Buracos na camada de ozônio são sinais de alerta para a maneira como tratamos o ar que respiramos. A última brecha se abriu sobre o Ártico, e seu tamanho foi o que assustou os cientistas: quase um milhão de quilômetros quadrados. Há quase uma década ele não era tão grande e demorava tanto para se fechar.
The unprecedented 2020 northern hemisphere #OzoneHole has come to an end. The #PolarVortex split, allowing #ozone-rich air into the Arctic, closely matching last week’s forecast from the #CopernicusAtmosphere Monitoring Service.
More on the NH Ozone hole??https://t.co/Nf6AfjaYRi pic.twitter.com/qVPu70ycn4
— Copernicus ECMWF (@CopernicusECMWF) April 23, 2020
“A camada de ozônio sobre o Ártico está severamente esgotada a 18 quilômetros de altitude. A última vez em que isso foi observado foi durante a primavera de 2011”, disse em comunicado o Serviço de Monitoramento de Atmosfera Copernicus (CAMS) da Comissão Europeia.
O rombo sobre o Ártico registrado em março teve como maior responsável um vórtice polar estratosférico que circula o polo e que, este ano, foi excepcionalmente forte e de longa duração. “As temperaturas na estratosfera permaneceram baixas por tempo suficiente para permitir a formação de nuvens estratosféricas polares, resultando em grandes perdas de ozônio no Ártico”, diz o comunicado do CAMS.
Mistura corrosiva
O bromo e o cloro em suspensão no ar poluído, em contato com essas nuvens, desintegraram o ozônio sobre a região. À medida que os dias ficam mais longos, esses produtos químicos reagem com a luz solar para esgotar o ozônio estratosférico.
Para piorar, as temperaturas nos polos estão se tornando cada vez mais instáveis, e isso afeta não apenas a formação desses buracos como também o tempo que eles levam para se fechar. “O ar frio fortalece os vórtices polares, permitindo que eles causem mais danos à camada de ozônio”, disse à Nexus Media News o cientista climático da Universidade de Maryland Ross Salawitch.
Não apenas a permanência prolongada do vórtice agravou o problema: as correntes de ar que normalmente liberariam moléculas de oxigênio na região afetada estavam paradas, sem poder avançar sobre o polo. O buraco, finalmente, se fechou no início de abril.
Meio século de recuperação
O ozônio é naturalmente gerado pela radiação solar; quando esta é reduzida (como acontece nos invernos polares), ele também diminui, principalmente por sua rápida oxidação com a proximidade de qualquer elemento. A natureza abre um buraco sobre cada polo todos os anos; o problema é quando ele se abre, aumenta de tamanho e demora a fechar – quando fecha.
O resultado do pânico (justificado) que os pesquisadores insuflaram nas autoridades e no publico quando descobriram em 1985 um gigantesco rombo sobre o Polo Sul resultou no Protocolo de Montreal.
O acordo planetário determinava o banimento de substâncias, como os clorofluorcarbonetos (CFCs), que estavam não apenas causando o aumento do buraco na camada de ozônio como impedindo que ele se fechasse.
Aquecimento global, o vilão da vez
Abaixo, você confere uma simulação na qual, à esquerda, vemos a evolução da camada de ozônio (em laranja, vermelho e amarelo) graças ao fim do uso de CFCs; à direita, como ela seria sem o Protocolo de Montreal.
O buraco sobre a Antártida fica a cada inverno menor, mas levará cerca de meio século até que ele se feche. Essa é a boa notícia. A má é que as mudanças climáticas também prejudicam a camada de ozônio.
Como o dióxido de carbono prende o calor nas camadas mais baixas da atmosfera (o efeito estufa), a superfície do planeta está cada vez mais quente e a atmosfera superior, mais fria. Essa é justamente a causa de vórtices polares intensos e duradouros, e de mais nuvens de alta altitude, ativando as substâncias que desintegram o ozônio.
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