Poucos gêneros se beneficiaram tanto com o avanço da tecnologia quantos os jogos de corrida. Hoje é possível encontrar simuladores que se aproximam muito da realidade, mas várias pessoas ainda curtem uma jogabilidade descompromissada, que lembre os clássicos que fizeram sucesso nos fliperamas há mais de duas décadas. Pois é para elas que a Lucky Mountain Games criou o Hotshot Racing.
A primeira característica de Hotshot Racing que chama a nossa atenção é a aposta em algo conhecido como arte lowpoly. Ela consiste em recriar algo com uma pequena quantidade de polígonos, tendo sido a maneira encontrada pelo estúdio para homenagear uma época em que as empresas faziam questão de divulgar a quantidade de polígonos em um jogo, mesmo com os objetos que víamos sendo formados por apenas alguns deles.
Para quem nunca havia jogado algo visualmente mais realista do que o que tínhamos até então, tudo parecia lindo, mas o tempo não foi muito generoso com aqueles jogos. Sendo assim, faria sentido recriar um jogo de corrida com este visual hoje em dia? Pois a resposta é um categórico sim! Visualmente o jogo é lindo (desde que você não esteja esperando fotorealismo, é claro), com os cenários sendo bastante coloridos e por incrível que pareça, cheios de detalhes.
Parte desta beleza também se deve ao fato de que o Hotshot Racing não apresenta quedas na taxa de atualização de frames, rodando sempre a 60 fps quando estivermos jogando em um dos modos para um jogador. De acordo com a desenvolvedora, isso vale para todas as plataformas em que o jogo está disponível (Xbox One, PC, PlayStation 4 e Nintendo Switch) e ao menos no console da Microsoft pude comprovar ser verdade.
Além disso, essa alta taxa de frames ajuda a fazer com que a sensação de velocidade entregue pelo jogo seja impressionante e como ele nunca se preocupa com o realismo, é muito legal entrar numa curva a centenas de quilômetros por hora ou rasgar uma reta sem nem ter muito tempo para admirar a paisagem.
Drift, vácuo e turbo
Contudo, de nada adianta um jogo acertar na parte visual se a sua jogabilidade não agradar e se você gosta de títulos como OutRun, SEGA Rally ou Ridge Racer, estará em casa no Hotshot Racing. Com uma mecânica bastante simples, mas que exigirá algum treino para ser dominada, nele as corridas se resumirão e fazermos o possível para enchermos a nossa barra de turbo e para isso teremos duas opções.
A primeira delas será entrar derrapando nas curvas e quanto mais tempo permanecermos desta forma, maiores as chances de sairmos vencedores. No início poderá ser um pouco difícil acertarmos o ângulo do carro ou o momento de iniciarmos o drift, mas bastará algumas voltas para passarmos a utilizar a técnica de maneira instintiva.
Já a segunda forma de adquirirmos turbo é pegando o vácuo do carro que estiver a nossa frente. O detalhe é que ao fazermos isso ainda ganharemos um belo salto de velocidade, uma ideia muito bem executada por parte dos criadores do jogo, pois ela garante uma grande alternância nas posições e faz com que as provas sejam bastante dinâmica, permitindo que mesmo ao cometermos um erro ainda tenhamos chance de nos recuperar.
Eu gostei tanto desse sistema de aumento de velocidade usando o vácuo, que mesmo correndo o risco de cometer uma injustiça aqui diria que é quase como se estivéssemos disputando uma corrida de Mario Kart, mas sem termos acesso aos power-ups.
Vários modos e muitos desbloqueáveis
Poucas coisas são mais frustrantes do que um jogo de corrida sem muito o que podemos fazer, mas este não é o caso do Hotshot Racing. Ao todo ele conta com 16 pistas divididas em quatro regiões (costa, deserto, floresta e alpes), todas permitindo muita velocidade e podendo ser aproveitadas em qualquer modo do jogo.
Para quem gosta de jogar sozinho, temos as tradicionais opções de disputar várias provas em sequência recebendo pontos de acordo com a colocação; de correr em apenas uma pista ou ainda de tentar fazer a volta mais rápida. Seria bom se o jogo nos permitisse montar um campeonato com as corridas que quiséssemos, mas aqui teremos a liberdade apenas de escolher entre um dos três níveis de dificuldade.
Há ainda outras duas modalidades de corrida, sendo uma em que os competidores alternarão entre ser o ladrão que precisa coletar dinheiro e os policiais, cujo objetivo será destruir os carros dos fugitivos. Já o outro modo teve como inspiração o filme Velocidade Máxima, com os carros contando com bombas que serão detonadas caso não consigamos nos manter acima de uma determinada velocidade.
Um detalhe que merece ser mencionado é que enquanto online podemos disputar corridas contra até outras sete pessoas, localmente o jogo permite que quatro corredores se enfrentem em tela dividida. Este é um recurso que deverá fazer sucesso naquelas reuniões de amigos, mesmo porque não são muitos os títulos que contam com algo assim hoje em dia.
Outro ponto que deverá deixar muitas pessoas felizes é o fato de que mesmo contando com uma grande quantidade de itens para serem desbloqueados (todos puramente cosméticos), o Hotshot Racing não oferece qualquer tipo de microtransação. As opções vão desde roupas para os oito personagens, até modificações para os quatro veículos de cada um deles.
São escapamentos diferentes, saias, para-choques, faróis, aerofólios… Alguns desses itens serão desbloqueados sem muito esforço, como por exemplo vencendo um campeonato, já outros exigirão uma boa dose de dedicação, com o jogador tendo que fazer, por exemplo, um grande número de derrapadas ou acumular um tempo alto em drifts. Para quem gosta de coletar tudo nos jogos, esse processo será um tanto maçante, mesmo porque são 32 veículos disponíveis, cada um deles contando com sua própria lista de tarefas a serem cumpridas.
Uma corrida em direção ao passado
Embora não entregue a profundidade que estamos acostumados a ver hoje em dia, Hotshot Racing é um jogo honesto, que nunca se envergonha de escancarar as suas fontes de inspiração e que diverte justamente pela simplicidade. Há ainda a maneira como a sua parte visual ajuda a nos transportar para uma época em que os gráficos de um Virtua Racing pareciam tão fantásticos ou que delirávamos com as derrapagens de um Sega Super GT.
Do visual até à própria jogabilidade, a sensação que temos ao jogá-lo é de estarmos num daqueles fliperamas da década de 90, mas sem toda a fumaça de cigarro, alguns malandros mal-encarados ou a necessidade de gastarmos uma boa grana em fichas.
Eu só espero que mais conteúdo seja adicionado ao Hotshot Racing com o tempo, já que as possibilidade são infinitas.
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