Chamada uma vez de “flagelo moderno” da humanidade, a Aids continua incurável, mas a certeza de que esta não é uma verdade imutável surgiu inesperadamente para pesquisadores espanhóis. Uma rara mutação genética, presente em uma centena de pessoas portadoras de uma doença muscular, provoca a imunidade contra o vírus HIV.
A revelação foi feita no dia 26 de julho por pesquisadores do Instituto de Saúde Carlos III, em Madri. A primeira mutação descoberta está presente no gene CCR5, é rara e foi detectada no americano Timothy Brown, ex-soropositivo, o primeiro ser humano a ser curado de Aids. Depois de passar por um tratamento experimental contra leucemia com células-tronco de um doador resistente ao HIV, ele se viu livre do vírus por conta da imunidade adquirida com o procedimento.
Além do CCR5, a mutação afeta o gene conhecido como Transportina 3 (TNPO3), ainda mais raro, que causa a distrofia muscular de cinturas do tipo 1F. O grupo de médicos que pesquisava o TNPO3 em uma família espanhola afetada se deu conta de que havia um time de geneticistas estudando o mesmo gene e seu papel na infecção por HIV (que transporta o vírus para dentro das células).
Resistência natural ao vírus
O grupo de geneticistas infectou amostras de sangue da família espanhola portadora do TNPO3, e o que se viu no laboratório foi que os linfócitos de seus membros são resistentes ao vírus, que não consegue infectá-los.
Segundo declarou à AFP o virologista do Instituto Carlos III e líder da pesquisa, José Alcami, “ainda há muitas coisas sobre o HIV que não sabemos como, por exemplo, por que 5% dos pacientes infectados não desenvolvem a doença. Há mecanismos de resistência à infecção que ainda não conseguimos entender completamente”.
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