Jornaleiros querem transformar Marte em Themyscira

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A trope de planetas só de mulheres é bem antiga, está presente em todo tipo de ficção, da mais rasteira e sexista à mais bem-intencionada, apareceu em sátiras, como o maravilhoso Mulheres Amazonas na Lua, e em Star Trek, no episódio Anjo 1, Aonde Nenhum Beta Biscoiteiro Jamais Esteve, mas as complicações biológicas de manter uma sociedade com um sexo só pareciam intransponíveis mas agora uma pesquisa mudou isso.

O trabalho concluiu de forma preliminar que “esperma congelado permanece viável depois de exposto a condições do espaço profundo”, o que é uma senhora afirmação, mas a parte que animou os jornaleiros foi dizerem que o experimento “abre a possibilidade de transportar com segurança gametas masculinos para o espaço e considera a possibilidade de criar um banco de esperma humano fora da Terra”.

Isso foi rapidamente extrapolado para a idéia de uma tripulação 100% feminina, e logo evoluiu para uma colônia marciana só de mulheres:

Uma das matérias chegou a citar a primeira astronauta britânica, Helen Sharman, que mencionou estudos da NASA aonde equipes só de homens ou só de mulheres funcionam melhor, o que é uma imensa bobagem, a Competição Intrasexual Feminina só piora se só há mulher no grupo, e quando só tem homem o resultado é um festival da salsicha com todo mundo resmungando o tempo todo.

A idéia de missões tripuladas só com mulheres já foi levantada várias vezes, e faz sentido, se você for da turma que acredita em biologia, que diz que em média mulheres são menores do que homens e comem menos, o que significa uma economia de várias toneladas de suprimentos em uma missão para Marte. Já uma colônia, aí não faz muita diferença.

Quando uma colônia estiver grande o suficiente pra se pensar em reprodução, não fará mais sentido essa preocupação com o consumo de suprimentos. Fora que a menos que haja todo um processo de seleção de embriões, as chances são que a Ilha Paraíso ganhe vários habitantes masculinos já no primeiro lote de inseminações artificiais.

O próprio estudo, apresentado por Montserrat Boada, da Universidade Politécnica de Barcelona está longe de ser conclusivo. As tais “condições de espaço profundo”?  Nem tanto. Eles analisaram 10 amostras de esperma de doadores saudáveis que passaram por 20 vôos em um Mudry CAP 10, isto aqui:

Pois é. Um avião de acrobacias que fez 20 vôos parabólicos, com um total de 8 segundos em microgravidade em cada um. Tempo mínimo, irrelevante. É uma pesquisa do nível “aranha sem perna fica surda”, mas gerou dezenas de posts sensacionalistas, e gerará outros mais.

A parte importante foi esquecida por quase todo mundo: A idéia de enviar espermatozóides -e óvulos- para Marte faz bastante sentido, independente dos delírios sexistas de quem quer um planeta só pro seu sexo favorito. Diversidade genética é essencial, e o mínimo necessário pra garantir estabilidade genética e evitar cruzamentos consanguíneos é de 500 indivíduos.

Se uma colônia quiser começar a se reproduzir com menos que isso, ou se quiser dar um gás na diversidade genética, importar gametas da Terra faz bastante sentido, mas aí não rola manchete…

Fonte: Eureka Alert

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