Malária: nova vacina de mRNA protege camundongos da doença

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Uma pesquisa publicada em 18 de junho no jornal npj vaccines, da revista científica Nature, afirma ter desenvolvido uma nova vacina contra malária baseada na tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), que protege totalmente contra a malária. Por enquanto os testes fora feitos somente em camundongos.

A expectativa é a de que a vacina possa substituir as terapias existentes e, até o momento, limitadas contra a doença. A esperança vêm após o sucesso de vacinas de mRNA contra a covid-19.

O trabalho é de cientistas das entidades norte-americanas Instituto de Pesquisa do Exército Walter Reed (WRAIR) e do Centro de Pesquisa Médica Naval, em parceria com pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos e da Acuitas Therapeutics – grupo médico canadense.

Nova vacina foi desenvolvida com tecnologia inovadora que funcionou pela primeira vez em imunizantes contra a covid-19.Nova vacina foi desenvolvida com tecnologia inovadora que funcionou pela primeira vez em imunizantes contra a covid-19.Fonte:  Freepik 

Malária no mundo

Em 2019, a estimativa era de 229 milhões de casos de malária e 409.000 mortes em todo o mundo – o que causa uma série de problemas, como altos custos com tratamento médico, altas taxas de mortalidade e dificuldades na estabilidade social. O Plasmodium falciparum é a espécie de parasita que causa a grande maioria das mortes. O risco maior de desenvolver a forma grave da doença é de mulheres grávidas, crianças e viajantes que nunca tiveram malária.

Uma vacina segura e eficaz contra a doença é um grande alvo para os cientistas há tempos. Atualmente, o imunizante mais avançado contra a malária é o RTS, S, produto de primeira geração desenvolvido em parceria com o WRAIR. A tecnologia da RTS, S é baseada na proteína circunsporozoita do P. falciparum, mas embora a vacina seja uma medida impactante na luta contra a doença, estudos de campo revelaram eficácia e duração de proteção limitada – além da necessidade de três doses por pessoa.

As limitações associadas à RTS, S e outras vacinas contra a malária de primeira geração levaram os cientistas a avaliar novas plataformas e abordagens de segunda geração para vacinas contra a malária.

Novas tecnologias contra a malária

A Dra. Evelina Angov, pesquisadora do setor de Pesquisa da Malária do WRAIR e autora sênior do artigo, explicou no estudo qual motivo está por trás do desenvolvimento de um novo imunizante: “Nosso objetivo é traduzir esses avanços em uma vacina segura e eficaz contra a malária” – disse, se referindo aos sucessos recentes das vacinas de mRNA contra a covid-19 (como a da Pfizer).

Vacina contra covid-19 da Pfizer, que carrega a mesma tecnologia, tem cerca de 95% de eficácia.Vacina contra covid-19 da Pfizer, que carrega a mesma tecnologia, tem cerca de 95% de eficácia.Fonte:  Freepik 

“Essas vacinas destacam as vantagens das plataformas baseadas em mRNA – notavelmente design altamente direcionado, fabricação flexível e rápida e capacidade de promover fortes respostas imunológicas de uma maneira ainda não explorada”, explicou Angov.

Assim como a RTS, S, a vacina feita de RNA mensageiro depende da proteína circunsporozoita de P. falciparum para induzir uma resposta imune. Mas, ao invés de administrar uma versão da proteína diretamente, a abordagem usa mRNA acompanhado por uma nanopartícula lipídica que protege o conteúdo da degradação prematura – e ajuda a estimular o sistema imunológico.

O intuito da vacina de mRNA contra a malária é fazer com que as células de quem a recebe codifiquem a proteína circunsporozoita. Essas proteínas, por sua vez, é que irão desencadear uma resposta protetora contra a malária – sem serem capazes, no entanto, de realmente causar a infecção.

“Nossa vacina alcançou altos níveis de proteção contra a infecção por malária em camundongos”, disse Katherine Mallory, pesquisadora do WRAIR e principal autora do artigo. “Embora ainda haja mais trabalho antes dos testes clínicos, esses resultados são um sinal encorajador de que uma vacina eficaz contra a malária baseada em mRNA é alcançável”, encerrou Mallory.

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