Jeff Bezos processa NASA por perder contrato para SpaceX

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Agora é oficial, Jeff Bezos é um péssimo perdedor. Quando a Blue Origin perdeu o contrato de construção do módulo de pouso lunar do Programa Artemis da NASA para a SpaceX, a única contemplada porque a agência espacial não tem muito dinheiro sobrando, sua companhia entrou com um protesto no Departamento de Contabilidade do Governo dos EUA (US Government Accountability Office, ou GAO), a fim de reverter a decisão.

O GAO, no entanto, endossou a decisão da NASA, visto que a agência só pode trabalhar com a verba que tem, não tem obrigação de dar satisfações, e claro, a proposta da Blue Origin era muito mais cara. Só que Bezos, que não sabe ouvir um “não”, decidiu partir para a decisão mais antipática possível, com a Blue Origin abrindo um processo contra a agência espacial dos EUA, de modo a forçá-la judicialmente a contratar sua empresa.

Para Jeff Bezos, a Blue Origin "tem o direito" de ser uma das empresas fabricantes do módulo lunar, por seu lobby (verbal) a favor da volta dos americanos à Lua (Crédito: Elif Ozturk/Anadolu Agency/Getty Images)

Para Jeff Bezos, a Blue Origin “tem o direito” de ser uma das empresas fabricantes do módulo lunar, por seu lobby (verbal) a favor da volta dos americanos à Lua (Crédito: Elif Ozturk/Anadolu Agency/Getty Images)

Vamos recapitular: a licitação original da NASA para a construção do módulo de pouso lunar avaliou as propostas de três companhias, Dynetics, Blue Origin e SpaceX, em que apenas a empresa de Elon Musk já possui um protótipo funcional, no caso a Starship. Pesaram para seu lado também o fato de que seu projeto está ordens de magnitude além dos concorrentes, que são mais próximos dos Apollo.

A Starship é uma nave completa enorme, com capacidade colossal de carga, que sobe e desce sem módulos auxiliares, tal qual um foguete de desenho animado, e todo mundo o viu funcionando. Além disso, a companhia de Musk já tem experiência de sobra, com os foguetes Falcon e a cápsula Dragon, enquanto que a Blue Origin nunca mandou nem uma jujuba para o espaço.

Além da experiência e das diferenças de projeto, a Starship se destaca em um fator extremamente crítico, que é o custo. A SpaceX orçou o valor do projeto da Starship em um montante que representa 50% do proposto pela Dynetics, e cerca de 25% do que o estipulado pela Blue Origin, sem contar que a companhia irá arcar sozinha com quase todos os custos de desenvolvimento, em troca de aprendizado e manter os direitos sobre seus equipamentos.

A Blue Origin, por sua vez, propôs financiar até um limite de US$ 2 bilhões para o seu ILV, o que não dá nem para o começo. A NASA teria que bancar com dinheiro do contribuinte daí por diante, e lembrem-se de que a agência já será obrigada a justificar o SLS, a “obra de igreja” que custa o mesmo valor por lançamento, de qualquer jeito.

No fim das contas, o relatório do GAO dispensou os protestos da Blue Origin e Dynetics, endossando assim a escolha unicamente da SpaceX. Em nota oficial, o órgão alegou que a agência espacial, na condição de departamento do governo dos EUA, e portanto soberano em suas decisões, não tinha obrigação nenhuma de cumprir com promessas anteriores, de que idealmente seriam duas as empresas escolhidas.

O escritório se apoiou principalmente no relatório apontado pelo diretor da NASA Bill Nelson, de que devido aos diversos cortes no orçamento impostos pelo Congresso, a agência se viu forçada a fechar com aquilo que podia pagar.

Ao mesmo tempo, o GAO apontou que a Starship é superior ao ILV em todos os aspectos, e mesmo assim, é muito mais barata. Ouch.

