Depois do grande sucesso de Until Dawn, a desenvolvedora Supermassive Games decidiu lançar um projeto super interessante: The Dark Pictures Anthology, uma série de jogos de terror no estilo cinematográfico com tramas independentes.
O primeiro, Man of Medan, chegou em agosto de 2019, abrindo muito bem o caminho para a franquia com uma história de terror envolvendo adolescentes e recheada de sustos que fazem até o “coração chegar a bater”.
E agora, Little Hope, o segundo título da franquia, foi lançado bem na véspera do Halloween, data ideal para um game que pretende conduzir os jogadores através de uma jornada macabra e relacionada a caça às bruxas nos Estados Unidos. Mas será que ele é tão bom e assustador quanto seu antecessor?
(Fonte: Voxel – Stella/Reprodução)Fonte: Voxel
Bom se quiser descobrir, então feche as janelas, apague as luzes, se esconda embaixo das cobertas e venha conferir a nossa análise!
A Bruxa está solta!
Uma criança misteriosa, um clima sobrenatural e uma cidadezinha fantasma. Se você é fã de terror, provavelmente pensou que estou falando de Silent Hill, mas na verdade, este é o começo das desventuras em Little Hope.
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Os desafortunados protagonistas desta vez são quatro estudantes universitários e seu professor: Andrew, Tanya, Angela, Daniel e John, que acabam presos em uma macabra aventura de sobrevivência após o motorista de seu ônibus tentar desviar de uma garotinha na estrada e acabar capotando o veículo.
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A partir daí, a espiral de má sorte só piora para os personagens, que não conseguem voltar para a civilização devido a uma estranha névoa que os cerca, fazendo com que o único caminho disponível seja adentrar cada vez mais na localidade há muito abandonada, aprendendo cada vez mais sobre o passado violento e cheio de histeria religiosa que levou os antigos habitantes a matarem de forma brutal diversos de seus vizinhos sob a acusação de bruxaria e pacto demoníaco.
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A trama traz uma tensão real e muito desconforto, com momentos de flashback, doppelgangers, criaturas bizarras e a quantidade certa de desespero para fazer qualquer fã de terror suar frio na hora de fazer suas escolhas, pois elas podem trazer consequências fatais.
Seja fiel a ti mesmo
Mais uma vez temos a presença super importante do Curador, que nos apresenta ao início da história do jogo e aparece entre os capítulos para nos dar dicas importantes. Prestar atenção no que ele diz pode ser essencial para manter seu grupo vivo, assim é claro, como as opções de diálogo e ações que você escolher.
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Até pequenas situações que parecem insignificantes podem ter um peso real em algum momento, por isso é preciso tomar muito cuidado e considerar várias coisas. Seguir um comportamento mais agressivo ou mais diplomático? O quanto arranjar uma briga com um estranho pode compensar? Carregar uma arma é uma boa ideia? E até mesmo, devo considerar violência contra uma criança, mesmo que seja apenas dentro de um jogo?
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A sorte é que espalhados por toda a cidade fantasma estão cartões postais contendo Premonições, que garantem pequenos vislumbres de um futuro que pode ou não acontecer dependendo das suas decisões.
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Porém, elas podem tanto ajudar como atrapalhar, causando aquela preocupação de que um momento horrível pode estar sempre próximo. Algumas das que encontrei realmente só serviram para me deixar apreensiva, pois o destino criado pelas minhas opções foi bem diferente dos pequenos flashs de aviso.
Além disso, também temos os Quick Time Events (QTE para os íntimos), momentos nos quais temos que apertar uma sequência de botões corretamente, são outro fator essencial para o destino dos estudantes e o professor, então é preciso prestar bastante atenção e “ser rápido no gatilho”.
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Mas não é preciso se preocupar muito a ponto de perder o foco no que mais importa aqui: a história. Toda vez que você tiver que escolher uma opção de diálogo ou se preparar para tomar uma ação, terá um aviso antes, seja através da vibração do controle ou um ícone na tela para dar aquela ajudinha a preparar o coração.
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Entretanto, mesmo com os avisos a tensão não diminui, inclusive chega até a aumentar. Alguns QTEs podem causar um nível de ansiedade tão grande que você pode acabar jogando em pé sem perceber, e digo isso por experiência própria!
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Mas vale ressaltar que o divertido é seguir uma das frases enigmáticas do Curador e ser fiel a ti mesmo, pois por ser uma campanha relativamente curta, existe a possibilidade de jogar diversas vezes, escolher personalidades diferentes e ver todos os finais que isso pode trazer.
