também estoca cerca de R$ 345 mil em tratamentos dos programas DST/Aids, principalmente testes de diagnóstico, além de R$ 620 mil em insumos para prevenção da malária.
O diretor do Dlog (Departamento de Logística do MS), general da reserva Ridauto Fernandes, disse à Folha que a perda de validade de produtos ocorre “em quase todos os ramos da atividade humana”.
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