A companhia chinesa Huawei é uma das líderes do mercado de telecomunicações e telefonia celular, fortíssima no mercado de infraestrutura, componentes, roteadores e tecnologias de transmissão. Ela é uma das principais empresas fornecedoras de 5G, e disputa o mercado com outras gigantes como Qualcomm, Ericsson e Nokia
Falando especificamente do 5G, a Huawei é a empresa que detém o maior número de patentes que envolvem o uso da tecnologia, e ela vai agora começar a cobrar royalties das fabricantes de celulares, como Apple e Samsung, que implementaram suas tecnologias para o uso da nova rede.
Os últimos anos não foram gentis com a Huawei, graças às várias sanções de que foi alvo por diversos governos, começando pelos Estados Unidos, sob suspeitas de que a empresa atuaria como espiã do governo chinês, algo que nunca sequer foi provado.
A proibição de negócios de empresas americanas com a chinesa, que vai desde o Google fornecer acesso à seus serviços, a companhias de microcomponentes, minou suas finanças, ao ponto dela ser obrigada a vender a divisão de celulares Honor, de modo a conter os prejuízos.
O estrago, no entanto, foi grande. Além de deixar o posto de segunda empresa que mais vende dispositivos móveis, podendo até mesmo sair do Top 5 em breve, a Huawei teve seus negócios em infra e telecomunicações fortemente limitados mundo afora. As decisões nos EUA de impedir a empresa de fornecer equipamentos de 5G no país tiveram consequências até mesmo no quase mítico leilão do espectro no Brasil, em que ela quase foi barrada.
Contrariando opiniões favoráveis ao projeto americano “Rede Limpa” do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, e do vereador Carlos Bolsonaro (Rep-PMRJ), a Anatel decidiu em janeiro de 2021 não implementar restrições à Huawei, atendendo solicitações das operadoras Claro, TIM, Vivo e Oi, que dependem dos equipamentos já usados por elas.
Assim, a companhia chinesa poderá participar do leilão brasileiro do 5G, quando ele acontecer… um dia.
De qualquer forma, a situação financeira da Huawei não é das melhoras, mas se por um lado a empresa tem dificuldades em vender produtos de infra para 5G, por outro, ela detém uma quantidade enorme de patentes ligadas à tecnologia, muitas essenciais para a implantação da rede e recepção do sinal, principalmente nos celulares modernos.
Assim, chegou a hora de fazer a cobrança de seus “parceiros”, o que foi confirmado pela empresa.
O movimento é o mesmo já praticado por Nokia e Qualcomm, que recolhem sua parte em royalties de fabricantes de celulares 5G, mas a ideia é estipular um valor mais baixo por dispositivo, em torno de US$ 2,50/unidade. A título de comparação, a concorrente finlandesa cobra US$ 3,58 por celular ou tablet que usa suas patentes.
De acordo com profissionais da GreyB, uma companhia especializada em direito patrimonial, a Huawei possui um total de 3.007 patentes referentes a 5G, mais do que qualquer outra empresa, e dessas, cerca de 18,3% são atualmente usadas pelas fabricantes, sejam as que já possuem celulares compatíveis no mercado, ou a Apple, cuja próxima geração de iPhones e iPads já deverão suportar a nova rede.
Isso posto, Apple e Samsung deverão ser os alvos preferenciais da Huawei, visto serem as duas companhias que dividem sozinhas o market share de dispositivos móveis. Ambas dependerão do 5G para seus próximos celulares, e isso não é algo que possa ser contornado trocando componentes. Algumas das patentes descrevem métodos essenciais de comunicação para o novo espectro, algo que ambas empresas só poderiam driblar se inventassem e usassem protocolos de rede próprios, à parte do 5G.
Segundo a Huawei, a estimativa é arrecadar entre US$ 1,2 e US$ 1,3 bilhão referente ao período entre 2019 e 2021, partindo do ponto em que os primeiros celulares 5G começaram a chegar ao mercado. Vale lembrar que o primeiro do mundo foi o Galaxy S10 5G.
Do lado das fabricantes, não há muito o que fazer. Tanto a Apple quanto a Samsung usam modems da Qualcomm em seus celulares, e a maçã está desenvolvendo seu próprio componente para diminuir ainda mais o espaço da fabricante em seus iPhones, após anos de brigas entre as duas partes.
Ainda assim, o simples fato de usar as tecnologias patenteadas da Huawei significa que Cupertino, assim como a Samsung e outras empresas, terão que desembolsar uma grana em royalties, em adição ao que elas já pagam para outras empresas, dentro da mesma categoria.
Fonte: CNBC
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