A guerra de estúdios e produtoras contra a pirataria continua, e os consumidores estão novamente na linha de tiro: em uma recente nota de suporte, a Netflix informa que o streaming na resolução 4K em computadores Apple Mac está limitado apenas aos modelos mais recentes, equipados com chips Apple T2.
Tal estratégia não é uma nova moda de Cupertino, e sim uma imposição de DRM via combinação de software e hardware por parte dos content providers, vigente no Windows 10 desde 2016.
Na página da central de ajuda da Netflix dedicada à execução do serviço de streaming em um computador Mac, a companhia definiu as configurações mínimas para que o hardware seja capaz de executar conteúdos em Ultra HD. Eles são os seguintes:
- Assinatura do plano Ultra HD (R$ 45,90/mês);
- Monitor 4K com taxa de atualização de 60 Hz e HDCP 2.2 (no caso de um externo);
- Sistema operacional Apple macOS 11.0 Big Sur ou versões posteriores;
- Navegador Apple Safari na versão 14 ou posterior;
- Computador Apple Mac com chip de segurança Apple T2 integrado.
A última cláusula anda irritando boa parte dos donos de Macs, já que apenas os modelos introduzidos a partir de 2018 trazem o componente, o que deixa de fora todos os demais; como a Netflix não esclareceu o por quê da limitação, muitos especularam se tratar de uma jogada da Apple, como forma de forçar a compra de novos Macs.
No entanto, a estratégia tem origem nos estúdios e produtoras que detém os direitos dos conteúdos, de modo a combater a pirataria. No caso a Apple deve seguir as normas do DMCA, o que leva à implementação de um DRM híbrido, uma combinação de hardware (Apple T2) e software (macOS Big Sur).
Essa atitude por parte dos content providers não é exatamente nova: em 2016 as mesmas regras foram aplicadas ao Windows 10, com o streaming em 4K na Netflix tendo sido limitado ao navegador Microsoft Edge ou ao app dedicado distribuído via Microsoft Store, e somente em computadores equipados com processadores Intel Core de 7ª geração (Kaby Lake).
Tal como no caso do macOS, é uma combinação mínima de hardware e software e exatamente por conta dessas características, o streaming em 4K da Netflix segue bloqueado em todas as distribuições Linux, sem previsão de quando (ou se) será liberado.
Netflix, Amazon Prime Video e outros serviços limitam o streaming em 4K em comum acordo com estúdios e produtoras, tanto das obras destes quanto de suas originais, única e simplesmente para tentar restringir ao máximo a cópia de filmes, séries e documentários via computadores.
Hoje, é normal tão logo um novo conteúdo se torne disponível oficialmente, o mesmo aparecer na Locadora do Paulo Coelho em questão de horas ou até de minutos, indo de filmes individuais a temporadas inteiras; o movimento busca dificultar o trabalho de piratas ao máximo, embora sejamos sinceros…
Combater a pirataria dessa maneira é como tentar esvaziar um oceano com uma peneira; por mais que os content providers, da Netflix aos estúdios de Hollywood se esforcem para barrar a ação da Locadora, há inúmeros métodos que os grupos podem usar para copiar os episódios e filmes.
O que nos leva ao dano colateral, que é irritar o consumidor que não consome conteúdo pirata. Assim como ocorre com o Denuvo, o odiado sistema de DRM que inúmeros jogos de computador usam, tal movimento prejudica o usuário e mal afeta os copiadores de forma significativa.
Por esse motivo e graças à balcanização do streaming, a parcela do público que voltou à baía aumentou consideravelmente; faz mais sentido recorrer ao BitTorrent e assistir o que quer sem dores de cabeça, do que depender de um serviço legal que limita recursos ou causa problemas ao usuário.
Qual será o futuro? É fato que os donos de conteúdo continuarão a desenvolver novos e mais eficientes (e provavelmente mais problemáticos) métodos para combater a pirataria, enquanto a turma do tapa-olho seguirá correndo para contornar tais ferramentas.
É um jogo de gato e rato sem fim, onde a distribuição ilegal não causa danos à indústria e pode até ser benéfica, ao contrário do que possa parecer.
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