Starship, Dynetics HLS e ILV da Blue Origin em escala, com humano para referência (Crédito: John MacNeill)

Starship, Dynetics HLS e ILV da Blue Origin em escala, com humano para referência (Crédito: John MacNeill)

Claro que Jeff Bezos não gostou nem um pouco da recusa da Blue Origin no Projeto Artemis. Na ocasião, um porta-voz da empresa disse que o GAO “não foi capaz de resolver os problemas fundamentais” referentes à decisão da NASA, “por conta de sua jurisdição limitada”, basicamente chamando o órgão de contabilidade norte-americano de incompetente.

A posição oficial da empresa seria a de “continuar brigando” para forçar a NASA (sim, nesses termos) a aprovar mais um módulo lunar, obviamente o ILV, mas poucos acreditaram que a bravata iria muito mais longe.

Na última sexta-feira (13), no entanto, a Blue Origin entrou com um processo formal contra a NASA no Tribunal de Reclamações Federais dos EUA, que acolhe denúncias e processos comerciais contra o governo. De acordo com a reclamante, negociações recentes entre as partes não chegaram a lugar nenhum, e que a decisão de privilegiar apenas a SpaceX é prejudicial ao mercado.

No processo, a Blue Origin diz que “os problemas identificados” na licitação, no caso a escolha apenas da companhia de Musk, “devem ser resolvidos para restaurar a equidade e a competição, a fim de garantir um retorno seguro da América à Lua”.

A NASA tem até o dia 12 de outubro para apresentar uma resposta legal ao processo, o que ela em nota já avisou que fará no devido tempo, enquanto se mantém comprometida totalmente com o Programa Artemis, segundo nota. Mas no geral, a decisão de Bezos em processar a NASA axcabou por complicar ainda mais as coisas para ele.

Resumindo um pouco, o CEO da Blue Origin acredita piamente que sua companhia “tem o direito” de ser uma das escolhidas para construir o módulo de pouso lunar. Segundo uma fonte, o executivo defende que seus anos fazendo lobby pela exploração espacial garantiriam por si só uma cadeira cativa nos planos futuros da NASA, sem ter que fazer grandes esforços para isso.

A SpaceX, que é uma empresa mais jovem (2002 vs. 2000) já tem equipamentos bons o bastante para lançar equipamentos realmente pesados, como a sonda Europa Clipper, que será mandada para o satélite de Júpiter, enquanto a concorrente, de novo, nem uma jujuba.

Essa soberba de Bezos em relação ao espaço está afetando negativamente a imagem da Blue Origin e outras companhias do executivo, como a Amazon Web Services, que recentemente conseguiu afundar um projeto do Pentágono por ter perdido a concorrência para a Microsoft.

Detalhe do Integrated Lander Vehicle da Blue Origin (Crédito: Divulgação/Blue Origin)

Detalhe do Integrated Lander Vehicle da Blue Origin (Crédito: Divulgação/Blue Origin)

Segundo um contato da NASA, o modus operandi de Jeff Bezos em processar o governo dos EUA sempre que suas empresas perderem licitações, só servirá a curto prazo para inviabilizar qualquer tentativa futura de suas empresas em conseguirem contratos, apenas porque ninguém vai querer lidar com ele.

O mesmo vale internamente, e o agradecimento feito por ele aos funcionários e consumidores da Amazon, por pagarem pelo voo do New Shepard, ato mal visto dado o histórico, não foi a única coisa que pegou mal entre os colaboradores da Blue Origin.

O site Ars Technica conversou com gente de dentro e muitos deles estão bem ressentidos com a forma que os executivos estão conduzindo essa briga com a NASA e a SpaceX, o que inclui dados supostamente maquiados para convencer os trabalhadores de que a empresa é a injustiçada do rolo.

Essa estratégia já fez estragos: Nitin Arora, até então engenheiro sênior do ILV, trocou a Blue Origin pela SpaceX. Há quem diga que essa insistência de Bezos e da Blue Origin em brigar com o governo e concorrentes, ao invés de apresentar resultados, só servirá para derrubar a moral de suas equipes e como consequência, muitos abandonarão o barco e buscarão empregos em outros lugares.

A SpaceX não se manifestou sobre o caso, provavelmente porque estão ocupados demais colocando a Starship para funcionar, para dar atenção à crise de mau perdedor de Bezos.

Fonte: Ars Technica

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