Eu confesso que na minha primeira jogatina escolhi ser pacífica e gentil o máximo possível, porém o encerramento “bom” foi um tanto anticlimático depois de todo os pequenos ataques cardíacos que tive explorando o mistério por trás de Little Hope.
Lobo solitário ou a união faz a força!
Falando em jogar, um recurso bem interessante de Man of Medan, está de volta em seu sucessor, com três modos que permitem curtir a aventura sozinho (Solo), em co-op local para até cinco pessoas (Sessão de Cinema) ou online para dois jogadores (História Compartilhada).
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O solo é bem legal para manter aquele clima aterrorizante totalmente imersivo, mas reunir os amigos ou a família e ver todo mundo passando medo junto também é extremamente divertido.
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Caso essa opção não seja possível para você durante esta pandemia e não estiver a fim de se assustar sozinho, então vale aproveitar o modo co-op online (mas nada de brigar caso não goste das escolhas do outro jogador, ok?).
Aprendendo com seu antecessor
Algo que merece ser apontado é que desenvolvedora percebeu alguns problemas no primeiro capítulo de Dark Pictures Anthology que poderiam impactar a experiência, e seguindo o ditado de “a prática leva a perfeição” fizeram o máximo para corrigir isto em sua nova empreitada.
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A transição entre as escolhas de diálogos está mais suave, a vibração do controle ajuda muito a não ser pego de surpresa e os avisos dos QTEs também ajudam para não acabar perdendo um personagem porque seu reflexo não foi rápido o suficiente no momento do susto.
O número de câmeras aumentou, as animações e controles de movimentos passaram por aprimoramentos, e ícones de contexto agora explicam o que você pode fazer com um item, o que ajuda a evitar ficar “empacado” no meio da jogatina.
Todos temos nossos demônios
Contudo, todo game tem seus pontos desfavoráveis, e Little Hope não ficou fora dessa. As transições entre as câmeras fixas ainda podem causar uma certa confusão, principalmente ao trocar de um ambiente para o outro, o que muitas vezes me fizeram seguir na direção errada, voltando em vez de avançar para a próxima área.
Além disso, mesmo sendo inspirados em atores reais, alguns personagens ficaram bem estranhos, como é o caso da garotinha Megan, que mesmo sendo inspirada na atriz-mirim Skye Burkett, ficou com as feições um tanto quanto simiescas demais.
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E falando nos nossos protagonistas, algumas partes acabam quebrando o ritmo da jogatina, com conversas muito despreocupadas poucos segundos após escaparem de perseguições intensas, certa falta de emoção ao perder um membro do grupo, ou até mesmo um momento de combate no qual um personagem que deveria estar fugindo ficou simplesmente parado no fundo do cenário.
O bicho vindo e o professor totalmente despreocupado ao fundo. (Fonte: Voxel – Stella/Reprodução)Fonte: Voxel
Entretanto, o maior problema do jogo fica na experiência que ele se esforça tanto para passar: sua história. Existe uma reviravolta muito interessante no final da nossa aventura, mas o problema é a quantidade de buracos que acabam surgindo por causa dela.
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Muitas pontas acabam sem amarrar e certas informações reveladas durante a jogatina podem acabar se tornando extremamente confusas, gerando mais perguntas do que respostas.
Uma jornada assombrosa de superação
Mesmo com seus probleminhas, Little Hope me rendeu uma noite de muito susto e diversão. Os momentos nos quais os grupos se separam ajudam a manter transições mais dinâmicas entre cenários, e em nenhum momento me senti cansada ou confusa durante a exploração.
A cidade inteira era um grande palco macabro, trazendo detalhes importantes para contextualizar o passado sangrento e aterrorizante da época da caça às bruxas. As horas passaram sem que eu percebesse, e cheguei ao fim da jornada já sentindo falta de todo nervoso que havia sentido.
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E como boa fã de terror, eu sempre tento adivinhar o final de filmes e jogos, mas fui surpreendida com o plot twist que realmente não esperava. Com certeza foi uma ótima experiência para aproveitar todo o clima paranormal que surge na época de Halloween e não deixa de ser bem legal para quem simplesmente quer curtir aquele medinho, seja só ou acompanhado.
The Dark Pictures Anthology: Little Hope foi gentilmente cedido pela Bandai Namco para a realização desta análise.
Nota: 80
“Little Hope é uma jornada empolgante sobre superação, mas marcada por todo o horror e desespero dos acusados injustamente durante a caçada às bruxas”
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