Mapa indica novas e velhas doenças que ameaçam o planeta

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O mundo conheceu o infectologista Anthony Fauci quando ele se postou ao lado do presidente norte-americano Donald Trump. Infelizmente, o infectologista que está liderando a batalha contra o novo coronavírus nos Estados Unidos tem duas más notícias: além de ser provavelmente impossível erradicar o vírus Sars-CoV-2, doenças que se pensavam estarem próximas à eliminação da face da Terra estão voltando, e com força total (acima, o vírus da febre hemorrágica de Marburg).

Chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID), Fauci e o imunologista conselheiro da instituição David M. Morens criaram um mapa com as doenças que o mundo atualmente enfrenta, um estudo que ambos publicaram na revista Cell.

Além de novas enfermidades, o mapa mostra que as antigas (como cólera, sarampo, catapora, ebola e difteria) estão ressurgindo com força por todo o planeta. Há ainda condições pouco conhecidas, como aquelas provocadas pelos vírus Akhmeta, Hendra e Bourbon, e inúmeras cepas da gripe influenza, que continua a criar linhagens rapidamente.

Doenças novas e velhas - todas à espera para tomar o planeta com força total.Doenças novas e velhas à espera para tomar o planeta com força total.Fonte:  Cell/Reprodução 

Do animal para o homem

O estudo aponta uma verdade inconveniente: a maior parte das doenças retratadas é composta pelas chamadas zoonóticas, que pularam a linha evolucionária entre os hospedeiros animais e o ser humano. Isso acontece quando os ambientes naturais são invadidos e destruídos, o que faz com que o vírus deixe os bichos e passe a infectar pessoas (como a covid-19).

Outros agentes infecciosos (como o da influenza), por conta da globalização poderão sofrer mutações ao trocar genes com outros vírus, dando origem a novas cepas e se tornado mais letais e virulentos. Segundo os autores, é mais que possível que vírus hoje relativamente inofensivos (como o do resfriado comum) tenham sido responsáveis por epidemias mortais no passado.

Os dois imunologistas alertam que nem sempre um vírus se torna menos letal ou domesticado; mesmo que isso aconteça, demanda mais que o tempo de vida do ser humano.

Testes clínicos na República Democrática do Congo levaram à vacina contra o Ebola.Testes clínicos na República Democrática do Congo levaram à vacina contra o ebola.Fonte:  Ap/Médicos sem Fronteiras/John Wessels 

O mapa considera as doenças provocadas, como o uso de antraz pelo bioterrorismo, indicada no mapa como “doença deliberadamente emergente”. Alguns vírus que assombraram a humanidade até recentemente já tem uma vacina: no caso do ebola, a taxa de mortalidade foi reduzida de 90% para 6%.

Resistência aos tratamentos

Outras doenças, como a gonorreia, voltaram a preocupar, mesmo não sendo letais: as bactérias que a causam estão se tornando resistentes a quaisquer antibióticos.

Pesquisadores têm alertado o mundo sobre a próxima pandemia, e o mapa envia um recado bem claro: não há trégua nessa guerra. Se a humanidade vinha experimentando uma pandemia a cada 20 anos no último século, a última (da gripe H1N1) correu o planeta há 10 anos.

Uma vendedora expõe um macaco junto com outros cortes de carne silvestre em um mercado em Mbandaka, no Congo.Uma vendedora expõe um macaco com outros cortes de carne silvestre em um mercado em Mbandaka, no Congo.Fonte:  AFP/Getty Images/Junior D. Kannah/Reprodução 

“A ciência nos dará medicamentos, vacinas e diagnósticos, mas não há razão para pensar que só isso poderá superar a ameaça das doenças infecciosas. O surgimento da covid-19 é um dos alertas mais intensos que recebemos em mais de 1 século. Devemos começar a pensar sobre como viver em harmonia com a natureza ao mesmo tempo em que nos preparamos para quaisquer surpresas inevitáveis que ela possa nos mandar”, escreveram os autores.

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